Modern Warfare 2
Pulsações elevadas!
Vimos em Modern Warfare como a Infinity Ward provou ser capaz de executar planos e tarefas militares dentro dos jogos, num quadro moderno e empurrado pelos pequenos conflitos, localizados especificamente nos pontos do planeta onde subsistem tensões, atrocidades e por vezes uma paz segura apenas por um fio, capaz de rebentar a qualquer altura. Foi uma entrada e mudança de agulha exercida com autoridade, que pôs a concorrência em sentido, em absoluto estado de alerta. Terá sido mais a forma como a Infinity lidou com as expectativas e com as motivações dos jogadores, não as defraudando, que acabou por provocar uma onda de empatia, admiração e proveitosos resultados. O primeiro episódio foi um sucesso descomunal e arrasador em vendas, como se esta definição dos conflitos fosse motivo para uma transmissão Live, pondo os interessados de televisor ligado a meio de uma madrugada para ficarem a par dos últimos desenvolvimentos.
Ao inaugurar uma nova e cabal definição dos conflitos armados à escala global, para os quais os Estados Unidos ainda figuram como poderoso titular e guardião da paz mundial, a Infinity protegeu e preservou de uma forma escrupulosa todo o trabalho de construção da sequela. Os vídeos e imagens chegavam a conta-gotas, as informações escasseavam e desta vez quem ficou à espera de descarregar a beta multijogador pública, bem ficou de mãos a abanar. Para a concorrência, sabendo que este jogo actuaria como um peso pesado, decisões espertas levaram ao adiamento de lançamentos para o primeiro trimestre de 2010, ainda que para esta altura tenham ficado alguns resistentes. Mas isso é uma outra “guerra” que não importa escrutinar aqui e agora.
As coisas ficam mais sérias quando está em causa um jogo de guerra, dos tempos modernos e para as consolas da moderna geração. Espera-se por mais realismo, mais física, mais impacte; no fundo, os jogos desta geração têm vindo a atalhar por esses desejos dos jogadores, alcançando um novo substrato emocional. Se chegam por isso até aqui com a ideia de encontrar uma espécie de gun porn acrescida de uma soberba execução em termos técnicos, vão sentir que o cume da montanha está uns valentes metros acima e nem todos podem sentir-se preparados para deslindar os metros que sobram. A guerra é cruel e más coisas acontecem.
Por isso a Ininifty começou por estabelecer algumas regras prévias quanto à progressão estabelecida para a campanha. Mesmo antes de seguirem em missão para o Afeganistão, o ponto de partida, são advertidos sobre a existência de algumas missões que podem deixar desconcertados e atingidos se tiverem a sensibilidade à flor da pele. Ainda que aceitem percorrer esses segmentos, há uma ulterior fase de admissão. É compreensível a opção por um repisar mais cruel da guerra. O 11 de Setembro mudou a escala dos conflitos e o terrorismo (Nova Iorque e Madrid como os casos mais marcantes) passou a ser uma das principais preocupações das potencias mundiais que zelam pela paz.
A forma como conceberam essa motivação vai mais longe, com uma abordagem inesperada mas capaz de operar reviravoltas, ainda que este jogo não deixa de ser sobretudo uma continuação e manutenção do trabalho desenvolvido em Modern Warfare. Mas nem só pela reestruturação e novo posicionamento da campanha individual a Ininity Ward estaria a contribuir de modo suficiente para cumprir o desafio de superação das metas anteriormente estabelecidas. A tentativa para superar o auge do jogo anterior levou os produtores a implementarem novos modos de jogo, mais missões e esse prolongamento começa pelo Spec Ops, um modo que corresponde às expectativas dos jogadores que pretendem coligar esforços para superar missões similares. Seja em partidas on-line a partir de um convite endereçado a um amigo ou por ecrã partilhado, Spec ops abre uma forma distinta de irromper pelos cenários e com outro tipo de estratégia coordenada a gosto. Por seu turno a componente multiplayer mantém-se intacta e plena de modos e adaptações para 16 jogadores o que é sempre colhido com bom grado.