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Logan - Um filme emocional e marcante

Não é o típico filme de super-heróis.

Logan não é como os outros filmes de super-heróis. Os filmes de super-heróis contam, por norma, histórias do bem contra o mal, e apesar de haver complicações pelo meio, sabemos que no fim tudo acaba bem. Os heróis aparecem nos seus fatos brilhantes, confiantes, e com um sorriso na cara prontos para salvar o dia. Podem cair ao chão, mas depois levantam-se. Logan descartou por completo esta fórmula para se tornar no filme mais marcante, profundo e emocionante do género.

A escolha para o título do filme não podia ser melhor. Embora Logan esteja inserido na cronologia de filmes iniciada por X-Men Origins: Wolverine, este não é o filme sobre o Wolverine, mas sim sobre a pessoa por detrás deste alter-ego. O filme retrata um futuro próximo, no ano de 2029, em que os mutantes estão praticamente extintos. Logan, mais conhecido como Wolverine, é um dos poucos que restam, mas os seus anos de glória ficaram para trás.

Logo de início, o filme faz um excelente trabalho a mostrar o peso da idade em Logan. Está velho, cansado e bebe em demasia, o que provavelmente não ajuda. Em simultâneo, isto mostra-nos um lado mais humano da personagem, um lado que esteve sempre escondido atrás do Wolverine, conhecido por ser quase uma criatura selvagem, sempre em fúria e imparável. É um lado que raramente conhecemos das personagens que aparecem nas bandas desenhadas de super-heróis. Aliás, a maioria dos super-heróis nunca envelhece.

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A mancar e com garras encravadas, Logan está a planear a sua reforma enquanto conduz uma limusina perto da fronteira com o México. Do outro lado está Charles Xavier, outro membro dos X-Men que não foi poupado pelo passar dos anos. O plano vai por água abaixo quando Logan conhece uma rapariga mutante que está a ser perseguida por um bando de malfeitores. Se conhecem as bandas desenhadas, já devem ter uma ideia do que acontece a seguir. Se não conhecem, não vou estragar a surpresa.

Apesar de Logan não estar na melhor forma, não se enganem, este é o filme mais violento, sangrento e arrepiante da personagem. Embora os filmes de super-heróis normalmente escondam os detalhes explícitos das sequências de combate, Logan não o faz. Não é violência gratuita, simplesmente corresponde ao que seria de esperar de Wolverine. Estamos a falar de uma personagem com garras aguçadas revestidas de Adamantium e com problemas de temperamento. É claro que vai haver cabeças a rebolar pelo chão.

A dinâmica entre Logan e Laura é emocional, mas também tem momentos cómicos.

Logan é um filme de acção, mas também é um drama e, certas partes, até podem ser consideradas como de terror ou suspense. Quando Logan simplesmente não consegue lidar com situações que anteriormente não seriam problema, não conseguimos deixar de sentir pena e compaixão. Hugh Jackman faz aqui a sua melhor prestação na pele da personagem. Ao longo de nove filmes (separados por 18 anos) Hugh Jackman sempre provou ser a escolha acertada para vestir a pele de Wolverine, mas depois deste filme, também provou que consegue vestir muitíssimo bem a pele de Logan. A personagem nunca foi tão humana e sentimental.

"Logan prova que o mundo das bandas desenhadas pode dar mais frutos do que filmes de acção desenfreada"

Hugh Jackman não é o único actor que merece prestígio pelo papel interpretado. Patrick Stewart, no papel de Charles Xavier, mostra também um faceta nunca antes vista, irritando-se e dizendo palavrões como se não fossem nada. Apesar das divergências entre Logan e Charles Xavier, que já vêm de filmes anteriores, a união entre os dois nunca foi tão forte e evidente. Ambos perderam ente-queridos, sofreram imenso com o passar dos anos e praticamente só se têm um ao outro. Seria criminoso não destacar também a prestação de Dafne Keen no papel de Laura, a criança mutante que vem estragar os planos de Logan para uma reforma tranquila.

Já sabemos que Logan é a última vez em que Hugh Jackman interpreta o papel da personagem. É um final satisfatório para uma jornada iniciada há 18 anos com o primeiro filme dos X-Men. Os filmes tiveram altos e baixos, e nem sempre estiveram de acordo com as expectativas dos fãs, mas Logan encerra a história da personagem em alta. O final é esperado, mas não deixa de ser memorável. Acima de tudo, Logan prova que o mundo das bandas desenhadas pode dar mais frutos do que filmes de acção desenfreada com os mesmos clichés de sempre. Que venham mais filmes assim.

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