Mad Riders - Análise
Estas motas são do futuro.
Com Mad Riders os estúdios polacos da Techland voltam a sentir-se familiares dos longos percursos invadidos de uma composição tropical, talvez como reflexo das influências movidas por Dead Island, que constituem, mais uma vez e depois do desapontante Nail'd uma oportunidade para refazer as corridas de quads, as motas de todo o terreno. Mad Riders é essencialmente um jogo de velocidade frenética e todo muito ambiental. A competição feroz, na sua maioria, acaba por ser um confronto com a natureza dos percursos, capacidade de aplicar "power ups" e com a capacidade de nos superarmos, ao andar o mais depressa possível. O confronto com os adversários torna-se meramente secundário e circunscrito à tabela final.
Pelo meio a sensação de ultrapassagens é aparente. Damos conta disso quando olhamos para a classificação e percebemos que estamos atrasados. Torna-se necessário cometer menos erros, encontrar mais alguns percursos alternativos, recolher o máximo de power ups disponíveis e garantir algum espectáculo reproduzindo manobras de "stunt", que servem de ponto de partida para mais algum estilo.
É verdade que Mad Riders impressiona mais pelo estilo do que pela substância. As paisagens e redutos de competição são locais colossais, autênticos destinos paradisíacos que se prolongam por altos e baixos à semelhança de uma montanha russa. De resto, sem o "havoc" de Split Second sobra pouco quando temos tudo explorado e vamos percebendo que jogando mais provas estamos apenas a descobrir variações de uma mesma pista. Além disso a resolução das texturas não é tão favorável como daquela que é uma das séries baluartes da geração; Motorstorm.
No terreno Motorstorm é mais físico, visceral, mais motorizado e remete o jogador para trilhos virtuais de lama, terra e pedra, superfícies que traduzem uma reacção na máquina, sem perder de vista imprescindíveis noções de velocidade e grandiosidade de cenários. Ora é a partir daqui que distinguimos imediatamente o que é um jogo bom de um jogo mediano que consegue divertir - desde que o jogador se dedique -, sem nunca chegar a surpreender. Mal apertamos o gatilho do acelerador fica a nítida sensação de que estamos a imprimir velocidade à perspectiva de jogo, à câmara e nunca à moto. Em curva a sensação de física e resistência é inexistente. Como que basta orientarmo-nos para a direita ou esquerda que "o jogo" faz o resto. Nem um pião, nem um capotanço, nem um embate que dê uma sacudidela (salvo colisões directas em postes ou paredes), nem um ressalto, nem uma indefinição por algum excesso. Ao lado de Mad Riders jogos arcade de outras praças são autênticos simuladores A sensação que tenho ao conduzir estas motos é a mesma de um Wipeout, com a diferença de que estas máquinas têm quatro rodas e um piloto sentado em cima, pouco convencional para uma aeronave.
Pelo caminho uma data de "power ups" e um convite às acrobacias. Coleccionar uns e fazer manobras espectaculares são requisitos determinantes para obterem a pontuação máxima que vos dá estrelas imprescindíveis para desbloquear o torneio seguinte e pontos. Não precisaria de dizer que a dificuldade aumenta gradualmente à medida que desbloqueiam novos torneios, ainda que em contra partida vos sejam disponibilizadas motas potentes. O vosso nível também sobe com os pontos acumulados. Conseguem desbloquear provas adicionais, fazer novos stunts, desbloquear trilhos secretos e aceder a novas motas. O jogo garante assim uma progressão aprazível, embora previsível e já repetida por outros contendores. Pouco oferece de novo, ainda que a oferta seja suficiente para vos manter interessados em seguir em frente até se fartarem do ciclo repetitivo.
Depois da condução os elementos básicos de Mad Riders são a recolha de "power ups" e as acrobacias. Os "power ups" garantem "boosts" de velocidade suplementar e desbloqueiam passagens secretas e alternativas. As acrobacias implicam que possam rodopiar a moto para os lados ou então fazer mortais consecutivos. Em Mad Riders tudo é épico, colossal e da natureza do sobre humano. Saltarão de zonas ultra elevadas usando rampas ou secções de lançamento. Próximo do ponto de aterragem há um alvo e acertando em cheio ficam disponíveis mais alguns "boosts". A sensação de velocidade é boa e umas vezes é tanta a velocidade que chegam a perder o domínio da mota de encontro a paredes e outros objectos flutuantes. Cada embate implica uma paragem da acção e um "respawn" mais adiante com consequente perda de tempo.
Nada de danos na mota, nada de sentir a fúria do embate. Tudo o que nos resta é seguir desalmadamente por um percurso com pequenos pontos de fuga que nunca chegam a funcionar como grandes secções alternativas, procurando manter o máximo possível a moto dentro do estreito segmento. As pistas divergem suficientemente entre si e as provas não são todas iguais. Há time trials, corridas com 3 voltas, pontuações máximas, arenas (os pilotos devem chegar primeiro a um ponto assinalado na pista) e stunts, provas estas que podem ser utilizadas para vários jogadores em rede.
O multiplayer é previsível. Decorre sem grandes problemas de latência, permite que até 12 jogadores entrem para a competição e podemos receber convites durante a nossa participação nas provas individuais, bastando premir o botão lateral esquerdo do d-pad. As opções são escassas e tanto podemos participar num grupo como definir as regras através de uma sala criada para receber pessoal da friend list.
Ainda não é desta que a Techland dará um pontapé ao que correu menos bem em Nail'd. Mad Riders perfilha muitos dos problemas do jogo anterior e revela-se um jogo altamente previsível, sem grandes motivos para se destacar e com uma jogabilidade arcade pouco ou nada aliciante. É possível dar uma chance a Mad Riders. Manter o interesse por mais do que algumas horas é que será complicado. Sem nunca convencer, não tem erros graves (salvo ficar preso no cenário de forma inesperada ou acontecer "respawn" quando ainda podíamos guinar para o ponto certo de aterragem) mas nunca chega a destacar-se do que outras dezenas de contendores oferecem ou já promoveram.