Momentos de diversão em Lost in Random
EA Originals volta a dar asas a um projeto mais pequeno.
Após a apresentação a que tivemos acesso, era tempo de deitar as mãos a Lost in Random, dos escandinavos da Zoink Team. Neste jogo com um semblante sombrio e particularmente semelhante a obras de mentes como Tim Burton, temos uma narrativa que estabelece a sua essência num mundo imaginário guiado por uma filosofia de aleatoriedade e probabilidade. Num universo único chamado Reino de Random, onde mais uma vez é abordado o tema eterno do bem contra o mal, com a existência patente de heróis e vilões envolvidos numa luta perpétua em análogas abordagens.
Este artigo centra-se na minha experiência com a demonstração de Lost in Random, a que a Electronic Arts nos deu acesso. Foram várias horas a jogar, e consegui compreender o conceito que aqui foi idealizado e edificado. Sem estragar surpresas, vou abordar a história da forma mais superficial possível e abordar principalmente a sua jogabilidade. Nestes trabalhos a narrativa é sempre um dos pilares mais importantes e convém não a estragar. É através dela que o jogador é arrastado para um mergulho num mundo de fantasia idealizado para submergir o jogador através de toda a sua atmosfera.
"mundo idealizado para submergir o jogador através de toda a sua atmosfera"
"mecânicas aqui implementadas são tentativas revigorantes e firmes de fazer algo novo que puxe a jogabilidade para diferentes patamares"
O tempo dedicado a esta demonstração foi consagrado ao desdobramento inicial da própria aventura, com uma forte ênfase na sua narração para criar ligações sentimentais com as personagens. Movemo-nos por um mundo concebido de uma forma muito linear, com um sentido de liberdade limitado. É uma abordagem com forte ênfase na narrativa, mas também com uma refrescante mecanização dos seus aspetos videojogáveis. As mecânicas aqui implementadas são tentativas revigorantes e firmes de fazer algo novo que puxe a jogabilidade para diferentes patamares.
A atmosfera criada pela equipa Zoink é toda ela cartoon com um aspeto sombrio, sendo uma escolha artística interessante e bem adaptada ao tema proposto. Não posso deixar de referir a excecional banda sonora, que é deliciosa, onde até o próprio narrador possui a voz perfeita para esta aventura. Para além do grande trabalho visual e sonoro, temos a já mencionada jogabilidade, que se baseia em mecânicas relacionadas com dados, probabilidades, aleatoriedades e baralhos de cartas. Esta mistura de elementos dá a Lost in Random um toque especial e acima de tudo interessante. O dado é uma espécie de nosso companheiro de viagem, capaz de nos ajudar em múltiplos momentos, com muito enfoque nos inúmeros combates ao longo do caminho.
O sistema aqui concebido é baseado no dado, nas cartas e nas suas combinações durante as batalhas. Os inimigos têm pontos específicos em forma de pedras preciosas que temos de atingir com a nossa fisga, o que posteriormente nos dá energia suficiente para lançar os nossos dados. Dependendo do número que recebemos, é-nos dada a opção de escolher cartas do nosso baralho previamente criado. Cada escolha tem um custo, e por vezes podemos escolher várias cartas, se os pontos forem suficientes. Os poderes conferidos pelas cartas são diversos, que vão desde a saúde, espadas com ataques especiais, bombas e muito mais. É esta combinação de elementos que torna a jogabilidade de Lost in Random diferente e com pitadas de inovação.
"de que cada vez que lançamos o dado, entramos em momentos de câmara muito lenta, como se o tempo parasse, o que de certa forma quebra a fluidez das batalhas".
Mas nem tudo funciona tão eficazmente como deveria, principalmente devido ao facto de que cada vez que lançamos o dado, entramos em momentos de câmara muito lenta, como se o tempo parasse, o que de certa forma quebra a fluidez das batalhas. Esta parte não foi fácil de aceitar e ultrapassar, senti um obstáculo nas batalhas e uma pausa um pouco intrusiva e artificial na ação. Tenho a certeza que com o tempo e familiaridade com a mecânica aqui envolvida serei mais eficaz na escolha das cartas, tornando-se intuitivo e evitando longos períodos a escolher o ataque mais apropriado ou recarregar a saúde, por exemplo.
As cartas do nosso baralho encontram-se em todo o Reino de Random. Temos de as encontrar, mas principalmente em mercadores espalhados pelo Reino. Estas tornam-se uma peça fundamental, já que o baralho aqui é uma das essências mais importantes em conjunto com o dado. A jogabilidade e as mecânicas são interessantes, mas encontram um obstáculo estranho relacionado com a movimentação da nossa personagem, que é um pouco desajeitada e lenta. Senti algum desconforto nos seus movimentos e na forma como são animados, dando uma sensação um tanto ou quanto presa nas ações realizadas, especialmente nos momentos passados nos combates.
Lost in Random aparenta-se como mais uma boa aposta da Electronic Arts, que desde 2017 tem apostado em projetos menores através do programa EA Originals. Desta forma tem valorizado obras de estúdios mais pequenos, dando-lhes a oportunidade de executar trabalhos que de outra forma teriam poucas hipóteses de ver a luz do dia. A Zoink Team pode assim realizar o seu sonho e trazer aos jogadores algo diferente com pormenores que merecem ser verificados.