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Luke Cage, mais uma série cativante de super-heróis na Netflix

Estará ao nível de Jessica Jones e DareDevil?

Depois da febre dos filmes de super-heróis, que promete continuar forte nos próximos anos, eis que agora temos em mãos a febre das séries de super-heróis. Se há companhia que se tenha destacado neste empreendimento, é certamente a Netflix. Pegando em nomes menos conhecidos do universo da Marvel como Daredevil e Jessica Jones, a Netflix adaptou as histórias destas personagens para o formato episódico das séries e até agora os resultados têm sido positivos. Tanto Daredevil como Jessica Jones tiveram uma recepção calorosa e já têm mais temporadas confirmadas. Hoje é a estreia de mais uma aposta da Netflix neste género, Luke Cage.

Luke Cage é mais uma personagem da Marvel praticamente desconhecida entre público geral e ofuscada pelos super-heróis que brilham nos ecrãs do cinema. No entanto, só porque não é popular, não significa que Luke Cage não tenha nada positivo para oferecer, pelo contrário. Esta nova série é mais uma prova que a Netflix consegue pegar em histórias pouco conhecidas e torná-las cativantes. Mas antes de mais, um pouco de contexto. Luke Cage foi originalmente criado na década de 70 durante o auge do Blaxploitation, um género de filmes criados para agradar à audiência afro-americana mas que eventualmente acabaram por agradar a um público mais vasto.

Embora a série de Luke Cage seja uma história de origem e se baseie nas bandas desenhadas, a versão que temos aqui da personagem é mais sofisticada, e ainda bem. O traje original de Luke Cage foi completamente descartado, pois já não se adequa aos padrões actuais, e o seu slogan, "Sweet Christmas", praticamente não aparece na série. Se assistiram a Jessica Jones, então já conhecem Luke Cage, que apareceu regularmente na série. No entanto, a história de origem de Luke ainda não foi contada, e é essa lacuna que esta primeira temporada veio colmatar. Cronologicamente, Luke Cage decorre depois da segunda temporada de DareDevil, mas antes da primeira temporada de Jessica Jones.

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As habilidades de Luke Cage são o seu corpo à prova de bala e super-força. Em Jessica Jones já tínhamos algumas demonstrações dos seus poderes, mas nada a este nível. Como outros super-heróis, Cage não nasceu com estas habilidades. Não nos é relevado logo no início de onde vem os seus poderes, a explicação só surge uns episódios depois numa introspectiva. A série começa com um ritmo lento, sem mostrar de imediato todas as cartas. Nesta fase Luke Cage não assumiu o papel de super-herói e ainda está a encontrar o seu lugar na sociedade, receando usar as suas habilidades. Eventualmente Cage ganha confiança e começa a usar os seus poderes, mas o que sobressai mais da série não são as sequências de acção, mas sim as fortes personagens.

"A série começa com um ritmo lento, sem mostrar de imediato todas as cartas"

O que salta logo à vista é a forte personalidade que a série emana, recorrendo a uma maravilhosa banda sonora típica dos filmes Blaxploitation para criar atmosfera para as cenas mais intensas. Mike Colter é perfeito para Luke Cage, mas arrisco dizer que Mahershala Ali é ainda melhor no papel de Cornell Stokes (também conhecido como Cottonmouth), um gangster e rei do crime no Harlem. Os dois actores têm uma química fantástica e fazem faísca sempre que as personagens se encontram na série. Embora Cottonmouth seja o típico vilão, interessado apenas no poder e disposto a fazer de tudo para o manter, Mahershala Ali dá uma dimensão extra à personagem. Consegue ser odiável, carismático e por vezes até sentimental.

Luke Cage é destemido, ou como diriam os norte-americanos, é um badass. Não há nada melhor do que ver Luke Cage a continuar a caminhar normalmente enquanto estão a disparar contra ele. Melhor ainda, quando chega à beira do seu adversário dobra-lhe o cano da arma como se não fosse nada. Nos primeiros episódios quase que até temos pena dos capangas de Cottonmouth. Luke Cage é como se fosse um comboio e nada o consegue parar. Os combates não são tão elaborados como em DareDevil, mas estão melhor coreografados do que em Jessica Jones, se bem que na maioria das vezes os confrontos são bastante curtos devido à super-força de Luke Cage. Ainda assim, e sem entrar em detalhes, posso adiantar que existem cenas de acção mais longas em que Luke Cage mostra o que vale.

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Inserida no Harlem, um dos bairros de Nova-Iorque, a série Luke Cage tem muita influência da cultura afro-americana, aliás, grande parte das personagens são da raça negra (o que é normal, sabendo que o Harlem tem uma grande população afro-americana). É daqui que vem grande parte da personalidade da série e o que a ajuda a ter uma proposta diferente de DareDevil e Jessica Jones, ainda que influências destas séries sejam visíveis. Importa esclarecer que, mesmo estando no mesmo universo de DareDevil e Jessica Jones, podem desfrutar de Luke Cage sem terem assistido a nenhuma das duas.

No final de contas, Luke Cage é mais uma série de super-heróis com todos os clichés que isto implica. Mas para quem gosta do género, ou para aqueles que querem ficar a conhecer este universo vasto e confuso de super-heróis, Luke Cage é uma boa proposta. Personagens marcantes e uma narrativa cativante, ainda que um tanto pautada, são os seus pontos fortes. Também nos mostra uma versão muito mais refinada de Luke Cage adaptada para a modernidade: forte, confiante, inteligente e perspicaz. É uma adaptação que merece ser vista pelos fãs do género e que mais uma vez demonstra a qualidade a que a Netflix nos habituou com DareDevil e Jessica Jones.

Luke Cage estreia hoje no Netflix. Este artigo foi escrito com base em acesso antecipado a sete episódios da série.

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