MotoGP 14 - Análise
Tenham mais respeito por favor.
Podemos estar perante um feito histórico no desporto motorizado, com a temporada já a meio, e com o domínio impressionante da Honda e do talentoso Marc Marquez, com vitórias em todas as 9 corridas deste ano. Será que alguém conseguirá travar a magia que rodeia o piloto da Honda? MotoGP 14 chega mais uma vez pelas mãos da Milestone, que também tem no seu currículo séries como WRC e Superbike.
A versão deste ano foi lançada na PS3, PS4, PS Vita, Xbox 360 e PC, ficando estranhamente de fora a Xbox One da Microsoft. A base de partida é a versão do ano transato, pega no que foi elaborado e dá continuidade, com ajustes visuais, um interface redesenhado, e como é óbvio a atualização dos pilotos, máquinas e circuitos para a nova temporada.
Temos as três categorias, onde somos colocados na classe Moto3 quando escolhemos o Modo Carreira, e vamos subindo lentamente até à classe rainha, MotoGP. Este modo está de certa forma elaborado com alguma ligeireza, não existe grande possibilidade de editar a fisionomia do nosso piloto, onde apenas se destaca a variedade de acessórios que podemos adquirir, desde capacetes, luvas, botas.
Para além do Modo Carreira, há que destacar dois modos algo nostálgicos, Challenge The Champions e Real Events 2013, onde iremos vestir a pele de algumas das Lendas deste desporto, em momentos críticos de temporadas passadas. Estes dois últimos permitem experienciar a diferença entre as motas ao longo dos anos, muito apetecível. Também temos as opções óbvias de treino e de efetuar apenas uma corrida com todos os parâmetros ajustáveis. Infelizmente existe uma opção que permite efetuar tempos com um carro, o Safety Car BMW M4 Coupé, que fica completamente fora do contexto e até chega a ser uma ofensa a este desporto motorizado, estamos em MotoGP, porque raios existe um carro para efetuar tempos e comparar estes com o resto da comunidade? Ainda se a condução fosse capaz, mas não, é uma terrível demonstração de perda de tempo, que seria bem utilizado na correção da grande quantidade de erros presentes na versão deste ano.
A nível visual, é alcançado um patamar elevado, com uma bela concretização do design das motas, das pistas, dos pilotos, de tudo o que envolve a apresentação visual. Não é um grande salto em relação à versão anterior, mas existem melhorias. De notar que o jogo corre a 30fps nas consolas, e infinitamente no PC, dependendo sempre da máquina em questão. Nota-se que deveria ter havido mais empenho na versão PS4 e tentar colocar o jogo a 60fps, a falta de mais fluidez prejudica em determinados momentos a jogabilidade.
O ponto forte de MotoGP 14 é mesmo a sua jogabilidade, principalmente com o DualShock 4, onde é sentida a elevada precisão dos movimentos do piloto e da mota, e nota-se uma real diferença no nosso desempenho quando passamos para o DualShock 3, que é menos eficaz. O trabalho realizado neste campo está realmente excelente, depois de se dominar, de se entender a necessidade da sintonia entre o piloto e a máquina, e verificar que o jogo corresponde com precisão ao que pretendemos fazer, a satisfação é garantida. Este patamar alcançado coloca esta nova versão bem acima do que foi conseguido em títulos anteriores da Milestone.
Mas infelizmente tudo o que é bem feito na jogabilidade é tragicamente inútil perante problemas inacreditáveis, que ainda não foram corrigidos um mês após o lançamento do jogo. Temos pistas onde o asfalto passa a ser um espelho que reflete o céu, pilotos que desaparecem do ecrã e aparecem fora da pista, trocas inacreditáveis de posição do nosso piloto, e para culminar, há momentos em que vencemos uma corrida e o piloto que aparece junto do nosso manager a festejar é outro piloto, não se entende.
Infelizmente os problemas não se ficam somente por erros visuais, temos igualmente uma IA deficiente e com graves lacunas. Nas qualificações para as corridas, mesmo no nível mais alto de dificuldade, conseguimos alcançar a primeira posição, mas inacreditavelmente mal inicia a corrida os pilotos adversários ressuscitam das cinzas e as motas destes ganham mais potencia. Este erro grave é logo notado na partida, onde na reta da meta perdemos várias posições devido a maior potência das máquinas adversárias. Mesmo o jogador mais persistente não aguenta perante tamanho desleixo na concretização da IA e dos níveis de dificuldade. Quem tem interesse em jogar algo que está completamente viciado? Seria normal que os pilotos controlados pela IA curvassem com mais eficácia, que fossem mais agressivos, agora possuírem motas que ganham potência da qualificação para a corrida é que não encaixa na cabeça de ninguém.
Não esquecer que também existe um modo multiplayer, onde corremos com pilotos virtuais de todo o mundo. Não existe muita inovação, apenas se destaca o modo Sprint Season onde temos que subir na hierarquia, desde a Moto3 até à desejável MotoGP, completando determinados objetivos. Nos outros modos, temos corridas onde podemos personalizar todo o evento, campeonatos, lutas pelas melhores voltas. Nada muito inovador no multiplayer, mas cumpre com o propósito, e é bem mais apetecível que correr contra uma IA deficiente.
Existe potencial para a criação de algo mais competente, principalmente com o que é conseguido a nível do controlo das motas, na jogabilidade. A nota mediana que é conseguida é muito devido ao que foi atingido neste campo, não fosse isso, teríamos um jogo doloroso. MotoGP merece mais algum cuidado por parte das produtoras, mais respeito, os problemas referidos são demasiado graves para um estúdio com duas décadas de existência, desde os tempos de Screamer, quando ainda se chamava Graffiti.