Max Payne 3 - Análise
O velho Max com os velhos truques num clima tropical.
Ao meu primeiro contacto com Max Payne 3 não consegui deixar de perguntar, será que há necessidade de outro shooter no mercado dos videojogos? Pondo de parte a óbvia nostalgia dos jogos anteriores, que já são considerados clássicos, Max Payne 3 não traz nada de novo ao género. É um shooter entre muitos outros shooters que já estão estabelecidos nesta geração de consolas. A única diferença entre eles e Max Payne 3 é que este último adiciona elevadas doses de slow-motion tornando tudo mais estiloso.
Olho para Max Payne 3 como um último "Hurrah!" desta personagem badass que esteve ausente durante muito tempo. É uma forma de dar um final feliz à atormentada vida de Max, que está em agonia desde a morte da sua mulher e filha. Para isso é imprescindível um novo começo.
Max Payne 3 é um capítulo completamente novo na vida de Max. Longe ficaram as ruas escuras e sombrias de New Jersey para dar lugar ao clima tropical do Brasil, mas os problemas do passado não desaparecem simplesmente ao mudar de paisagem. Max continua um caos, sempre a beber, sempre ressacado e sempre com a cabeça num lugar completamente diferente. O estilo de vida ao longo dos últimos anos deixou Max velho e cansado.
Nem tudo é mau. Como um bom whiskey, Max melhora com a idade. Embora não se possa gabar do físico e agilidade de um jovem, é um osso duro de roer que caminha com a dor de mãos dadas. E a idade também lhe trouxe sabedoria e experiência. Foram estas suas qualidades que levaram um velho amigo de Max a convidá-lo para trabalhar como segurança privado para a família Branco, uma das mais ricas e poderosas de São Paulo.
É um trabalho que supostamente deveria pagar bem e ser fácil, mas acaba por abrir mais um capítulo negro na vida de Max. O conflito começa numa festa de cocktails num dos arranha-céus de São Paulo, em que um gangue das favelas rapta a mulher de Rodrigo Branco, o chefe da família. Ainda marcado pela morte da sua mulher e filha, Max promete fazer todos os possíveis para a resgatar.
O rapto acaba por ser apenas a ponta do iceberg, dando lugar a um enredo enorme que se estende em 16 capítulos longos. É bem claro que a Rockstar não teve pressa em por um final no modo estória, mas para o género em que Max Payne 3 está inserido, prolonga-se demasiado. Nem sempre a longevidade é algo positivo. No caso de Max Payne 3, a longevidade acaba por torná-lo repetitivo devido à falta de variedade na jogabilidade.
A forma como a Rockstar decidiu contar a estória também não ajuda, recorrendo sempre a cinemáticas que interrompem a gameplay para contar os pontos chave do enredo. Alternar entre cinemática e um segmento de gameplay é uma fórmula simples para desenvolver a estória e que resulta, mas que torna tudo menos interessante, principalmente quando os seus 16 capítulos não são mais do que tiroteio atrás de tiroteio com a voz de Max a narrar por o que lhe vai na cabeça. E apesar dos seus truques serem inicialmente espetaculares, disparar no ar em câmera lenta ou apenas disparar em câmera lenta perde esse efeito pelo uso excessivo que o jogo nos obriga a dar-lhe, insistindo capítulo após capítulo em colocar-nos numa pequena área contra meia dúzia de inimigos, tornando a falta de criatividade evidente.
Mas já os anteriores Max Payne não era mais que uma troca de chuva de balas entre Max Payne e os seus inimigos, a questão é que estamos em 2012, e não em 2001. Enquanto que permanecer verdadeiro às suas origens joga a favor de alguns jogos, para outros há uma necessidade absoluta de evoluir. Max Payne 3 sofre por ser demasiado igual aos anteriores, a única diferença é que tem um motor de jogo muito melhor com animações de luxo.
Sendo o shooter mais shooter que podem encontrar, a Rockstar não poupou a quantidade de armas incluídas em Max Payne 3. Existem armas de todos os géneros e variedade, mas nada dá tanto gozo como o Dual wielding, que eclipsa tudo o resto e combina perfeitamente com Max. Seja qual for a arma que escolherem, Max Payne 3 apresenta-se como um jogo de violência brutal em que é possível ver os buracos das balas nos corpos dos inimigos, e ainda em câmera lenta quando já só sobrar um de pé.