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A nossa análise completa a Mario vs Donkey Kong. De cara lavada!

A chave do sucesso.

Crédito da imagem: Nintendo
Um remake desafiante, divertido e engenhoso, fora dos moldes habituais das plataformas, que peca por acabar em pouco tempo e repetir algumas batalhas contra Donkey kong.

O tempo para a Nintento Switch é claramente de transição. Com os jogos mais sonantes e títulos emblemáticos lançados, o começo de 2024 é assegurado por remasters e remakes, não na sua totalidade mas com algumas recuperações em curso. Ainda recentemente tivemos, Another Code: Recollection, a aventura da Wii que ganhou uma nova versão na Switch. Agora é tempo de Mario vs Donkey Kong, o regresso do canalizador e do gorila aos puzzles, na forma de um remake do jogo editado para a GBA, pela Nintendo, em 2004.

Eu não tive oportunidade de jogar o original, embora tenha jogado e experimentado a fórmula em sequelas, algumas das quais para a Nintendo DS. É um modelo de jogo que parece colocar à prova elementos de jogos diferenciados, desde logo o clássico Donkey Kong, seguido de Mario vs Donkey Kong para a Game Boy. Mas também incorpora muitos elementos dos jogos de plataformas 2D da série Super Mario, com os múltiplos saltos do canalizador e plataformas à mistura. No final, é um tipo de experiência muito diferenciado. Se quisermos, este é daqueles jogos criados para testar a capacidade de pensamento rápido e decisão. É um jogo de puzzles puro e duro, com soluções mais ou menos demoradas a descobrir, para lá dos obstáculos e inimigos que tendem a dificultar as acções de Super Mario, que se movimenta como num jogo de plataformas 2D, embora dentro de quadros apertados.

Com o seu esquema mecânico praticamente inalterado, mantendo os desafios e o formato dos quebra-cabeças, Mario vs Donkey Kong é quase uma recuperação actualizada graficamente para o presente. Ainda assim, são bastantes as nuances face ao original, bem como algumas ferramentas novas que aprimoram a experiência e um par de novos mundos. O abandono por completo do grafismo original em prol de um patamar gráfico retirado dos mais recentes jogos 2D e meio da série Super Mario, permite uma desenvoltura visual assinalável e um detalhe mais vivo e recheado de efeitos visuais que não eram possíveis no jogo original por força das limitações emergentes do “hardware”, designadamente os efeitos de fogo, as luzes e o brilho que contempla cada pequena construção. É um jogo bonito e desafiante.

Donkey Kong açambarcou todos os Mini-Marios

O pretexto para a nova investida de Super Mario e os comparsas Toads (em modo cooperativo) contra Donkey Kong é que este locupletou todos os Mini-Mario da fábrica, deixando os pobres Toads atónitos com o sucedido. Os Mini-Mario são como brinquedos movidos a corda, movimentam-se por curtos períodos e são capazes de seguir por alguns caminhos, se tiverem quem os guie, como minions ou Lemmings. Antes de defrontar Bowser no final de cada mundo, cabe a Mario recuperar estes brinquedos, num desafio que consiste em guiá-los até uma caixa de brinquedo. É um desafio e uma missão espinhosa, tendo em conta os obstáculos, mas também ela diferente dos anteriores.

Image credit: Nintendo

A estrutura dos mundos é bastante linear na sua composição. Ao todo são oito níveis por cada mundo, sendo que um deles é destinado a levar os Mini-Mario a recuperar as letras TOY, concluíndo o nível com a sua entrada na caixa de brinquedos. Estes Mario miniaturas são recuperados em cada nível regular do mundo. Desdobrados em duas fases, uma primeira parte destes níveis visa a recuperação da chave e a colocação na fechadura que por seu turno dá acesso a uma segunda fase, destinada a recuperar o Mini-Mario, colocado normalmente num ponto de difícil acesso. Ao todo existem seis Mini-Mario para recuperar, o mesmo número de indicadores de vida possíveis na batalha contra Donkey Kong, num confronto em que o objectivo consiste em atingir várias vezes o macaco.

Dos oito mundos que compõem o jogo, dois são novos. São Merry Mini-Land e Slippery Summit. O primeiro tem por tema a feira popular, enquanto que o segundo mundo prima pelos seus blocos de gelo, sempre deslizantes e repletos de espinhos gelados que obrigam a ter cuidado com o caminho. Os restantes mundos são recuperados do jogo original. Por norma, existem inimigos só avistados e oponíveis em certos mundos, bem como objectos e outros aparelhos mecânicos. Outros inimigos aparecem regularmente, como os pássaros cujo vôo horizontal permite-lhes descobrir onde está Super Mario, largando um ovo sobre a sua cabeça.

