Máquina do tempo: O que estava a jogar a Julho de 2007
O primeiro Verão da PlayStation 3.
Tendo chegado à Europa em Março de 2007, a PlayStation 3 marcava a entrada da Sony na atual geração de consolas caseiras. Depois de um lançamento por fases que gerou controvérsia, especialmente devido ao atraso na Europa, os primeiros meses da máquina no nosso continente foram de verdadeiro fascínio a nível pessoal. Ver a reação das pessoas à sua chegada, os desejos e votos dos fãs, assim como as reações da concorrência foi algo de extremo fascínio e interesse. Se no Verão anterior desfrutava de renhidos combates na consola Microsoft, o Verão de 2007 levou-me para perto da PlayStation 3 e depois de um bom mês passado em redor de MotorStorm, chegou a hora de em julho investir no que era um dos pontos altos da segunda linha de títulos na consola, Rainbow Six Vegas da Ubisoft.
Desde já que tenho que confessar que o online gratuito e a curiosidade de testar o comportamento do serviço fornecido pela Sony foram os principais motivos para a compra desta versão. Claro que não me posso esquecer de mencionar toda uma nova comunidade que estava a conhecer centrada nesta consola e com a qual passei imensas noites de tiros e até com alguns torneios pelo meio. Foram horas de vício em redor da componente multijogador online que penso estar perante um dos poucos jogos em que o modo para um jogador praticamente ficou para segundo plano, mas que mesmo assim agradou.
Depois de Ghost Recon Advanced Warfighter, e especialmente da sua sequela que chegou em 2007, a marca Tom Clancy da Ubisoft desfrutava de enorme força e prestígio na altura deste novo R6V e enquanto alguns preferiam manter-se em redor de Resistance, o grande FPS exclusivo da Sony para o lançamento da consola e a entrada que cumpria com uma das maiores necessidades do momento, um jogo de ação na primeira pessoa, outros pretendiam algo novo e diferente, mais real e credível, enquanto ao mesmo tempo iam medindo forças e comparando experiências com o que os donos de consolas rivais iam gabando.
Quando comprei o jogo comecei logo pela campanha para um jogador, para aprender os básicos da experiência e tentar perceber como era esta abordagem mais tática ao género FPS, não fosse este considerado um Tatical First-Person Shooter. Pode parecer algo banal atualmente mas há cerca de 5 anos atrás os FPS ainda estavam a caminho do seu gigante poderio e cada novo jogo no género era visto com imensa curiosidade. R6V destacava-se pelo seu ritmo mais pausado e por oferecer uma experiência credível e real nas consolas, o que rapidamente conquistou os mais dedicados.
Após uma breve sequência introdutória, a Ubisoft Montreal leva o jogador para a cidade mencionada no nome e para um memorável assalto a um casino no qual temos que salvar uns reféns. Aqui o jogador ia sendo introduzido às mecânicas de jogo e aos diferentes parâmetros que iam ditar se era bem sucedido ou não. Algo que desde logo o jogador ia descobrir era que estava verdadeiramente em pleno enredo da chancela Tom Clancy, ou seja, muitas viravoltas e muitos momentos intensos com política metida pelo meio. Algo que também desde logo se ia aprender era que a inteligência artificial era mesmo boa e que ia ditar uma experiência feroz e envolvente. Depois tinha ainda aquele fascinante momento em que o personagem se encostava a um ponto de cobertura e a visão passava para a terceira pessoa, voltando à primeira para disparar.
"R6V destacava-se pelo seu ritmo mais pausado e por oferecer uma experiência credível e real nas consolas, o que rapidamente conquistou os mais dedicados"
Apesar de tático e exigente, o jogo conseguia um ritmo interessante e um tom bem dinâmico, o que fazia com que o jogador ficasse envolvido e sentia que um erro era mesmo da nossa responsabilidade e que era pago bem caro. Cinemático e tático, são dois adjectivos que mais facilmente atribuo a R6V e penso que os bem merece. Alguns momentos, como o do referido casino e o assalto ao liceu foram alguns momentos que ficaram na memória e cada nova sala imprimia suspense e mesmo perante um jogo ficava uma sensação de consequência perante as nossas ações. Tudo isto sem a momento algum se esquecer que era um videojogo e acima de tudo tinha que divertir.
Personalizar os nossos personagens, com classes específicas e itens de proteção específicos escolhidos pelo jogador, contornar e suplantar a inteligência artificial enquanto se viajava por cenários criados com uma vertente mais épica, mas ao mesmo tempo coesos, eram alguns dos encantos do jogo. A sua funcionalidade cooperativa na campanha também o ajudou a ganhar bastantes pontos e convém de novo relembrar que nesta altura tudo isto era ainda muito recente e muito inovador. Um jogo permitir que dois jogadores partilhassem a mesma campanha ao mesmo tempo causava mesmo furor, enquanto agora é um dado adquirido.
Atualmente R6V pode transparecer como um jogo desactualizado e desfasado mas não tenham quaisquer dúvidas, na sua altura foi um expoente máximo no que dizia respeito à diversão e apelo ao empenho por parte do jogador. As comunidades Xbox 360, PC e PlayStation 3 juntaram-se em redor do jogo da Ubisoft e grande parte disso deveu-se ao seu modo para vários jogadores que iam proporcionando noitadas ao bom estilo que só os videojogos podem oferecer.
Grandes jogadores conheci graças a este jogo e a responsabilidade foi de toda a experiência de jogo tática oferecida por este FPS. Modos banais como Todos Contra Todos Equipas, Todos Contra Todos ou Captura de Bandeira eram levados a um novo e viciante expoente devido a toda uma carga dramática que a jogabilidade imprimia, o jogador sentia mesmo que não queria cometer erros e que um risco desnecessário podia custar caro. A experiência dos mais dedicados facilmente vinha ao de cima e estes eram premiados quer por um comportamento estudado e planeado ou então pela dedicação ao conhecimento dos mapas e correta forma de armadilhar e delinear as rotas ao longo dos mapas.
Foram grandes e divertidos momentos passados neste Verão com a PlayStation 3 e a comunidade dedicada que em boa hora decidiu apostar neste jogo. Pena que a versão para a consola Sony tenha sofrido de um maior número de problemas e que tecnicamente se tenha apresentado inferior às rivais, mas nem isso o impede de ser um grande jogo e uma boa proposta para todos que queiram conhecer algo diferente e que provavelmente continua igual a si próprio mesmo passados 5 anos.