Marvel vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds

Entre as quinze personagens da Capcom temos heróis e vilões vindos de várias séries prontos para surpreender, especialmente os novatos. Começo por referir o que se está a tornar uma espécie de favorito pessoal, Wesker. Mantendo a sua enorme velocidade e estilo da série, é forte e tem a famosa capacidade para se tele-transportar (ou será que simplesmente se move rápido demais para a visão?) e é capaz de intercalar combinações com esta espécie de desvio e consequente ataque de outro ângulo. Ruy e Chun-li surgem no que pode ser considerada a sua versão de Tatsunoko, não tão "real" como em Street Fighter IV e mais em jeito de "modo super-herói/turbo", C. Viper por seu lado parece incrivelmente encaixar-se mais aqui do que no próprio jogo de origem e pode conquistar neste palco a admiração que não conseguiu anteriormente. Chris usa as armas do seu mais recente jogo para encadear combinações e sendo um pouco mais lento compensa com maior força, um dos seus ataques especiais invoca mesmo um dos momentos de maior tensão de Resident Evil 5.

Dante é provavelmente o personagem que se vai tornar na referência do jogo no modo online, sendo já considerado por muitos como "o Ryu do MvsC3". Além de enorme estilo e quantidade de movimentos que relembram os vários jogos da série, Dante concilia como nenhum outro a velocidade e a força. Enquanto personagens como Spencer de Bionic Commando são mais lentos e mais fortes (assumindo aqui o lugar que Alex teve em Tatsunoko vs Capcom) outros como Amaterasu, Arthur, Viewtiful Joe e Zero são rápidos e permitem encadear ataques em rápida sucessão mas com menor força. É provavelmente o único ponto que me deixa estranho neste jogo, a relativa grande quantidade de personagens de estatura baixa no lado da Capcom.No entanto todos eles são interessantes e acrescentam algo ao jogo.

Entre as forças da Marvel temos vários personagens que regressam, casos de Capitão América, Wolverine, Doctor Doom, Storm, Homem-Aranha entre outros que conseguem encontrar um meio termo agradável entre o refrescante e o reminiscente entre o anterior e este. Pelo lado da Marvel posso dizer que a personagem com que mais gostei de jogar e que mais desejo evoluir a forma de a usar é a X-23. Mais rápida e ágil que Wolverine, tem uma forma mais graciosa e artística de atacar oferecendo maior apelo na hora de encadear combinações. Já a She-Hulk é uma versão mais "leve" e não tão brusca de Hulk, também aqui presente com a sua força bruta, mas mais ágil e na mesma forte e violenta. Pelo lado da Marvel, tal como os trailers iam sugerindo, será provavelmente Deadpool o grande rival de Dante. Ágil, cómico e com oportunidades de ataque bem interessante, tem capacidade para se tele-transportar e pode abrir brechas de vários ângulos. Um personagem a ter muito em conta.

Visualmente temos aqui algo do mais impressionante que alguma vez vi no género. Tudo muito colorido, altamente fluído e suave, sempre a correr a uma velocidade vertiginosa. Sem dúvida do melhor que há. O motor MT Framework da Capcom volta a provar a sua qualidade e dá vida a mais um jogo mas em contornos completamente diferentes do que fez até agora em séries como Resident Evil, Devil May Cry, Lost Planet ou Dead Rising. Aqui, ao invés do tradicional espantoso aspecto real, dá-nos acesso a um mundo que parece realmente vir das páginas de uma banda desenhada. Os personagens com os seus movimentos ultra rápidos e as suas animações sumptuosas são impressionantes de admirar, dá mesmo enorme gozo ficar a ver alguém jogar para apreciar, e os efeitos visuais dos tresloucados golpes especiais que empregam são um autêntico doce. Não vale a pena poupar elogios para com este jogo pois merece-os a todos e mais alguns.

Outro ponto de destaque a nível visual são os cenários que primam pela sua autenticidade e capacidade para credibilizar e dar personalidade ao jogo. Nesta versão a que tivemos acesso estavam vários disponíveis e cada um melhor que o outro. Os céus nocturnos do Heli-Carrier da S.H.I.E.L.D. que bombeia rajadas de tiros sem parar enquanto objectos vão sobrevoando as cabeças dos lutadores, o cortejo festivo na cidade de Nova Iorque no qual vemos um enorme balão do Homem- Aranha enquanto subimos num elevador pelos prédios da cidade, o laboratório do T-Virus no qual vemos criaturas familiares da série Resident Evil presas em celas de vidro, o cenário de Ghosts n Goblins que recria um dos cenários mais famosos da sua série, a Kattelox Island na qual o fogo de artifício ilumina o céu debaixo do qual os pequenos amigos de Tron brincam. São inúmeras as referências que podíamos dar e que nos impressionaram pois todos os cenários transbordam com movimento e referências a múltiplas séries da Capcom e bandas desenhadas da Marvel.

Uma palavra de enorme apreço deve ainda ser dita a toda a componente sonora que já está impressionante. As músicas de cada personagem que pelo lado da Capcom capturam e recuperam o espírito de cada uma nas das séries aqui presentes e nos fazem recordar os seus jogos e pelo lado da Marvel se encaixam na perfeição à ideia que concebemos de cada um destes personagens. Outro dos destaques são as vozes de cada lutador e aqui o mais impressionante nem é o facto de serem os actores das séries originais. O melhor de tudo é mesmo a forma como realçam todo o humor do jogo e a troca de galhardetes é constante. Momentos como Arthur a dizer a Chris que "Devias ter-te ficado pela lida dos zombies" ou Wesker a dizer "É Marvelous"são apenas dois exemplos da forma como os personagens são usados mantendo toda a sua personalidade dentro desta nova aventura.

Tal como se apresentou nesta versão, Marvel vs Capcom 3 é já um produto absolutamente irresistível e o mais incrível é saber que mais vai ser adicionado. Faltam algumas personagens, faltam vários modos de jogo e o aguardado modo online ficaram por conhecer e que vão marcar presença na versão final. Como diria o Vítor Alexandre, já está tudo "Marvelhoso" e a espera acabou de ficar um bom pedaço mais desesperante pois agora temos uma pequena perspectiva da escala do que está para vir e não conseguimos parar de pensar em mais nada.