Mario Kart 8 DLC primeiro pack - Análise
Power up!
Há uns anos seria uma surpresa capaz de causar perplexidade ver publicada uma análise a um conteúdo descarregável de um jogo da Nintendo. A disponibilidade dos conteúdos suplementares vulgarizou-se pelas editoras na anterior geração de sistema, tendo a Nintendo ficado à margem da oferta. Jogo publicado não é alterado. Mas a percepção sobre os conteúdos e manutenção da decisão, muito por força das estruturas que vieram melhorar o online, mudaram. Primeiro na Nintendo 3DS, com conteúdo suplementar para New Super Mario Bros e depois com New Super Mario Bros. U e Pikmin 3 para a Wii U. O conteúdo daquele, New Super Luigi U, recebeu até uma edição em formato físico, numa caixa verde e integrada nos 25 anos da icónica personagem.
Pese embora a polémica sobre os DLC's, com todos os prós e contras que envolvem o tema cada vez que é abordado, há quem veja nestes conteúdos, especialmente se bem realizados, uma forma de prolongar o contacto com determinado jogo e posicioná-lo durante mais algum tempo na lista de preferências dos consumidores. Se especialmente bem concretizado e ditar uma expansão do conteúdo significativa, não sobram grandes inconvenientes, a não ser o custo adicional, mas aí entramos no campo das decisões individuais e sobre se o conteúdo vale mesmo a pena.
Com Mario Kart 8, um dos melhores títulos do ano, a Nintendo regressa aos conteúdos suplementares, depois da entrega gratuita dos veículos da Mercedes no verão passado. Numa colaboração entre Nintendo e Mercedes, Mario Kart 8 recebeu o SUV Mercedes-Benz GLA (no Japão a parceria deu origem a um estranho anuncio publicitário), W25 flecha de prata, monolugar da Fórmula 1 e o clássico desportivo de estrada 300 SL Roadster, pintando as pistas de tons prateados. Só que esta era apenas a primeira parte dos conteúdos. Para Novembro estava previsto o primeiro pacote, agora disponível e que aqui analisamos, e em Maio próximo chegará o último conteúdo. A Nintendo optou por dividir a entrega, entre personagens, veículos e taças. Ao todo são oito pistas, mais de meia dezena de veículos e condutores. O preço por DLC é de 8 euros mas se adquirido em conjunto (com a pré compra do próximo DLC), é dado o preço especial de 12 euros, que permite economizar 1/3 do preço total e ainda ter acesso aos Yoshi e Shy Guys com cores extra. Em conjunto a oferta suplementar é composta por um volume de conteúdos correspondente a 1/4 dos conteúdos de Mario Kart 8, aumentando a longevidade do original.
Captain Falcon em espírito
Nesta primeira fase o pacote inclui: três personagens (Mario Tanuki, Peach Gata e Link de The Legend of Zelda), quatro viaturas (Blue Falcon, B Dasher, Tanooki Kart e a moto Master Cycle) e oito circuitos ( agregados por duas taças, a Egg Cup e a Triforce Cup), cinco originais e três recuperados de jogos anteriores para a alta definição. Observando as peças que formam o conteúdo, encontramos uma evolução da série Mario Kart em direcção a outras personagens e temas não focados exclusivamente no Mushroom kingdom, algo que é particularmente bem-vindo e certo se atendermos ao Villager e Isabele como os próximos pilotos, duas personagens cuja popularidade saiu reforçada depois de Animal Crossing New Leaf.
Este encontro de Mario Kart 8 com diferentes séries, personagens e espaços que evocam outras campanhas e desafios, atinge em cheio os fãs, num serviço executado à medida e escala destas típicas corridas nas consolas da Nintendo. As novidades são significativas e todas merecem uma menção, embora as atenções estejam orientadas sobretudo para os universos The Legend of Zelda e F-Zero, com uma terceira posição a ir directamente para a recuperação das rampas de areia de Excitebike.
Enquanto os fãs das corridas (e aventuras) de Captain Falcon esperam e desesperam por um novo F-Zero, a pista original Mute City, arquitectada em conformidade com a estrutura de um oito que também serve de capa ao jogo com a ausência de gravidade em determinadas secções (nas zonas de intersecção os mais rápidos vêm os pilotos menos lestos sobre a sua cabeça), colmata as saudades e ainda é o que de mais próximo se pode jogar na alta definição relativamente ao brilhante F-Zero GX da GameCube. Há uma evocação nostálgica no logótipo da pista e no Blue Falcon, a nave super sónica de Captain Falcon, aqui numa versão minimalista kart mas plenamente evocativa das antigas conduções arcade.
