Moto GP 2015 - já jogámos o próximo título da Milestone
Serás tu (e a tua equipa privada) o novo rival de Marc Márquez?
As minhas primeiras memórias do campeonato do mundo de motociclismo remontam à última temporada do norte-americano Wayne Rainey, em 1993. Lembro-me perfeitamente da sua 500 cc pintada com as cores da Marlboro e de como o californiano era um habitual contendor pelos primeiros lugares. Fiel seguidor das provas de Fórmula 1 nessa altura, os domingos à tarde depois do almoço eram muitas vezes passados em torno do televisor, regulado para o Canal 2. Como a Fórmula 1 tinha provas quinzenalmente, metiam as corridas de motociclismo, 500 CC (a prova rainha), no meio e ficava deliciado só por ver aqueles pilotos seguros à mota, curvando quase deitados, negociando vertiginosas ultrapassagens nessa posição, ainda que no processo a mota desse alguns abanões, como quem quer libertar-se do peso adicional e ver-se livre daquelas pessoas equipadas a capacete e de joelheiras para o raspar no asfalto, agarradas aos manípulos como quem se agarra à vida.
Depois, recordo-me do domínio imposto por Mick Doohan e a sua bela Honda. Recordo-me da passagem para o Moto GP, em lugar dos 500 cc e da ascensão de Valentino Rossi, o italiano que só precisava de um ano para aprender antes de ganhar e ganhar a valer. Venceu por uma enormidade de vezes durante a primeira década do milénio. Não havia domingo sem fumo branco depois da bandeirada e mesmo agora, sem ter a melhor mota, ainda comete grandes brilharetes, faça sol ou chuva (acabou em 2º em 2014). Quem sabe nunca esquece. Hoje acompanho menos as transmissões televisivas. A passagem para canais privados e pagos afastou-me, uma vez que não sou muito conivente com o sistema de pagar para ver televisão. No entanto, acompanho os resultados das provas e mantenho-me atento às notícias e informações sobre este particular desporto, recorrendo aos jornais e web sites dedicados.
Nesse período, quando a Capcom primeiro e depois a Namco passaram a editar para a PlayStation 2 os jogos do campeonato do mundo de motociclismo, em meados dos anos 2000, os Moto GP eram uma espécie de participação virtual no campeonato do mundo, mais do que uma visita aos bastidores do desporto, com uma reprodução bastante assertiva, deixando boas impressões e um prolongamento do que se via na tv. Entretanto, muitas alterações decorreram, quer em termos de pilotos, quer quanto às regras e motas. Para os fãs, a intensidade das provas e emoção da categoria mais forte, mantém-se. O objectivo de qualquer piloto que ingresse numa Moto2 ou Moto3 é o mesmo: chegar à categoria rainha e sagrar-se campeão. Marc Marquez, o catalão da Honda é um prodígio e já leva dois campeonatos consecutivos no bolso.
Curiosamente, em 2014, os campeões das restantes categorias foram espanhóis, colocando Espanha num ponto nuclear da modalidade. 4 dos 18 circuitos são espanhóis, há um número elevado de pilotos distribuídos pelas 3 principais categorias e mais de 2 milhões de espectadores, só em território Ibérico, o que justifica a aposta da Namco Bandai com o novo jogo produzido pelos italianos da Milestone para a temporada de 2015. Moto GP 2015 e a bem dizer a série, dirão sempre mais aos fãs da modalidade, dispostos a criarem o seu próprio piloto, num renovado modo carreira, em alternativa à escolha do seu ídolo, antes de disputar o campeonato do mundo.
Para a presente edição - Moto GP 2015 -, a Milestone (Itália é também um viveiro de grandes campeões do motociclismo) aposta numa grande série de melhoramentos e inovações face ao jogo da temporada passada, o primeiro a sair numa plataforma da nova geração, a PS4. Desta edição, porém, regista-se a chegada da versão Xbox One, ausente na temporada anterior, sabendo-se que a One foi lançada mais tarde nalguns territórios europeus.
Sem revolucionar sobre o anterior modelo de jogo, Moto GP 2015 irá proporcionar todas as estruturas do Moto GP, 2 e 3, o que significa pilotos, motas e pistas oficiais. Sobretudo é um jogo que pretende apresentar-se mais fresco e pronto para captar a atenção dos fãs da modalidade. Do ponto de vista gráfico, o jogo apresenta melhorias bastante significativas, sobretudo ao nível da reprodução das pistas, destacando-se os efeitos de luminosidade, numa tentativa de proporcionar maior imersão.
