Lost
Perdido, mas não da maneira que deveria!
LOST, nome que significa muito para milhões de fieis seguidores de uma séria televisiva que já se tornou num mito. Um enredo envolvente, uma trama sem fim, paisagens paradisíacas e uma sensação isolamento, fazem desta série um sucesso a nível planetário.
Em LOST: Via Domus a Ubisoft tinha pela frente uma tarefa colossal, pois muitas das tentativas de adaptar filmes ou mesmo serieis televisivas para um videojogo raramente são coroadas de sucesso. No jogo não iremos encarnar nenhuma das personagens existentes na série. A Ubisoft resolveu criar uma nova personagem, um fotógrafo de seu nome Elliot, numa tentativa de criar no jogador a sensação de que é parte integrante da série. O jogador passa assim a ter uma perspectiva completamente diferente de todo o enredo, como se estivéssemos a assistir ao vivo o desenrolar de toda a trama.
O jogo tem início com um vídeo, onde Elliot se encontra sentado a bordo do fatídico voo 815 da Oceanic. Após o desastre Elliot acorda no meio de uma selva rodeado de alguns objectos provenientes do avião. À medida que vai caminhando ele tem algumas visões, fruto de uma pancada que teve na cabeça que também lhe provocou amnésia. Por fim encontra uma mulher, que lhe faz lembrar alguém, é neste momento que temos o primeiro flashback, uma constante na série e que também foi transportada para o jogo. Durante o flashback Elliot terá que desvendar alguns enigmas com a sua câmara fotográfica para reavivar a sua memória.
Todo o jogo tem como base a perda da memória por parte do nosso personagem. À medida que progredimos Elliot vai recuperando a memória graças aos diversos flashbacks e com a ajuda das outras personagens a quem passamos a vida, sim passamos a vida mesmo, a fazer perguntas. Apesar de no início ser até um pouco interessante, com o passar do tempo torna-se penoso e um pouco chato. A quebra do ritmo de jogo é uma constante com todos estes diálogos, tornando-se num jogo muito repetitivo e demasiado linear.
Em LOST: Via Domus teremos que interagir com os vários personagens presentes na série, procurando sempre pistas que nos ajudem a descobrir quem realmente somos. Teremos que desvendar enigmas, ajudar em certas ocasiões alguns dos sobreviventes, procurar objectos, fazer reparações e por aí fora. Ao longo da aventura vamos apanhando objectos que se revelam bastante valiosos. Podemos encontrar desde garrafas de água, barras de chocolate e frutos existentes na ilha entre outros. Todos estes objectos são importantes, pois com eles podemos negociar com o resto dos sobreviventes e adquirir o que mais desejarmos como por exemplo uma arma ou uma tocha para nos iluminar nas cavernas.
Apesar de um bom enredo, de uma paisagem deslumbrante e da presença das famosas personagens da série, LOST: Via Domus não consegue, nem de perto, alcançar a qualidade da série televisiva. Todo aquele fascínio da série é “perdido” com o passar do tempo e a monotonia instala-se. A constante repetição de tarefas como exemplo a exploração de grutas, puzzles e diálogos monótonos criam uma sensação de que nos encontramos realmente “perdidos” no meio de tanta repetição.
Em relação à exploração propriamente dita, ficam desde já a saber que tal não será possível. A liberdade de movimentos, que seria de esperar num jogo deste género, é deveras frustrante. O jogo é simplesmente demasiado linear e poucos são os locais que teremos a liberdade de explorar. É desolador chegar a um determinado sitio, e depararmo-nos com barreiras invisíveis que não nos permitem avançar.
Um dos pontos mais fracos em LOST: Via Domus é sem dúvida a nível gráfico. Esperávamos mais a nível visual depois de jogos como Uncharted onde a qualidade gráfica era de por nossos olhos em bico de tanta beleza. Em LOST: Via Domus nada disso acontece, logo no início deparamo-nos com um jogo que muito pouco parece ter da nova geração. Texturas muito pouco detalhadas, pouca limpidez na imagem e bastantes quebras de fluidez. Mas nem tudo é mau a nível visual, destacamos pela positiva bons efeitos de luz, um ambiente nocturno bem conseguído e uma boa recriação da selva.
Em termos de jogabilidade propriamente dita não podia deixar de referir a enorme rigidez de movimentos do nosso personagem. Pouca fluidez no que toca ao seu controlo parecendo por vezes que estamos a controlar um robot.
Um dos pontos mais positivos em LOST é a nível sonoro. Boa qualidade nas vozes dos personagens e um bom som ambiente onde realmente nos sentimos envolvidos por o que nos rodeia. Temos mesmo a sensação que estamos perdidos numa ilha remota.
LOST: Via Domus tinha tudo para ser um grande jogo, mas não o é. Muito ficou por fazer e a Ubisoft certamente que sabe disso. Temos a sensação que o jogo tinha muito mais para nos oferecer e com mais alguma dedicação teríamos aqui um jogo digno do nome que enverga. Como jogo LOST “perde-se” por uma tremenda falta de empenho, todo o potencial que a série televisiva tinha, e tem, foi desperdiçado.
Para os fãs da série este jogo não deixa de ser uma boa comprar pois temos a possibilidade de “contracenar” com as personagens e “fazer parte” de uma das séries mais vistas em todo o mundo. Para o jogador mais Hardcore LOST é muito pouco desafiador e tremendamente repetitivo.