O prazer das corridas arcade
Mas é Link a estrela desta equipa de recém-chegados a Mario Kart. Peach veste o fato rosa de gata de Super Mario 3D World e Mario equipa-se com o fato Tanuki. Ambos são personagens regulares nestas corridas, pelo que a atenção se concentra nos movimentos especiais do herói de Hyrule, todas as vezes que executa acrobacias e salta sobre a mota que evoca Epona, enquanto ergue alto a espada. É a correr em casa que os heróis de Hyrule vão apreciar as imediações do castelo e o seu interior. Talvez não seja esta a pista com o melhor desenho mas fervilha a Hyrule e recupera muitos dos sons, inclusive a moeda local, as rupees (em substituição das tradicionais moedas) e a Master Sword, próxima de uma rampa de lançamento só disponível quando activada pelos pilotos.
Dragon Driftway, outra pista original baseada num dos dragões de Super Mario Galaxy, oferece um desenho mais serpenteante e óptimo para os tradicionais drifts, com algumas lombas a causarem possíveis acidentes. Atalhos são escassos, pelo que a tendência é para um pelotão mais compacto. Excitebike Arena, a pista oval inspirada no formato do clássico da NES parece simples e com menos curvas para negociar (a não ser duas grandes parabólicas), no entanto, depois de dada a partida, as múltiplas rampas de areia projectam constantemente o veículo, revelando-se um paraíso de acrobacias, enquanto os milhares de adeptos nas bancadas gritam de apoio todas as vezes que um piloto regressa à pista. A dimensão desta é maior do que parece e ainda há que contar com as secções de relva e lama que travam o ritmo dos karts.
IceIce Outpost, a última das cinco originais pistas, oferece o ar puro dos glaciares e uma paleta de cores tipicamente arcade. Com muitas curvas rápidas e duas secções de praticamente lado-a-lado, destaca-se pela facilidade de transição entre uma e outra, embora o espaço seja apertado e por vezes complicado conseguir bons drifts de uma ponta da curva à outra. Certos atalhos conferem vantagens temporárias mas no limite e sem barreiras a delimitar, uma entrada mais arrojada pode ser fatal.
Três versões da Rainbow Road
Dentro da Egg Cup e já no âmbito das recuperações, a primeira é Yoshi's Circuit, do original Double Dash da Gamecube, embora com a modificação da versão para a Nintendo DS, pela falta do segundo atalho. As secções anti-gravidade têm pouca preponderância, no entanto o desenho da pista totalmente em asfalto oferece longos e necessários drifts, piscando o olho ao B Dasher. Na Triforce Cup, Wario's Gold Mine regressa depois do jogo para a Wii. Integrada num complexo de carris e minas, a partida é dada no exterior, podendo os jogadores contemplar um magnífico pôr-do-sol através de fantásticos efeitos de luz. Os embates nos vagões causam uma pequena carambola e imprimem mais alguma velocidade no kart. Nesta pista valerá a pena experimentar o Jeep Tanuki, quatro rodas motrizes e óptimo para aquele piso
Por último, a Rainbow Road, retirada do original para a Super Nintendo, é a terceira pista com o mesmo nome no jogo. Enquanto que Mute City oferece o tradicional oito com alucinantes rampas e descidas e secções anti-gravidade, esta Rainbow Road é a mais clássica e talvez menos adequada a causar surpresas. As ondulações e a sempre temível ausência de barreiras obrigam a moderar o acelerador e activar os power ups com cautela.
A publicação do DLC no passado dia 13 foi lançada em simultâneo com a versão 3.0 do jogo, que veio permitir a compatibilidade com as Amiibos (as figuras da Nintendo que serão lançadas numa primeira fornada no próximo dia 28, juntamente com Super Smash Bros.), permitindo que os jogadores joguem com o seu Mii usando o fato da personagem Amiibo. A ligação às corridas online continua a ser muito eficaz, sendo que a Nintendo alterou ligeiramente os "power ups" saídos em sorte, agora com mais regularidade as carapaças vermelhas, verdes e cogumelos de velocidade. Só corre menos bem o carregamento de vídeos para o You Tube, com mensagem de erro todas as vezes que se tenta enviar o vídeo de uma corrida.
Em termos de valor e reforço este primeiro DLC para Mario Kart 8 justifica o investimento. O conteúdo disponibilizado é bastante significativo, ampliando para 40 o número total de pistas, o ponto forte do jogo. Talvez a Rainbow Road seja a menos entusiasmante e Mute City a mais nostálgica, emocionante e representativa desta oitava incursão da série, com as suas múltiplas teclas de velocidade e secções anti-gravidade. Com o Blue Falcon, a moto inspirada em Epona e Link como personagem destaque do pack a pensar nos fãs, sobra ainda bastante conteúdo adequado a rodar Mario Kart 8 por mais tempo na Wii U. As corridas de vocação arcade, pela sua simplicidade e natureza competitiva ganham novo alento. Na primavera haverá mais novidades.