Missão: Impossível - Ajuste de Contas é tudo o que mereces e mais
Um filme espetacular que respeita a essência da série.
Missão: Impossível - Ajuste de Contas Parte 1 é o que chamaria de filme absolutamente eletrizante e inteligente. Aposta num tom familiar, que respeita a essência desta série, que já nos habituou a um conjunto específico de elementos, mas é precisamente por isso que os queremos ver. Isto mostra Tom Cruise e Christopher McQuarrie com uma forte compreensão do que significa apresentar um novo M:I aos espectadores.
Ao apostar no que a série melhor sabe fazer e pelo qual ficou celebrizada desde a década de 90, Cruise e McQuarrie tiveram de pensar não só numa série de sequências de ação com grande estilo, mas também num jogo de espiões que transporta para um contexto atual o estilo que tantos filmes inspirou nesses anos. O resultado é simplesmente espetacular, digno de imensos elogios e vais ficar agarrado, sempre à espera do que vai acontecer em seguida e sem conseguir prever o desfecho.
A sequência inicial é uma boa representante do filme em si, repleta de tensão, incógnitas e sempre com a sensação de iminente perigo. Mesmo com um grupo de personagens que nem conheces, é fácil sentir que está em jogo muito mais do que parece e após esta sequência, tens uma sucessão de cenas nas quais é exibida toda a classe de Ethan Hunt e de uma forma muito natural é traçada a diferença dos agentes da velha guarda para os novatos.
De uma forma dinâmica, personagens importantes surgem em cena para explicar o que acabaste de ver na introdução e sempre com a sensação de progressão na narrativa e tempo dentro do filme, a forma radical de actuar deste agente Ethan Hunt é exposta a novas audiências com grande estilo e classe. Sem perder qualquer tempo a explicar quem é Hunt, Cruise não se esquece que novas audiências podem nem sequer conhecer a série e faz questão de cobrir esta possível necessidade de forma dinâmica.
Onde o filme mostra verdadeira inteligência é ao transportar todo o conceito M:I que poderás conhecer desde o primeiro, aquele jogo de espionagem com traições, o mundo em perigo iminente e a sensação que pouco é como realmente parece, para a era moderna, com o perigo da inteligência artificial. Como seria de esperar, a arrogância humana para acreditar que é capaz de controlar o que não compreende em pleno é um dos alicerces da narrativa do filme.
Poderás abordar de formas filosóficas o filme e procurar com facilidade contextos políticos e sociais como inspiração para a narrativa, mas seja qual for a tua postura para Missão: Impossível - Ajuste de Contas, o certo é que o filme é espetacular e prende do início ao fim. Não vais querer tirar os olhos do ecrã e entre espiões em fuga, jogo do gato e do rato, loucas perseguições em Roma e acrobacias em montanhas, Tom Cruise mais do que cumpre na sua missão de entreter.
Halley Atwell é uma forte adição ao elenco de Missão Impossível e mais uma vez, é uma ferramenta para mostrar a velha guarda a passar o testemunho e a tentar criar uma nova era de espiões. Mostram o contraste entre passado e presente incrivelmente tecnológico, mostram os novos perigos, mas também mostram como as abordagens e habilidades de outrora ainda servem muito bem nesta era.
É difícil falar de Missão: Impossível - Ajuste de Contas sem revelar detalhes das cenas, mas são as constantes surpresas, humor pertinente e oportuno, o novo vilão que ameaça o futuro, mas está relacionado com a origem de Hunt, que mostram que esta equipa dedicou imenso esforço em produzir algo que é reminiscente da série, mas bem enquadrada com a era moderna.
Os responsáveis pelo filme não caíram no erro de estupidificar o enredo ou personagens numa tentativa de ser fixe ou diferente da sua essência, não tentaram inventar a roda e mostram simplesmente que não é preciso querer educar as audiências, mas sim entreter a audiência. É tão fácil respeitar e adorar Missão: Impossível - Ajuste de Contas após toda aquela sucessão de cenas intensas.
Missão: Impossível - Ajuste de Contas é o tipo de filme que merece ser visto num grande ecrã, com um bom sistema de som a engrandecer a intensidade da experiência do espectador. É diversão pura, daquela que satisfará todo o tipo de audiências e Tom Cruise não o assumiu como uma missão sua, mas parece mesmo que está disposto a salvar o cinema e a convencer as pessoas que ainda vale a pena sair de casa.