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Máquina do tempo - Demon's Crest (Virtual Console 3DS)

Firebrand: de vilão a herói.

É graças a títulos como Demon's Crest, Super Ghouls'n Ghosts, Super Castlevania IV que muitos olham para a Super Nintendo como uma consola especial da época 16 bit. No fundo uma boa sucessora da NES que colheu grande parte das produções arcade da época, através de versões bem conseguidas, como ainda foi brindada com um naipe de títulos originais e "first party" de comprovada qualidade. Não falta mesmo quem veja com bons olhos uma reedição do formato mini SNES, em tudo similar ao que a Nintendo fez com a NES, uma consola que no fim do ano passado tocou o céu no Japão e um pouco por todo o mundo, esgotando dias após a colocação no marcado. Com uma mini SNES tudo se repetirá.

A acontecer, Demon's Crest terá que ser um dos jogos forçosamente presentes. Não é possível imaginar a mítica consola da Nintendo sem Firebrand, uma das personagens que ora funcionava como boss (Super Ghouls'n Ghosts), fazendo a vida negra de todos os que guiavam Sir Arthur até à princesa, ora como protagonista nas aventuras de Gargoyle's Quest (um bom jogo para o GameBoy) e Demon's Crest. Mas se na consola portátil a aventura representou um misto de role play com a tradicional componente de acção em plataformas, em Demon's Crest a gárgula medonha foi conduzida a uma espécie de nível superior, ao melhor da produção da Capcom, estávamos em 1994.

Nessa época a Capcom liderava produções arcade como poucas e nas consolas, ainda antes da entrada em força da tecnologia tridimensional, era uma das produtoras que explorava ao máximo os jogos a duas dimensões, fossem "shmups", jogos de acção e plataformas ou jogos de luta. Alguns dos títulos mais memoráveis de sempre são da autoria da Capcom. O que acontece depois de Resident Evil é outra história, mas até lá, há que contar com uma mão cheia de categóricos jogos 2D, sendo Demon's Crest claramente um deles.

Demon's Crest, lançado em 1994 para a SNES. Um clássico de culto 16 bit e um dos melhores títulos da Super Nintendo.

Mas na comparação com Super Ghouls'n Ghosts acaba por se tornar num jogo menos mediático, embora nem por isso menos procurado. Ao sair no momento final da SNES (o jogo é de 1994), sem qualquer versão arcade e em quantidades algo limitadas, depressa caiu no goto de alguns e ficou à margem dos "packs" e "bundles", tão bons para promover a consola e o jogo. Na verdade, Demon's Crest acabou promovido diante de um grupo estrito de jogadores pelas suas qualidades. É caso de se dizer que quem aproveitou e o conseguiu a preço de lançamento, se ainda tiver a caixa com manual em bom estado, é possuidor de uma significativa fortuna. Trata-se de um dos jogos mais procurados e não falta quem esteja disposto a pagar uma boa soma pelo produto completo.

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Os puristas não perdoam, mas se não vos incomoda ter uma versão digital e legítima, a versão acabada de chegar à Virtual Console da Nintendo 3DS é uma óptima oportunidade para jogarem Demon's Crest em qualquer lado. Eu adoro Super Ghouls'n Ghosts. Há uns anos consegui o jogo com a caixa e o manual para a SNES ainda a um preço razoável. Como devem saber, este jogo é uma versão remasterizada da arcade, com melhores gráficos e um redesenho dos níveis muito interessante. A sua dificuldade não é para todos e muitos acabarão por desistir antes de verem o final. Mas Demon's Crest é um jogo diferente. Ainda que tenha umas certas semelhanças com a jogabilidade com as aventuras de Sir Arthur, oferece mais poderes à personagem principal e isso afecta a forma como interagimos com os inimigos. Os níveis são em menor número mas em contrapartida Firebrand adquire vários poderes e habilidades, através das Demon's Crest, umas pedras que podem ser seleccionadas a todo o instante, mudando a habilidade do herói. Como resultado temos um maior leque de opções à nossa disposição. Seja através de ataques em voo ou ataques corporais, com a nuance de alguns deles retirarem certas vantagens como a suspensão aérea no último ou a impossibilidade de se agarrar às paredes quando as suas asas funcionam a toda a extensão. Isto torna os níveis mais interessantes, forçando uma adaptação de poderes consoante os inimigos e bosses que vamos encontrando.

O jogo começa com uma boss fight. O design de Demon's Crest é impecável. Capcom no seu melhor.

Ao mesmo tempo, o arsenal à disposição de Firebrand é bastante significativo, como as bolas de fogo e os mini tornados. Este esquema, significativamente mais complexo, poderá à partida deixar desorientados alguns jogadores, até porque nem sempre são explicados os efeitos dos poderes e das armas disponibilizadas, assim como certos objectos relacionados com a saúde do herói. Mas é um jogo com uma dimensão artística fantástica e uma introdução invulgar, quando começamos a jogar como se fosse pelo fim, isto é, contra um boss. Em certos momentos Demon's Crest parece superar até Super Ghouls'n Ghosts. A música como que a soar a órgão de igreja cimenta ainda mais a vertente aterradora e demoníaca que perpassa aquele mundo absolutamente gótico e pleno de magníficos "sprites" 2D que a Capcom produziu com tanto esmero. Pena, de resto, que uma produção tão cuidada e especial tenha sido conduzida ao mercado em tão poucas unidades, caindo nas mãos de uns sortudos. Se são fãs de Ghouls'n Ghosts e Gargoyle's Quest, Demon's Crest espera por vós, seja em formato Virtual Console Wii U, seja em formato portátil Virtual Console Nintendo 3DS.

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