Mirror's Edge
Viver na Corda Bamba!
A inovação começa a tornar-se um mito no reinado dos videojogos, todos a procuram, mas só uma minoria consegue alcançar o céu. Por isso mesmo é tão difícil encontrar o jogo perfeito. Acho que posso dizer que existem 3 classes de jogos – os que apresentam uma estória fora do normal, os que têm gráficos de luxo e os que inovam. Raro é o jogo que consegue enquadrar estes 3 elementos.
Mirror’s Edge prima pela inovação, sendo esse o seu principal argumento para vingar. Uma inovação que vai desde a jogabilidade até ao visual, tornando-o um jogo único. Mas é claro que tudo isto seria em vão se o jogo na sua totalidade não funcionasse bem, o que, neste caso, acontece. De entre toda uma panóplia de elementos que torna Mirror’s Edge um jogo especial, a jogabilidade é sem dúvida o factor mais importante. Em primeiro lugar não o posso tratar como um Shooter convencional em que, geralmente, o que mais importa é a conjugação entre o bom funcionamento das armas e a quantidade de litros de sangue que é solta a cada disparo. O conceito de Mirror’s Edge vai muito além disto, pois a soma de todos os elementos que o caracterizam tornam desde logo a utilização das armas um factor completamente trivial.
O jogador está na pele de Faith, uma rapariga tão normal como qualquer outra pessoa e que, ao contrário do que pode parecer, não tem qualquer tipo de poder super-especial. Tem tudo aquilo que é o bastante para o seu propósito, é ágil e rápida, o que lhe permite saltar de prédio em prédio e desarmar inimigos como quem tira chupa-chupas a bebés. E é por isso mesmo que Faith não precisa de armas. Ainda assim, elas existem, e sempre que um inimigo for desarmado será possível apanhar a sua arma e carregá-la pelo cenário. Contudo, Faith não tem a massa muscular de um soldado dos fuzileiros, pelo que carregar uma arma tem as suas implicâncias. Dependendo do tamanho da arma, esta poderá reduzir drasticamente a sua velocidade e mobilidade, ou até impedi-la de saltar o mais pequeno dos fossos entre prédios.
É engraçado falar em “inimigos” quando os inimigos de Faith são a própria polícia. Digamos que a nossa heroína tem os seus problemas com as autoridades, tal como as autoridades têm os seus problemas com os Runners. Faith é uma Runner, mas não a única. O Parkour parece ser uma modalidade que caiu em moda e a existência destes Runners faz com que estejam espalhados pela cidade vários avisos para advertir a população da existência dos mesmos. São as milícias rebeldes e revolucionárias lá da cidade, o que os torna um quanto ou nada renegados pela população, e é por isso mesmo Faith levará grande parte da sua aventura a ser perseguida.
Mas é precisamente aqui que o jogo se torna incrível. Jogar Mirror’s Edge foi uma das experiências mais recompensadoras que já tive. A jogabilidade é tão intuitiva e bem implementada que dá vontade de jogar e continuar a jogar. Tudo dá uma sensação de liberdade incrível, desde caminhar pelas paredes, até aos saltos super irrealistas mas altamente divertidos. É claro que por vezes existem saltos e quedas completamente aparatosas e de um irrealismo tremendo mas, quem é que se importa? Na maior parte das vezes Faith irá ser perseguida pela polícia ou até mesmo por forças especiais mas, por vezes, também será Faith a perseguir os seus arqui-inimigos, dando uma sensação incrível de adrenalina, entusiasmo e ansiedade.
Inicialmente pensou-se que Mirror’s Edge seria uma aventura em estilo Sandbox, na qual o papel de Faith seria distribuir mensagens importantes e confidenciais pela cidade. No entanto nada disto acontece. Faith tem uma missão que é salvar a sua irmã da tentativa de incriminação de um crime, e este é o mote do jogo. Toda a caminhada segue uma acção linear sem que existam qualquer tipo de missões extra para a entrega de mensagens e pacotes confidenciais. No entanto, existem 3 malas amarelas escondidas ao longo de cada nível. A captura das malas não é de forma alguma obrigatória, mas podem ser capturadas para a aquisição de alguns Trophies ou Achievements.