Metal Slug 7
Das arcadas para a Nintendo DS.
Há um ano pouquíssimos atreviam-se a dizer que em Agosto de 2008 Christian Rodriguez vestiria de Azul Dragão. Não só porque o Benfica é um grande de Portugal sequioso por manter os seus prodígios d’oiro, como o Porto tinha qualidade comprovada a jogar pelas alas, embora essa convicção tenha perdurado até ao dia em que Pinto da Costa foi entrevistado na SIC e lá acabou por destapar a panela, mostrando à audiência que estava a preparar em lume brando uma iguaria de dobrar a orelha.
No futebol é difícil dar certas situações como adquiridas, mas a indústria dos jogos também muda progressivamente nalgumas das suas facetas, causa surpresas e pode-se bem dizer que a Nintendo, desde que lançou no mercado a NDS e a Wii, tem sido a causa de algumas das principais recentes transformações. Desde logo a começar pelo anúncio de Dragon Quest IX, um dos mais importantes jogos de role-play japoneses que virou exclusivo NDS, passavam os últimos dias de 2006.
Mais tarde foi a publicação japonesa Famitsu a anunciar que Metal Slug 7 chegaria à portátil da Nintendo sem passar previamente pelas arcadas, numa incursão inédita. Superado o pasmo inicial, a verdade é que o mercado dos salões de jogos passa por um decréscimo acentuado, assim como uma reformulação significativa e com uma NDS amplamente penetrada nos grandes territórios, a SNK Playmore não quis deitar fora hipotéticos bons resultados de uma franchise que não passa despercebida à classe dos hardcore gamers que se deixaram seduzir em tempos de promessas pela máquina da Nintendo e nem podem ouvir falar em jogos do tipo treino mental.
Metal Slug é mais que um frenético shooter horizontal da velha guarda a duas memoráveis dimensões; é uma marca de respeito e adesão que a Nazca Corporation (uma pequena produtora desconhecida) lançou em 1996 para as máquinas de salão da SNK e para o sistema caseiro Neo Geo AES. Metal Slug, X e 3 são as grandes referências da série, sendo que depois das dificuldades financeiras que atingiram a empresa japonesa, as edições seguintes nunca se impuseram verdadeiramente face aos primeiros episódios que para vingar beneficiaram muito da artilharia presente, slugs (veículos de guerra onde se movimentam as personagens controladas pelo jogador) e composição artística dos níveis.
O aspecto cartoonish, humor e trejeitos das personagens conjugam-se com um festival de explosões e ambiente de puro êxtase. O ritmo elevado de acção acompanha uma dificuldade apertada e apesar de excluir boa gente que desanima ao fim de umas investidas infrutíferas, os entusiastas a sério descobrem técnicas e alternativas que permitem superar os grandes obstáculos. Nas arcadas era fácil manipular as personagens depois de remetidas umas moedas para o fundo da máquina. Agora sem botões largos, sem uma manete quase à prova de fogo e com um ecrã limitado, mas duplo e táctil será que a luminosa NDS Lite conseguirá aguentar a sofreguidão de um novo Metal Slug e possibilitar mudanças de relevo na série?