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MotoGP 13 - Análise

Marc Márquez o ritmo.

Findo um interregno de dois anos, a licença do MotoGP está de volta numa edição 2013 que conhece nova editora e vê regressar uma anterior produtora, a Milestone, com intervenção em dois jogos (o último, editado em 2008), embora os italianos sediados em Milão tenham dado sequência às corridas de motas através do SBK, o campeonato mundial das Super Bikes. A suspensão do campeonato de motas protótipo em termos virtuais, permitiu arejar um sistema de condução que dava já sinais de acentuado desgaste por parte dos britânicos da Monumental Games. Contudo, também não podemos ignorar que este é um regresso da Milestone, um estúdio que trabalha com baixos orçamentos e que normalmente requer algum tempo de readaptação às franquias até conseguir alcançar um patamar de produção compatível com as expectativas dos adeptos desta modalidade desportiva.

Isto porque quem jogou os títulos mais antigos ou mesmo os jogos da série SBK, não vai encontrar aqui um quadro de opções alargado em novidades ressonantes. Os modos mais tradicionais e comuns ao género ainda continuam a estruturar o conteúdo do jogo, tendo que se progredir no modo carreira de modo a encontrar o ponto de maior destaque do jogo, embora fique sempre a sensação de que da próxima é que poderá ser. Não é por acaso que encontramos algumas equiparações, ao nível do modo carreira, com o WRC, outra série dirigida pela Milestone, nos últimos anos.

O circuito de Austin Texas oferece algumas curvas de grande velocidade, mas também fortes travagens e uma subida acentuada após a partida.

Contudo, a novidade mais importante dentro do modo carreira - a espinha dorsal do jogo -, vai para a presença dos "wildcards" ao longo da primeira temporada. O objectivo continua a ser o mesmo de sempre. Começar com um piloto desde o zero, desde "piloto local", até campeão do mundo da mais importante categoria, o MotoGP. Para lograr o objectivo será preciso vencer todas as temporadas e começar a fazê-lo da melhor maneira possível, através dos Wildcards, cumprindo objectivos mínimos. Essa é a forma ideal de chamar a atenção de uma equipa média do pelotão. No começo, os requisitos mínimos são um décimo quinto lugar e, para dar mesmo nas vistas, superar o colega de equipa. Se finalizarem com êxito os desafios, não só aumentará a vossa experiência como ficarão mais conhecidos e terão possibilidades para assinar com uma equipa de categoria no final do ano.

À medida que acumularem bons resultados, mais equipas se revelam dispostas a beneficiar dos vossos serviços, sendo isso bem visível numa barra de interesse que assinala quão perto estão de assinar contrato com o patrão da equipa. O acompanhamento através do vosso computador portátil instalado na motorhome, permite-vos ler os e-mails do vosso manager e do patrão da equipa. É interessante descobrir como a Milestone alargou esta componente fora das corridas, embora não seja nada de novo em jogos de velocidade motorizada. A motorhome é também o espaço onde podem equipar o fato, mudar o capacete e seguir o calendário de corridas. Na garagem, já em pleno fim de semana de competição, podem beneficiar de um conjunto de opções como afinar a mota directamente através de um conjunto significativo de acertos ou então seguir as indicações dadas pelo engenheiro pessoal, baseadas numa série de possíveis feedbacks.

Enquanto opções, muitas delas são domínio essencial de outras séries, especialmente da SBK e do WRC. Até o começo do jogo é deveras familiar para quem já percorreu os trabalhos mais recentes da Milestone. Desde a escolha do nome do nosso piloto, até à forma como salta para a montada, numa postura que pode ser mais agressiva em curva ou aerodinâmica e equilibrada, não se tratam, de facto, de novidades completas, mas que ainda assim encontram bom eco nesta edição.

No centro da acção.

Pelo meio do modo carreira, há sempre a tentação de fazer uma escapada a um Grande Premio disputado na categoria máxima. Aqui podemos aceder aos pilotos que integram o campeonato, estando todos eles e respectivas motas, devidamente oficializados. As motas do MotoGP são realmente protótipos impressionantes, cujo comportamento selvagem e mais complexo de dominar num primeiro contacto pode ser moderado através da selecção de um nível de dificuldade intermédio e de um conjunto de assistentes. Porém, nos patamares mais altos e sem ajudas, paga-se caro (quase sempre através de uma bela cambalhota) uma curva efectuada com trajectória tardia, aperto mais forte do travão e as correcções podem dar lugar a quedas. Não é fácil dominar a mota nestas circunstâncias, especialmente à chuva. Os contactos abusivos punem os prevaricadores, embora na eventualidade de um desastre seja possível recuar uns segundos, ainda que este bónus seja possível só por algumas vezes (como também o podem desligar). Os danos definitivos são opcionais.

No entanto, o modo carreira é a forma mais segura de prosseguir na aprendizagem destas velozes e frenéticas corridas em duas rodas. As motas do Moto 3 e Moto 2 são as máquinas mais lentas, sobretudo as primeiras, mas essenciais para quem quer aprender a negociar as curvas antes de chegar ao topo, em forma e com o domínio necessário para ganhar a dianteira. Só assim poderão rivalizar com um Marc Márquez, Jorge Lorenzo, Pedrosa, Valentino Rossi, Ben Spies ou até mesmo os riders da Ducati como Dovizioso e Hayden. Outras opções, entre Time Trial, corridas rápidas e multiplayer para vários jogadores, numa estrutura online que conhece regulares contendores, é uma via alternativa para aumentar o tempo de jogo. O modo ecrã dividido permite que dois jogadores possam limpar o asfalto na mesma corrida e o My GP revela todos os dados das nossas corridas.

Os mais afoitos correm certos riscos e por isso, o corpo é que paga.

A apresentação de MotoGP 13 é boa, com muitas sequências vídeo em slow motion que captam os grandes protagonistas do Moto GP praticamente deitados em curva, como também sucede nas apresentações dos grandes prémios e a interface prática permite uma boa e rápida navegação entre menus. Contudo, existem fortes loadings à entrada para a entrada nas corridas, assim como após a bandeirada de xadrez. Lamenta-se a ausência da prova no Estoril, em Portugal.

O realismo visual de MotoGP 13 convence, embora em termos de animação e fluidez o motor gráfico da Milestone acuse algum desgaste, ficando distante dos 60 frames que seguramente transportariam os fãs a um outro patamar de satisfação. As repetições no final da corrida ainda precisavam de mais algum cuidado, sobretudo ao nível das animações, já que ainda abundam movimentos demasiado robóticos. A perspectiva a partir do capacete do piloto ilustra bem os limites da frame rate, ainda que a zonas envolventes ao asfalto, como bancadas e estruturas da boxe estejam fielmente reproduzidas.

A ausência da série MotoGP por dois anos chegou em boa altura, num tempo em que já eram evidentes grandes sinais de estagnação pela mão da Monumental Games. Essa suspensão permitiu à Milestone relançar as linhas virtuais de uma modalidade que encontra sempre um número seguro de fãs. Porém, ainda não é o jogo que faz a grande diferença que gostaríamos de ver materializada. Os orçamentos limitados do estúdio italiano não permitem grandes derrapagens. Contudo, apesar de revisitar uma estrutura que se divide por muitos lugares comuns de prévias edições do MotoGP, este nº 13 traz mais algum desenvolvimento à experiência motorizada, e isso é suficiente para reconduzir MotoGP 13 à liderança das corridas em duas rodas, este ano.

7 / 10

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