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Molyneux preocupado com o hype excessivo de HoloLens

Relembra o que aconteceu com o Kinect.

Será que a Microsoft está a prometer demasiado com o HoloLens? Esta é a preocupação de Peter Molyneux, que quando ainda trabalhava na Microsoft experimentou uma fase muito inicial da tecnologia.

Os vídeos de apresentação deste dispositivo de realidade aumentada e as primeiras impressões são extremamente positivas, mas Molyneux relembra que a sensação foi semelhante quando o Kinect foi revelado, que apesar de estar hoje integrado com a Xbox One, não cumpriu metade do que prometeu.

Será que no futuro vamos jogar Minecraft deste modo?

"De facto, lembrou-me do Kinect," comentou Molyneux com o GamesIndustry. "Apetece-me gritar para não prometerem demasiado. Nos vídeos conceptuais tudo parece perfeito, parece que tudo está a funcionar, e como descobrimos com o Kinect, tudo funciona direito no perfeito ambiente, com a perfeita distância e se tiveres a forma humana perfeita. Mas é um desafio se qualquer uma dessas coisas não correr perfeitamente".

Apesar do potencial da tecnologia, Molyneux está convicto de que a Microsoft mostrou coisas demasiado futuristas no vídeo de apresentação.

"A tecnologia que a Microsoft mostrou com o HoloGlass é fenomenal. Se retirasses algumas partes daquela demonstração e dissesses que podes ver televisão em qualquer superfície, ficaria impressionado, mas eles avançaram muito para o futuro. Num dos momentos tinhas Minecraft adaptado à geometria da sala. Eles não explicaram bem como obtiveram aquela geometria".

Outra das preocupações de Molyneux é o software. Na criação de novas tecnologias é injectado imenso dinheiro para a optimização e para chegar à versão final, mas igual investimento deve ser feito na criação de software. Mais uma vez, somos relembrados do que aconteceu ao Kinect.

"A única vulnerabilidade é quanta dedicação a Microsoft tem e durante quanto tempo vão apoiar a realidade aumentada. Eles apoiaram o Kinect por um bocado, mas não foi um dispositivo amado. Não foi adorado pela comunidade e não acredito que foi amado pela Microsoft," disse Molyneux.

Um exemplo a seguir foi o apoio que a Apple deu ao primeiro iPhone, criando aplicações para o smartphone em vez de esperar por terceiros.

"O que é bizarro é a quantidade de esforço, tempo e dinheiro envolvidos na investigação de tecnologia, como a tecnologia do Kinect para analisar os corpos, e existe sempre uma frase dos fabricantes de hardware - seja da Microsoft ou outros - que é 'mal podemos esperar para ver o que acontece quando chegar às mãos dos produtores'. Se a Apple tivesse dito isso quando introduziram o iPhone, penso que não teríamos o iPhone de hoje!"

"O que deveria acontecer é um investimento semelhante na investigação de aplicações no mundo real com utilidade e que funcionem de forma robusta, suave e encantadora," explicou.

É impossível não ficar entusiasmado com aquilo que foi apresentado pela Microsoft, mas os medos de Molyneux não são completamente infundados. Uma coisa é uma apresentação num ambiente controlado, outra é o uso da tecnologia no mundo real com variáveis incontroláveis.

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