Medieval Moves: Castelo Fantasma - Análise
Seis a azul.
A 17 de Setembro fez um ano que nos foi dado a conhecer Sports Champions, o primeiro produto da Sony San Diego, em conjunto com a Zindagi Games, feito a pensar nos controlos por movimento e que acompanhou a chegada do PlayStation Move. Dentro das ofertas que acompanharam a chegada da entrada da Sony nessa nova vertente da indústria, Sports Champions foi sem qualquer dúvida o produto mais interessante, mais completo e mais aconselhável. Não que tal fosse algo difícil, diga-se. No entanto deixou boas indicações para o futuro e mostrou como os controlos por movimento poderiam vir a oferecer experiências diferentes dentro do catálogo de jogos da PlayStation 3. Agora, cerca de um ano e dois meses depois, temos Medieval Moves: Castelo Fantasma que oferece tudo o que de bom Sports Champions oferecia e ainda algo mais. É notória a experiência ganha com o anterior jogo mas a entrada numa nova estrutura faz com que algumas debilidades surjam como consequência.
Na verdade, em comparação SC sente-se exatamente como se sentia no seu lançamento, uma demonstração técnica para os que compraram o Move. No entanto, os seus diferentes desportos eram divertidos e as técnicas de movimento e a precisão do comando que o sustentam estão agora na base desta nova experiência que surge não em formato de mini-jogo mas sim numa aventura completa principalmente dedicada aos mais pequenos. Castelo Fantasma pode ser descrito como uma aventura on-rails, aquela experiência na qual vemos na primeira pessoa, o personagem caminha pelos cenários por si e o jogador apenas tem que apontar e disparar ou executar outro tipo de ações possíveis mas que todas rondam em redor do mesmo parâmetro: eliminar vagas de inimigos que surgem consoante avançámos nos cenários.
Castelo Fantasma conta-nos a história de um jovem príncipe, Edmund, que mais cedo do que desejaria é forçado a combater pelo bem e pelo seu reino. Pelo caminho vai descobrir mais sobre si e da sua linhagem assim como descobrir que tem muito mais talento do que acreditava ter. Tudo devido a um cruel feiticeiro que, como não poderia deixar de ser, deseja uma qualquer pedra mágica que lhe vai dar grandes poderes. Poderes como transformar toda a povoação de um reino em esqueletos às suas ordens no entanto o jovem herói torna-se num desses esqueletos mas cheio de vontade de reconquistar e salvar o seu reino. Todos os condimentos de um desenho animado de Sábado de manhã mas que bem cedo se torna monótono e cujos vislumbres de crescer em algo mais do que banal nunca chegam a surgir.
Edmund vai começar a sua aventura nos arredores do castelo e terá que fazer a sua caminhada até ao seu topo para o bem conquistar. O herói é mesmo quem faz a sua caminhada pois, como referido, é automática e o jogador apenas controla os seus movimentos de ataque ou defesa. Vindo diretamente de Sports Champions, aqui colocamos todos os movimentos usados durante os variados desportos para derrubar o exército de esqueletos. O uso da espada e do escudo vai fazer com que o jogador sinta como se estivesse a jogar o modo duelo de Sports Champions, ou seja, divertido e desafiante com grande precisão e que leva o jogador a sentir-se desafiado. O uso do escudo, a resposta com a espada nos pontos abertos na defesa do adversário é o essencial nesta vertente da jogabilidade e numa dificuldade que vai crescendo, o jogador é recompensado quanto mais avança no jogo.
Na verdade Castelo Fantasma pode até afastar alguns devido ao seu ritmo se tornar demasiadamente evidente e quase sem surpresas: eliminar inimigos, avançar e enfrentar mais inimigos com restrições específicas que se deviam sentir mais como desafios. Para contrariar que a monotonia se instale, o jogador vai poder recorrer a outras armas como estrelas para arremessar e flechas, especialmente indicado para inimigos a grandes distâncias. Apesar do intuito da equipa ser explicar ao jogador que cada situação requer uma arma em específico, podemos usar qualquer uma conforme indicado mas a verdade é que rapidamente o jogador vai descobrir que se repetir constantemente o mesmo padrão de ataque a experiência se vai sentir altamente banalizada. O uso do arco e flecha tem grande destaque e por vezes perguntamos porque temos uma espada e as estrelas.
O escudo, a espada e as estrelas acabam por perder importância sendo praticamente necessárias em situações verdadeiramente específicas ou quando falhamos o alvo com a seta e temos que nos proteger/atacar a curto alcance. A estrutura on-rails faz com que o constante pára, arranca e os inimigos que se ficam à distância ou simplesmente correm desprotegidos para nós retire força à experiência e a tire da mira dos mais crescidos. A certo ponto fiquei perdido sem compreender qual seria realmente o público alvo mas como tudo se pode tornar tão banal tão depressa ficou a certeza que os mais pequenos são mesmo o alvo de Castelo Fantasma.
O que é pena pois a forma como combina os movimentos vistos em Sports Champions com um modo aventura suportado por uma história é realmente um dos tipos de experiência que mais desejo ver surgir. Castelo Fantasma transpareceu mais como uma oportunidade perdida, caso tivesse acompanhado o lançamento do Move teria sido fantástico, atualmente parece apenas oferecer um vislumbre do que queremos do futuro e nos deixa a pensar no que queremos ver em Sorcery, por exemplo.
Caso tenham jogadores mais pequenos em casa então não se devem fazer rogados, todo o jogo está traduzido para o nosso Português, num trabalho de louvar e cujas vozes certamente vão ser familiares a muitos. Para acompanhar temos um visual que apesar de, incompreensivelmente, ostentar um tom datado, é colorido e com doses de fantasia suficientes apesar de raramente surpreender.
Medievel Moves: Castelo Fantasma é uma obra praticamente dedicada aos que se enquadram dentro da faixa etária que está na sua capa. É para os que pretendem justificar o investimento no comando de movimentos da PlayStation 3, algo que tarda em chegar em pleno, caso contrário pode mesmo tornar-se aborrecido e desinteressante. Caso tivesse sido lançado há um ano, poderia ter tido muito mais valor, agora sente-se um ano atrasado.