Uma das mais relevantes alterações diz respeito ao modo carreira. O feedback dos fãs tem apontado no sentido de uma maior personalização, ao que a Milestone respondeu, permitindo que o jogador opte entre motas e pilotos reais e as equipas privadas, criadas a partir de um editor que possibilitará a criação física do piloto e a selecção de uma mota dispondo de um conjunto de quadros e modelos oficiais. Com objectivos apontados à temporada e no imediato (em provas o jogador terá que superar determinado adversário), a progressão ao longo da temporada será recompensada com a celebração de contratos com os patrocinadores oficiais. Corrida após corrida a experiência terá um grau de personalização e envolvimento do jogador bem diferente da que normalmente teria com um piloto oficial. Desde o nome, logo e mota, há uma série de pontos passíveis de personalização e espera-se que isso sirva de alento dentro do campeonato.
Relevante neste domínio a existência de um sistema de créditos: os GP credits. Depois de provas bem sucedidas estes serão amealhados podendo ser posteriormente trocados por novas motas (44 modelos de personalização), equipamento, equipa, etc. Outros melhoramentos em Moto GP 2015 incluem a entrada em pista do safety car e a volta de aquecimento, a Warm Up lap que possibilita aos pilotos aquecer os pneus e mantê-los à temperatura ideal de modo a chegarem à primeira curva depois da partida nas condições ideais. Outra inclusão respeita aos vídeos oficiais e capturas com os melhores momentos das provas. A câmara lenta nas repetições mereceu um destaque especial, fruto da melhoria em termos gráficos, deixando assim uma impressão mais realista, algo que deverá agradar aos fãs.
Ainda que com o plantel da temporada 2014 (estará incluído em Moto GP 2015 como opcional) à nossa disposição, pudemos disputar algumas provas e obter uma impressão mais segura sobre o comportamento das motas. À semelhança dos jogos anteriores é possível gerir o âmbito da experiência, favorecendo a simulação ou as corridas rápidas, de índole marcadamente arcade. Para isso existem diversos parâmetros e ajustes, como a tão famosa linha de trajectória. Após a partida e já dentro das primeiras curvas verificámos uma melhoria em termos de comportamento da mota. Os erros não são tolerados, com idas à gravilha ou ao separador a causarem uma descompensação capaz de fazer cair o piloto, o mesmo sucedendo com os toques nos adversários, quando com maior intensidade. A transmissão da potencia às rodas merece particular atenção, especialmente à saída das curvas. Dosear o acelerador é fulcral, sob pena de se deixar fugir o grupo de perseguidos. A Milestone apostou numa melhoria da inteligência artificial, o que significa melhor reacção por parte dos adversários e também menos erros. Senti uma capitalização dos nossos erros por parte dos oponentes, com ultrapassagens rápidas e incisivas, fugindo imediatamente do nosso alcance quando a trajectória se faz por largo. A chegada em primeiro lugar ao "apex" da curva perspectiva-se como uma das grandes lutas.
À volta da mota nota-se uma descrição bastante assertiva e detalhada das pistas, quase fotográfica, num patamar que a Milestone nunca atingira, especialmente ao nível da iluminação. Nada a apontar quanto à fluidez de jogo, com boa cadência mesmo quando ocorre uma maior concentração de pilotos na mesma curva. Para lá da renovação do modo carreira a Milestone apostou na inclusão de alguns novos modos de jogo. Bater o tempo de um rival, numa pista e com uma mota específica é uma das novas propostas. Haverá uma espécie de revisita da temporada 2014, com uma série de eventos que permitirão aos jogadores reviver a experiência. Isto a juntar aos modos clássicos, desde multiplayer, Time Trial, entre outros.
Ciente da popularidade do desporto e da existência de um grande número de fãs, a Milestone regressa em 2015 e novamente sob o apoio da Bandai Namco, com novo jogo do moto GP, esperando conquistar mais adeptos a partir de uma experiência de jogo melhorada e inovadora em diversos capítulos. As alterações são significativas e abrangem quase todos os pontos do jogo, desde modos de jogo, grafismo, condução e elementos personalizáveis. A partir de Junho os fãs poderão deslocar-se do televisor para as pistas virtuais. Com os seus ídolos ou com a sua personagem, o campeonato do mundo de motociclismo conhecerá novos participantes, dispostos a competir pelo primeiro lugar, com os melhores.