Metal Gear Solid HD Collection - Análise
Liberty Snake Walker.
Eis finalmente chegada a hora da Europa das as boas vindas a uma das mais esperadas coleções na história dos videojogos, Metal Gear Solid em HD. São três dos maiores clássicos que a indústria dos videojogos alguma vez viu e se tal vos parece exagerado é porque sou um grande fã da série a tal ponto que cada um destes jogos me marcou enquanto jogador ao longo dos anos e talvez porque vocês não são fãs do talento de Hideo Kojima e da sua equipa. Cada um dos jogos aqui presentes marcou de forma importantíssima as plataformas nas quais foram lançados e marcaram toda uma era nos videojogos por diversos motivos ao longo dos anos e a cada lançamento. Ter a oportunidade de num só disco ter acesso a versões atualizadas para a alta definição destas obras é algo simplesmente irresistível mas ao mesmo tempo ficam sempre aquelas dúvidas quanto a potências preguiçosas adaptações tendo em conta o dinheiro fácil que uma coleção destinada a uma tão grande base de fãs pode oferecer.
Não vou entrar aqui naquela linha de filosofismos e saudosismos na qual passo um parágrafo a vos chatear sobre como a série MGS me marcou e me moldou enquanto jogador pois não estamos aqui propriamente para avaliar a qualidade dos jogos em si, são clássicos espantosos com qualidade comprovada. Estamos aqui sim para avaliar a qualidade da coleção e do trabalho de conversão da Konami e descobrir se tem interesse e relevo não só para os fãs mas para todo o tipo de jogadores que tem curiosidade em conhecer mais. Está na hora de descobrir se a Konami prestou a devida homenagem à série Metal Gear Solid ou se estamos perante apenas uma coleção envolta em facilitismos e que nos vai deixar a pensar na próxima coleção e que seja uma que faça verdadeira justiça. A resposta não é tão clara e direta quanto esperava.
Para tal vamos abordar os três jogos em separado para saber o mérito que a sua adaptação tem para o pacote completo e desde já devo deixar um conselho, especialmente dedicado aos que nunca jogaram Peace Walker na PSP ou nunca jogaram um jogo da série, que joguem estes jogos pela sua ordem de lançamento e não pela ordem cronológica dentro da série. Desta forma vão ter melhor perceção da evolução da série ao longo dos anos e vão evitar que algumas mecânicas mais antigas se pareçam mais enferrujadas.
Todos os jogos Metal Gear Solid tem uma história profunda e fascinante e se o Metal Gear Solid original (ausente desta coleção) mostrou que Hideo queria piscar o olho a Hollywood, a sua sequela, Sons of Liberty, mostrou-nos que se calhar o criador Japonês tinha algo para o qual Hollywood simplesmente nunca teria solução. A série MGS está repleta de momentos de nos deixar boquiabertos, cheia de irreverência, personalidade, sagacidade, astúcias, estilo, desafio e acima de tudo faz-nos sentir satisfeitos por termos escolhido os videojogos como passatempo. Após a sequência no navio com Solid Snake, um dos momentos mais altos da anterior geração a nível pessoal, conhecemos Raiden, um novo protagonista, e aos poucos começamos a sentir a magnitude que a obra de Hideo procura.
Um novo Metal Gear, um rapto que envolve o presidente dos Estados Unidos da América e um grupo de terroristas com características especiais é o mote principal para uma das maiores aventuras das vossas vidas. Como já devem ter percebido não vou entrar em quaisquer detalhes quanto à história, não quero estragar surpresas a quem não as conhece. No entanto, posso na mesma dizer que Sons of Liberty é um poço de momentos "wow", com personagens fenomenais e um jogo que durante largos meses e até anos me acompanhou para descobrir mais uma preciosidade que me possa ter falhado numa conversa codec ou então simplesmente para revisitar as espantosas cinemáticas repletas de ação e estilo.
Já com 10 anos feitos, voltar a jogar Sons of Liberty mas agora em HD é espantoso e especialmente porque faz prevalecer o seu estatuto de clássico incontestável. Toda a gameplay se mantém inalterada e a única novidade que podem ter são os visuais do jogo que agora correm a 720p e nada mais. Nada que o impeça de mostrar a sua idade, texturas e geometrias básicas, mas mesmo assim o jogo mantém uma qualidade que merece apreço e voltar a jogá-lo é um grande prazer. São horas e horas de jogo, com pequenos pormenores a cada novo momento e mesmo para quem o levou à exaustão, esta nova versão chega compatível com troféus/achievements que nos fazem sentir desafiados e voltar a completar algumas daquelas loucas tarefas que nos vão demorar horas. Sempre tudo divertido.
Jogar a versão HD de Sons of Liberty serve também para muitos recuarem na sua vida e voltar a sentir uma fase do seu passado. Uma altura na qual descobrir mecânicas de jogo como a mira na primeira pessoa eram novidades espantosas. Sons of Liberty joga-se na mesma de forma agradável e com grande curiosidade mas alguns podem sentir falta das mecânicas atuais mas esta é a versão 2.0 da série que consagrou a ação furtiva. Pessoalmente foi dos três jogos aqui presentes o que menos tempo passei a jogar mas é um atestado ao brilhantismo de Hideo Kojima a todos os níveis e não vou aqui falar em estruturas de jogo, lutas contra bosses e mecânicas de jogo que servem com graciosidade a furtividade, isso já todos vocês sabem. O que precisam de saber é que fazer tal com uns visuais tão nítidos e definidos é como se tivessem comprado uma máquina do tempo. Pena não vir acompanhado de um apaga memórias pois adoraria ter de novo a sensação que tive ao jogar pela primeira vez, cada novo segundo era de arromba enquanto caminhava pelo desconhecido ao toque da batuta de Hideo.
Metal Gear Solid 3: Snake Eater, aqui na sua versão Subsistance, é mesmo o meu favorito de todos na série e o meu jogo favorito de sempre logo é com especial interesse que dei as boas vindas a esta versão em alta definição. Visualmente este é o mais espantoso dos três e o tratamento para HD só o tornou ainda mais impressionante. Nítido, límpido, texturas com maior detalhe e qualidade, personagens mais detalhados e ambientes mais detalhados são pontos que podem esperar dos visuais de MGS3 HD e na sua versão Subsistance significa que nos oferece acesso à câmara com perspetiva na terceira pessoa, que na altura revolucionou a série conferindo-lhe toda uma nova carga de profundidade e imersão.
Lançado originalmente em 2004, a versão Subsistance chegou em 2006, MGS3 chega agora à alta definição e é delicioso ver que fora algumas texturas que não resistiram ao passar do tempo, no geral MGS3 é tão ou mais impressionante agora quanto o foi na sua altura de lançamento. Ver o jogo a correr numa TV de alta definição permitindo aos personagens, aos seus movimentos e às suas expressões ganhar uma qualidade e dinâmica que antes não lhes foi possível é incrível. A existência de uma perspetiva na terceira pessoa encaixa que nem uma luva nos visuais atualizados e sendo o meu favorito era também o jogo do qual mais esperava, e do qual acreditava mais poder ser feito.