London 2012: The Official Video Game of The Olympic Games - Análise
O regresso da chama olímpica.
Após um regresso a "casa" em 2004, a Atenas, onde tudo começou e com passagem seguinte, em 2008, por Pequim, a maior competição desportiva que junta todos os continentes ao longo de três semanas está de volta a território europeu, mais precisamente à capital de Inglaterra, a sempre apetitosa Londres. É um regresso ao velho continente numa altura marcada pela dificuldade financeira vivida por algumas nações. Felizmente não é o caso de Inglaterra que está a preparar uma edição tão ou mais memorável que a última. Os Jogos Olímpicos da antiguidade eram celebrados com grande pompa e circunstância, de tal modo que mesmo as nações em guerra suspendiam o combate para celebrar e honrar a tradição dos jogos. De certo modo é esse o espírito que preside a partir do momento que é acesa a chama no estádio olímpico, a imagem derradeira da celebração. Até ao último dia dos jogos todas as nações convocadas convivem sob o mesmo lema; superação individual e coletiva e competição.
O exercício do corpo humano até ao seu limite, dentro de um extenso recorte de eventos desportivos oferece sempre um grande impacte televisivo. Recordes caem, novos máximos mundiais e olímpicos são atingidos, atletas emergem como figuras dominantes e logo se perpetuam como lendas. Ao longo de três semanas; suor, lágrimas e muita emoção constituem o culminar de uma temporada de esforço e dedicação. No fim, só um número restrito e privilegiado de atletas consegue subir ao pódio, sendo ainda mais fechado o grupo daqueles que conseguem escutar o seu hino nacional. Porém, chegar aos jogos é já por si uma conquista de mérito incontornável. No caso português, para uma nação que oferece uma manta tão curta de atletas federados por comparação com outros países, impressiona pensar em façanhas como as de Rosa Mota, Carlos Lopes e mais recentemente Nelson Évora e Naide Gomes. Outros atletas estarão a representar o país, na sua maioria desconhecidos do grande público e sem contarem com o mínimo de atenção que a nossa comunicação social emprestou aos escolhidos de Paulo Bento para o Euro 2012.
Eu vou muito com a bola mas não embarco em euforias e paralisias cerebrais a reboque dos media da nossa praça. Perdoem-me mas é nos Jogos Olímpicos que está a verdadeira chama desportiva. E talvez por isso é que gastei mais algumas palavras do que tinha inicialmente em mente como introdução para esta análise. O jogo é o oficial dos jogos de 2012 (o título é demasiado amplo para o colocar aqui na íntegra, daí que doravante me refira ao jogo apenas como Londres 2012), mas como só haverá outra edição em 2016, percebam que é muito tempo e como o público alvo desta proposta editada pela Sega será maioritariamente uma audiência fã desta prova, é quase uma tradição fazer este reconhecimento prévio. No fundo, mais do que uma edição jogável, Londres 2012, o videojogo, funciona como um manual reforçado, ilustrado, interativo - naturalmente -, mas sobretudo bastante autêntico das provas que integram os jogos, servindo como auxiliar de acompanhamento das provas que arrancam dentro de sensivelmente duas semanas.
A difusão das provas para lá do estádio olímpico implica que haja não só uma cidade olímpica onde ficam alojadas as delegações e os respetivos atletas, mas também outros centros desportivos assinalados por estádios e estruturas adaptadas ao tipo de prova. A reprodução desses elementos está completamente assinalada em Londres 2012. Do estádio olímpico, passando pelas secções de água, campos de tiro, salões e tanques de água, há aqui uma boa oferta da esmagadora maioria das provas que integram os jogos. São sete divisões de provas; ginástica, arco, tiro, salto, natação, campo, pista e outros. Enquanto que em Mario e Sonic nos jogos olímpicos, existe uma descrição menos realista das provas, já Londres 2012 revela um óptimo trabalho de caracterização, acrescentando mais realismo, sobretudo visual, a cada uma das provas.
Não restam dúvidas que a Sega (Studios Austrália) fez um trabalho muito digno. É notório que houve esforço em diferenciar ao máximo cada prova. Aplaude-se a iniciativa de enquadramento e ajuste dos botões a pressionar em função do tipo de prova. Se estão a pensar nos jogos mais antigos em que eram obrigados a pressionar até à exaustão certos botões através de combinações bastante similares, neste jogo a prova que mais se aproxima desse modelo de jogabilidade é o levantamento do peso. Para segurar a barra em cima da cabeça durante o tempo designado têm de premir com grande cadência o botão X. E isso será tão mais difícil de conseguir quanto mais peso colocarem na barra.
E depois há outro ponto que torna a jogabilidade mais interessante e menos programada. Para cada prova, a interação processa-se por diferentes fases. Ainda no caso do levantamento do peso para homens, acima dos 150 kg, depois de agarrarem a barra devem formar a aquisição de força através de um processo interativo, e transportá-la para cima da cabeça premindo os dois botões analógicos dentro da sequência temporal indicada no ecrã.
O mesmo sucede no salto para a água. Qualquer que seja o grau de dificuldade que venham a escolher para o salto, há sempre três ordens de comandos apontadas às diferentes fases do salto. Num primeiro momento há que projetar o corpo, executar as manobras de rotação (que serão mais ou menos exigentes de conseguir dependendo da seleção tida momentos antes) premindo os botões dentro de uma ordem e preparar a entrada na água, pressionando o analógico esquerdo para a esquerda ou direita de modo a que o corpo assuma uma posição vertical. Algumas vezes a entrada na água corre muito mal em virtude de não se saber muito bem se a cabeça está apontada para a direita ou esquerda, já que a perspetiva lateral não nos permite saber como será a entrada na água e, como tal, sobra menos tempo para corrigir a posição do corpo.