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Mini Motorways - Cidades em constante mudança

Desafios rodoviários em tons minimalistas.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Um criador desafiante de estradas e cidades, assente em mecânicas simples e intuitivas.

Foi no passado dia 11 de Maio, em mais uma Indie World, que a Nintendo deu a conhecer uma série de Indies para a Switch. Prevendo o lançamento de vários jogos ao longo do ano, naquele mesmo dia alguns títulos ficaram imediatamente disponíveis, entre os quais está Mini Motorways, jogo dos neozelandeses da Dinosaur Polo Club, título que já passou pelo Windows e pelo Apple Arcade. Se tiveram já oportunidade de jogar este “simulador” de vias rodoviárias é provável que se tenham deixado encantar pelo seu elevado desafio e tom minimalista. Se ainda não o fizeram, possuem uma Switch e espreitam regularmente as novidades indie, então este jogo bem poderá ser dos próximos a adicionar à vossa ludoteca.

Há boas razões para isso, desde logo pela forma como os produtores foram capazes de erguer um conceito aparentemente complexo e muitas vezes encaixado nos domínios mais profundos de um sim city, dentro de uma fórmula que se torna bastante simples de conhecer e interagir. O impressionante tutorial activo permite-nos perceber o funcionamento do jogo num par de minutos. Rapidamente começamos a criar ligações rodoviárias entre edifícios, favorecendo o tráfego, o que permite à urbe crescer e adquirir mais densidade. A dificuldade está em conseguir ordenar todo o caos que o trânsito projecta à medida que a cidade cresce exponencialmente. Para isso terão de acrescentar semáforos, rotundas e até abrir auto-estradas e fazer pontes numa tentativa de escoar mais depressa os veículos em movimento.

A luta contra o tempo torna Mini Motorways num jogo pela sobrevivência

O crescimento da cidade é quase automático. Basta que liguem dois edifícios, permitindo que o trânsito flua, para que em poucos segundos ou dentro de um minuto surjam mais edifícios prontos a receber ligações. As rodovias são abertas assim que conduzem o ponto luminoso com o stick analógico ou tocam no ecrã numa área quadriculada. É indiferente se conferem uma curva ou traçam uma recta. O objectivo é que sejam eficazes nas criação dos eixos, sendo que por cada quadrícula assinalada é consumida uma unidade. Estas unidades de rodovia não existem num número infinito, pelo que terão que utilizar os recursos da melhor forma e visando a máxima eficácia e fluidez de circulação.

Há outro factor a ter em conta, para além do tempo, que é a cor dos edifícios. Se ligarem as casas da mesma cor a circulação será mais célere entre esses pontos, assegurando a chegada atempada dos veículos. O tempo é dividido por semanas e por semana são entregues novas unidades de rodovia, com opcional de uma rotunda, semáforo, auto-estrada ou ponte, que aqui funcionam como upgrades. Estas existem em número limitado e permitem gerir o fluxo de trânsito, ao mesmo tempo que o objectivo se mantém, ligar de forma eficiente as áreas da mesma cor. Ao fim de algumas semanas (alguns minutos em tempo real) a cidade muda de configuração e começa a dar sinais de alguma saturação. É possível mudar as rodovias e desenhar novos eixos, visando uma melhor fluidez.

Curiosamente, a cidade cresce até ao ponto de não retorno, quando já não conseguimos modificar os eixos e não nos resta outra solução senão implementar uma rotunda ou colocar semáforos, suavizando o tráfego. Podemos sempre redesenhar mas chegará um momento no qual será impossível garantir que os veículos atinjam o seu destino em tempo útil, o que significará o fim do jogo. É este o maior desafio que se impõe ao jogador, sobreviver o mais que puder numa cidade que cresce automaticamente até ao ponto de tornar o trânsito num caos. As alterações são dinâmicas, o que significa uma geografia da cidade diferente quando voltam a traçar as rodovias, mesmo que o objectivo seja o mesmo. Na verdade, é um jogo de escopo ou finalidade únicas. De algum modo garantir a fluidez do trânsito até à impossibilidade.

Tom minimalista e arte de mãos dadas

Afastando-se da profundidade dos simuladores de gestão e das construções citadinas, cujos jogos alcançam múltiplas camadas, há aqui uma suavização em termos de ferramentas e até da geografia das cidades, bastante minimalista embora muito eficaz quanto ao grau de convencimento. Com formas quadriculadas e minimalistas, a apresentação parece rudimentar mas revela ao mesmo tempo uma dimensão artística, nas cores que separam as construções, nas faixas de rodagem e nos automóveis em circulação, sob a forma de pequenos retângulos.

Existe até a possibilidade de alternar a apresentação, do dia para a noite, com destaque para as luzes dos carros e os efeitos luminosos dos semáforos. A versão nocturna não fere tanto a vista e mostra-se como a opção certa para aquelas incursões nocturnas quando jogamos até tarde. Por outro lado, a geografia das cidades também é variável, com destaque para os rios e a cor do solo. Existem grandes cidades passíveis de exploração, mas o exercício é o mesmo, o que não permite grande diversidade em termos de apresentação. A música adapta-se às diferentes fases de evolução da cidade e poucas vezes chega a importunar.

Com tabelas de liderança, desafios diários e semanais, múltiplas cidades e a constante reformulação dos mapas, Mini Motorways não tem fim à vista. É verdade que em sessões de jogo mais longas pode tornar-se repetitivo, ao sermos induzidos para o mesmo objectivo mais uma vez, mas há sempre uma chance de sairmos melhor num novo recomeço. As mecânicas são simples, a apresentação é minimalista e convincente, e só as pequenas decisões podem fazer a diferença.

Prós: Contras:
  • Aspecto minimalista converge com arte
  • Assente em curtos desafios
  • Conceito simples e fácil de apreender
  • Boa adaptação à Switch
  • Múltiplas cidades e desafios
  • Banda sonora
  • Em sessões mais prolongadas pode tornar-se repetitivo

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