Mario and Sonic at the Rio 2016 Olympic Games - Análise
Reverso da medalha.
Caminhamos a passos largos para novas olimpíadas. Quatro anos depois da chama olímpica se extinguir em pleno estádio olímpico, em Londres, uma nova chama percorre por esta altura o planeta antes de entrar no Brasil, país organizador. A viver uma das maiores convulsões políticas de sempre, motivada por uma série de casos de corrupção que atingem a cúpula da chefia, nada poderá no entanto travar a realização do maior evento desportivo mundial.
Inúmeros atletas, entretanto qualificados, pensam já no desfile marcado para o dia de abertura, seguramente um momento único e de inesquecível felicidade das suas vidas, depois do suor derramado, enquanto que muitos ainda se esforçam por alcançar um mínimo que lhes dê o bilhete de partida para o Brasil. De malas feitas para o Rio estão já Mario e Sonic, outrora dois grandes rivais da geração 8 e 16, e agora mascotes do mesmo jogo. Mario & Sonic é um crónico por ocasião dos jogos olímpicos, quer de Verão quer de Inverno. Produção oriunda da Sega, fica marcada por uma série de mini jogos, todos modalidades integradas na competição olímpica. Do atletismo, à natação, do tiro ao arco, encontramos mais de dez provas e nelas iremos lutar pela tão ambicionada medalha.
Normalmente a Nintendo costuma publicar ao mesmo tempo as edições Wii U e 3DS, mas este ano a opção incidiu em primeiro lugar sobre a versão 3DS, normalmente a mais simplificada e acessível. A versão Wii U será lançada em Junho, muito perto do começo dos jogos, pelo que a sua análise ficará para a ocasião devida. No que toca à versão 3DS, facilmente identificamos o lema, cores fortes e contrastantes e as coordenadas rítmicas do Samba brasileiro.
"Produção oriunda da Sega, fica marcada por uma série de mini jogos, todos modalidades integradas na competição olímpica"
Apesar dos visuais limpos, a apresentação é algo minimalista e neste regresso a sensação de novidade ou encontro de qualquer coisa diferente é quase inexistente, a não ser a realização de uma maratona a partir do momento que activamos a opção e deixamos a consola em repouso, efectuando a partir daí uma série de passos para que o sistema detecte o movimento. Existem recompensas diárias neste objectivo, através de incentivos que podemos trocar por itens na loja do Sonic. A recompensa maior é entregue após a realização dos 42 km e 200 metros da prova.
Os mini jogos ou diferentes modalidades olímpicas constituem o grande naco do jogo. Existem 14 eventos olímpicos que podem ser experimentados separadamente e de forma individual, podendo em alternativa experimentar um modo história, no qual chegam ao Brasil como um atleta qualificado (Mii). Optando por um dos lados (Mario ou Sonic), o jogador irá progredir num quadro de eventos especialmente desenvolvido, tendo acesso ao ginásio, onde poderá desenvolver e treinar as suas habilidades, assim como aceder a uma loja. Lá poderá adquirir itens e acessórios que aumentam os seus atributos, deixando o Mii em melhor posição para vencer os adversários numa série de desafios diários. Na prática existe uma conjugação entre o factor sorte e a pressão dos botões no momento certo. Tanto podemos ter um bom resultado à primeira como desperdiçar uma série de tentativas antes de superar um adversário.
Quando comparado com a edição londrina de Mario & Sonic, esta edição do Rio 2016 apresenta menos modalidades. É verdade que desenvolver apenas para fazer número, por vezes com algumas soluções pouco inventivas ou menos adaptadas, não chega para fazer um bom jogo. O problema que encontramos nesta versão é a simplicidade e pouca profundidade dos eventos. Parece que os produtores optaram por reduzir a jogabilidade a um mínimo, quiçá de modo a torná-la compatível com uma audiência mais infantil. Só que pelo caminho puseram o desafio de parte. Além disso, tudo é quase uma revisão da matéria dada e pouco há de inovador ou interessante.
Podemos perder algum tempo a jogar futebol, fazer os 100 metros ou jogar vólei. As regras são simples e os movimentos e técnicas a realizar nem sequer requerem grande esforço, pelo que ao fim de um ou dois turnos não sobra mais para descobrir. Infelizmente algumas modalidades não beneficiam da melhor interface. O ténis de mesa requer um "timming" muito apertado, no qual é fácil desferir uma pancada antes da bola chegar ao ponto de contacto, resultando assim numa série de pontos perdidos.
"no tiro com arco experimentam uma combinação de comando através da stylus com o sistema de movimentos da consola"
Nem todas as modalidades beneficiam do mesmo esquema de comandos. No futebol, por exemplo, jogam com os botões da consola, enquanto que no tiro com arco experimentam uma combinação de comando através da stylus com o sistema de movimentos da consola. Além disso, para lá das regras tradicionais e olímpicas de cada modalidade, podem desfrutar das modalidades através de um método diferente, que oferece regras suplementares e desafios, como a presença de boos entre os alvos no tiro com arco.
Existem imensas personagens e o jogo tende a separar as melhor preparadas para certo tipo de modalidade quando optamos por uma partida rápida. Mario é equilibrado, enquanto que Sonic tem como maior trunfo... a velocidade. Bowser tem na força o maior trunfo, o que o torna indispensável para o boxe. Infelizmente, nada de novo aqui, a não ser a adição de novas personagens, mas que pouco afectam o núcleo da experiência.
Em termos visuais pouco há a destacar. A apresentação é razoável mas depressa damos conta da falta de profundidade, com poucas texturas nalgumas áreas, embora seja justo ressalvar a caracterização segura das personagens e uma fluidez de jogo, sem quebras, o que talvez seja a justificação para cenários e fundos um pouco mais reduzidos. O jogo apresenta ainda um modo competitivo em rede (lan) até quatro jogadores, por via download play (sem necessidade de cartucho por parte dos restantes utilizadores), o que pode tornar o desafio um pouco mais divertido.
Apesar do esforço e da presença em mais um evento olímpico, Mario & Sonic revela sérios sinais de estagnação, limitando-se quase a oferecer mais do mesmo, sem chama e sem brilho que já vimos noutros clássicos da Sega. Poucas são as alterações e mesmo essas não justificam a aquisição. Sendo assim torna-se quase numa folha de serviço e aproveitamento dos jogos para piscar o olho a uma audiência de tenra idade. Também não é esta a Sega que queremos ver, pese embora as expectativas algo moderadas da versão Wii que sairá mais adiante e lá voltaremos à rivalidade entre Mario e Sonic.