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Monster Hunter World transporta-nos para um mundo novo

As impressões das primeiras 10 horas.

É provável que estejam a interrogar-se por que razão ainda não tem o Eurogamer Portugal uma análise a Monster Hunter World, o jogo da Capcom que saiu no final da semana passada para a PlayStation 4 e Xbox One. Sucede que só no lançamento tivemos acesso ao jogo, reunindo então as condições ideais para desfrutar de uma experiência que vive sobretudo (embora não exclusivamente) do multiplayer online.

Na verdade, há uma componente single player e é provável que nas primeiras horas queiram conhecer a aventura sem entrar em aventuras com mais comparsas online, até porque algumas missões terão que ser completadas por um jogador. Mas depois, ao fim de algum tempo de acomodação aos quadros e regras de jogo, descobrem que a utilidade desta aventura radica nas funcionalidades online e numa aventura que se estende pela via cooperativa. Muitos dos monstros criados para World são de tal modo avassaladores que sozinhos terão dificuldade em levar avante a missão.

Por isso e para acautelarmos o tempo de jogo necessário numa experiência tão rica, profunda e persistente, dobramos já as 10 primeiras horas. Mas ainda queremos ir mais adiante antes de pôr um veredicto final naquele que se projecta como o mais incrível episódio da série Monster Hunter, e também o mais acessível, com um sem número de explicações e quadros visuais repletos de atalhos e acessos rápidos de modo a tornar cómoda e mais navegável uma estrutura realmente complexa e exigente do ponto de vista da preparação.

Os ecossistemas são muito ricos e por vezes alguns monstros lutam entre si.

Após uma presença muito significativa em plataformas portáteis (nomeadamente na 3DS), a Capcom retoma o espectáculo das suas caçadas nas plataformas domésticas e o resultado parece-nos surpreendente. Claro que para um conhecedor de Monster Hunter, não vão encontrar um jogo revolucionário ou muito diferente do modelo utilizado dos anteriores. MH World é gigantesco - todo um mundo para descobrir - mas é também um jogo com uma estrutura online melhor integrada, dotado de passos mais claros e uma gestão mais eficaz, justamente a pensar nas novas audiências.

De certa maneira, ao anunciar MH World na pretérita E3 em Los Angeles, a Capcom quis alargar ao ocidente a margem de actuação de Monster Hunter, onde a sua popularidade não atinge os mesmos níveis verificados no Japão, embora tenha aqui uma oportunidade para concretizar esse potencial. A coesão, consistência e naturalidade com que caminhamos para as missões e nos atrevemos a enfrentar criaturas gigantescas capazes de imobilizar os nossos músculos através de um só rugido, revelam uma maturidade muito grande da produtora, ao ponto de dar seguimento a muitas ideias e novos esquemas, elevando a qualidade da série.

A sensação que fica ao cabo das primeiras 10 horas é de um avanço muito substancial em todas as áreas. Os ecossistemas são muito diversificados e detalhados, com indicação luminosa sobre os itens necessários ao fabrico de armas, poções e outras coisas úteis, processo indispensável ao progresso da campanha e subida do ranking para acesso a mais e melhores missões. O sistema de combate está mais intuitivo, com novos golpes e combinações, através de arenas e zonas de treino onde podem testar a amplitude devastadora de cada arma e conhecer melhor os seus efeitos.

A boa integração online é uma das maiores forças de MH World.

Visualmente é de uma qualidade assinalável, com mais detalhe e riqueza nos ecossistemas, especialmente na apresentação dos monstros, criaturas colossais incríveis que ao serem atingidas pela nossa lança pontiaguda desatam numa correria capaz de produzir um efeito similar ao de um tremor de terra. As criaturas são assustadoras e imprevisíveis, mudando de comportamento ao longo do combate. Ao princípio começam por efectuar movimentos evasivos, mas depois perdem a paciência e lançam acções difíceis de contornar, forçando o nosso empenho máximo em movimentos ofensivos e defensivos. Teremos sempre o nosso Palico por perto para o que der e vier, mas o melhor é a possibilidade de lançarmos um pedido de SOS quando as coisas começam a ficar feias e damos conta de que sozinhos não vamos lá.

O apoio garantido através de jogadores que vêm em nosso auxílio não conhece fronteiras de regiões e por isso já algumas vezes contei com a preciosa ajuda de jogadores japoneses e norte-americanos. Este apoio é precioso e revela uma das qualidades maiores do jogo, a integração online, que nos permite estar sempre ligados e partir para missões com membros da nossa equipa, bem como responder a um pedido de SOS, participar numa batalha em formato arena ou simplesmente aceitar missões colocadas por outros jogadores, desde que tenhamos progredido o suficiente na campanha. As sequências cinematográficas são boas e servem de interlúdios para épicas batalhas.

Findas as primeiras 10 horas fica a sensação de uma aventura em crescendo, que melhora muito do que apresentou em edições anteriores e garante mais acessibilidade e uma apresentação mais eficaz dos menus a fim de tornar a experiência mais fluida e gratificante. Daremos ainda mais algum tempo antes de publicarmos o nosso veredicto, mas parece que a Capcom fez o trabalho de casa e esmerou-se neste regresso de Monster Hunter ao formato doméstico, talvez a pensar na conquista dos mercados ocidentais. World é muito daquilo que gostaríamos de ver concretizado no passado mas é também uma soma de ideias melhor implementadas e novas perspectivas.

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