Metroid Prime Trilogy
Triplo luxo.
Com os novos controlos tal torna-se tão intuitivo que muitos vão querer riscar os controlos originais da memória. Enquanto o Nunchuck controla os movimentos do corpo, o Mote serve como se fosse a recriação na vida real do braço especial da armadura de Samus. Com um reconhecimento de movimentos que torna tudo intuitivo, fluído e natural, controlar os jogos da série Metroid Prime (aqui a novidade são os dois primeiros, como já referido) é tão doce quanto o foi na altura dos lançamentos na 128 bits da Nintendo, onde foram referenciados e elogiados num controlador "normal", neste caso da Gamecube.
Usando as formas físicas de interagir com o jogo como se fossemos a própria Samus, realizar todas as diferentes tarefas é algo fácil. Isto faz como que toda a experiência seja absorvente e interessante pois frustração ou desilusão são palavras que não fazem parte do vocabulário da série Metroid Prime. Se os novos controlos trazem frescura e naturalidade aos dois primeiros, em Corruption revelam um bom aproveitar das potencialidades que tantas vezes lhes são exigidas e nem sempre cumpridas. Nos dois primeiros representam uma actualizada, e talvez mais apurada, forma de interagir com os jogos mas no terceiro é o explorar das capacidades totais da Wii e desde as lutas contra bosses até ás secções de exploração e ultrapassar de obstáculos, os sensores por movimento e os dois controlos da Wii são postos em prática com um requinte de qualidade. Mesmo que a naturalidade teime em querer disfarçar, tal apenas acaba por ser um prémio ao trabalho exposto.
Controlos precisos e intuitivos é o que vamos encontrar não só na componente na primeira pessoa como também quando entramos em modo bola. Ao longo dos três jogos, os desafiantes puzzles mostram não só como são inteligentes e como estão bem construídos como também mostram outra vertente da jogabilidade da série Prime que nos é exigida frequentemente para progredir. Passar para o modo bola, e sair, é simplesmente intuitivo e rápido. O melhor de tudo é que ambos os elementos colaboram em sintonia e tanto na construção de níveis como na sua aplicação, apenas os podemos considerar de inteligentes.
Como em quase tudo nesta trilogia, também nos gráficos é preciso separar Corruption de Echoes e do Prime original. Isto pois por um lado temos dois jogos que foram feitos para a anterior geração e outro que foi feito de raiz para a nova consola Nintendo. No entanto, dois dos melhores exemplares que a geração anterior nos deu regressam com algumas ligeiras melhorias e mostram que também aqui são um impressionante exemplo, mesmo após todos estes anos continuam com extrema beleza. Considerados facilmente como dois dos melhores jogos graficamente que a geração 128 bits nos deu, Prime e Echoes regressam para mostrar que envelheceram extremamente bem. Corruption também continua recomendável e prova facilmente porque é considerado um dos melhores jogos graficamente para a Wii e compreensivelmente está largamente superior aos dois primeiros. Elemento partilhado por todos é uma arquitectura de níveis de elogiar, um design inteligente e admirável, e ainda um uso de cores que só pode ser considerado de propositadamente genial.
Cada jogo tem o seu tom próprio e a cor é um dos principais elementos que ajuda a distinguir. Desde elementos que poderiam facilmente ser considerados como secundários e até poderiam passar despercebidos, como a cor base dos locais ou a cor dos upgrades que recolhemos, tudo ajuda a estabelecer uma cor e um tom que o jogador inevitavelmente vai associar a um local, arma, boss, momento ou até jogo.
Falando em bosses, também aqui deve ser feita uma referência, que se estende a todos os jogos. Momentos chave e quase sempre especiais, estas lutas geralmente envolver enfrentar criaturas especiais e também aqui é espelhada inteligência e qualidade, que resultam em momentos divertidos e recompensadores pois o jogador sente que está a ser desafiado. Recorrendo a uma das mais importantes ferramentas do jogo, o nosso scanner (usado para obter informações sobre planetas, locais, raças, criaturas e bosses) descobrimos os pontos chave e após observar os seus padrões, temos que destruir estas criaturas de maior porte e nem sempre tudo é tão fácil quanto disparar. Em certas lutas temos que recorrer aos diferentes tipos de visor à disposição, para descobrir os pontos onde acertar ou até para ver o inimigo, podemos ter que usar e alternar entre diferentes tipos de disparo, consoante o elemento e capacidade do inimigo, e tudo isto é feito de forma tão intuitiva desde o primeiro momento que nem se parece sentir a curva de aprendizagem.
Uma palavra de enorme admiração deve ser dada para a banda sonora de toda a trilogia. O trabalho de Kenji Yamamoto quase que nos leva a pensar no que foi criado primeiro, se a música se o jogo. Depois de vistos em sintonia, não parecem alguma vez terem existido em separado. Em alguns momentos, o acompanhar da acção e o subir da tensão tem a contribuição importante desta componente e noutros momentos, o “absorver” da atmosfera de jogo e a comunicação do jogo com o jogador é efectuada pela música que, como já devem ter reparado, encaixa para lá da perfeição.
Para abrilhantar ainda mais o pacote, a Nintendo decidiu, numa consola desprovida de sistemas de achievements ou troféus, emular o que foi feito já no lançamento original de Corruption e incluir um sistema de recompensas também para os dois primeiros jogos. Ao completar determinadas acções, ganhámos uma medalha que podemos trocar por imagens ou músicas nas respectivas galerias e assim dar forma ao que pode ser considerado de verdadeira obra para fãs. A Nintendo não se esqueceu de adicionar o modo para vários jogadores de Echoes e assim os fãs tem uma componente online que nos permite lutar contra outros três jogadores em combates Todos Contra Todos. É um bónus que poderia ter sido deixado de lado mas que pela sua presença mostra bem o empenho e dedicação prestado a este pacote.
Metroid Prime Trilogy é simplesmente um obrigatório para todos aqueles que se consideram apaixonados pelos videojogos e donos de uma Wii. Cada um em separado tem qualidade para justificar a nota dada e em conjunto não deixam espaço para contestação. São três dos melhores jogos que alguma vez tive o prazer de jogar e são autênticos e fascinantes testamentos da arte de bem criar videojogos.