Usar a massa cinzenta para completar os níveis

Com várias caixas que ajudam a perceber os movimentos básicos de Super Mario assim que começam um nível, a integração às regras do jogo no decurso do primeiro mundo é sempre uma mais valia, por se aprender enquanto se joga. Há certas particularidades que fogem aos jogos de plataformas mas que se revelam úteis, como saltar sobre um inimigo e erguê-lo no ar podendo ser usado como arma de arremesso. Ou então usar um trampolim para saltar mais alto, levá-lo para outro ponto ou até mesmo usar um caixote do lixo para atravessar uma zona de espinhos. As possibilidades são grandes e ao princípio até nos perdemos um pouco com a sua extensão. No entanto a resolução dos níveis também é simples, directa e acessível. Alguns níveis são resolvidos num espaço de 20 ou 30 segundos.

Image credit: Nintendo

Claro que há alguns pontos de maior dificuldade, mas em bom rigor diga-se que não é um jogo de dificuldade elevada. Por vezes a solução é tão óbvia que só o nosso pensamento erigido para algo mais rebuscado nos tolda a visão. Os movimentos de Super Mario também são em bom número. O salto para trás ou o apoio no solo com as mãos, permite-lhe defender-se de tijolos e projécteis lançados do topo. Também existem interruptores, de cores azul, verde e amarelo. Sempre que um deles é activado os restantes passam a transparentes. Cabe-nos escolher o melhor percurso até à chave, depois levar esta até à fechadura, e por fim escolher o acesso rápido ao Mini-Mario. Pelo meio podem ser recuperados 3 presentes, um incentivo aos coleccionáveis.

Como referi, o grau de dificuldade não é muito alto. Há níveis que podem ser completados em menos de um minuto, pelo que o avanço até ao fim dos oito mundos não é demorado. Os puzzles mais bicudos podem ser seleccionados através do método tentativa e erro, mas por norma cada quadro não é muito alargado e muitas vezes a solução está numa alavanca ou num pequeno “modus operandi” específico do nível ou que ainda não tenha sido utilizado. Por vezes o tempo é apertado e urge saltar rápido e cumprir bem todas as tarefas, mas nunca senti que o jogo fosse frustrante. Além disso, depois de resolvido o primeiro nível de cada mundo é possível jogar sem ordem os restantes níveis, o que nos permite saltar um ponto onde tenhamos encravado para lá voltar mais tarde.

Algumas “boss fights” repetitivas

A impressão do jogo é globalmente positiva e a experiência é desafiante e divertida, embora com alguns reparos. O primeiro acontece quando já nos encontramos habituados às mecânicas e movimentos do nosso protagonista e percebemos que não obstante as diferentes temáticas de cada mundo e as diferenças do desenho de nível, já não há muito mais a descobrir. Cada novo nível deixa de surpreender como os primeiros e é sempre mais um desafio, mais uma partida e mais um puzzle, por vezes até de forma algo repetitiva se passa o tempo a jogar. É como se o poder de fogo lançado nos primeiros níveis tivesse deixado de existir, ou então já estamos demasiado acostumados ao jogo em que cada nível é só mais um. No entanto, é óbvia a satisfação da resolução.

Image credit: Nintendo

Noto também que as “boss fights” contra Donkey Kong são muito parecidas e semelhantes. É verdade que mudam algumas ferramentas à disposição mas no geral o objectivo visa atirar-lhe uma série de barris até anular a sua força e vê-lo tombar no solo. Os processos para o atingir são relativamente semelhantes, numa batalha que pode resolver-se entre um a dois minutos. O New Game Plus cimenta a dificuldade, com um agudizar dos obstáculos e dos inimigos, tocando mais facilmente com a perda de vidas. É relevante lembrar que ao esgotar o “stock” de vidas, Super Mario volta sempre ao recomeço do nível. Jogar com um segundo jogador pode ser útil, apesar da duplicidade dos níveis, com duas chaves.

Apesar da duração limitada e de uma menor capacidade para surpreender à medida que se progride pelos oito mundos, ainda assim Mario Vs Donkey Kong é uma experiência entusiasmante, divertida e recheada de bons desafios. A jogabilidade é impecável, assim como o renovado grafismo possui uma capacidade de atracção que o original manifestamente já não produz a menos que sejam fãs acérrimos de jogos retro. A cara lavada de Mario vs Donkey Kong encaixa bem no ecrã da Switch, brilhando nas cores, nos detalhes dos inimigos e nos objectos em movimento. É um daqueles jogos que nos pede para pensar e reflectir, de forma continuada, entre pulos e outras operações giratórias. Uma óptima alternativa aos habituais jogos de plataformas.

Prós: Contras:
  • Visuais atractivos
  • Conjugação de mecânicas
  • Variedade de movimentos
  • Dois novos mundos
  • Variedade de obstáculos e inimigos
  • Jogo cooperativo
  • Boss fights podem tornar-se repetitivas
  • Longevidade limitada

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