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MotoGP 15 - Análise

Ainda em transição.

As melhorias introduzidas não modificam sobremaneira a edição 15, que é sobretudo uma recuperação da temporada passada.

Com MotoGP 14 a Milestone entrou pela primeira vez na nova geração de consolas, produzindo para a PlayStation 4, excepto a One, da Microsoft. Um ano volvido, dá-se o esperado alargamento na edição MotoGP 15, com versões next-gen, PC e ainda as plataformas da anterior geração, a PS3 e a 360. Ostentando há vários anos uma das mais importantes licenças desportivas do motociclismo, o campeonato do mundo disputado por incríveis pilotos como Lorenzo, Marquez, Rossi e Dovizioso, é por si um factor de grande promoção, dinamizando um mercado constituído por milhões de telespectadores e fãs da modalidade e muitos interessados no jogo. Com efeito, é no mercado Ibérico que ainda se polariza uma boa parte do campeonato do mundo através de pilotos, equipas, circuitos e milhões de fãs.

E numa altura em que há um reacender do campeonato do mundo de MotoGP, com novos duelos entre Lorenzo, o veterano Rossi e o espanhol Marquez que o ano passado ganhou dez corridas de enfiada, igualando o feito de Mick Doohan, e sempre à beira de incertezas sobre quem lidera a cabeça do pelotão, os fãs do MotoGP encontram mais um motivo para se aproximarem do videojogo, a via de acesso a um contacto com a modalidade, ainda que virtual, com as motas, os pilotos e as pistas onde ao longo do ano acontecem os eventos marcantes, como ainda se viu, há quase duas semanas, em Assen, o duelo que opôs Marquez a Rossi, saindo o italiano como vencedor e que nesta altura do campeonato possui 10 pontos de avanço sobre o espanhol Lorenzo.

Vários anos a cuidar da licença (que no começo fez parte da Namco e depois Capcom), a Milestone enfrenta sempre o mesmo desafio: apresentar uma melhor proposta. A actualização dos pilotos e alguns ajustamentos nos diferentes modos de jogo são quase inevitáveis, embora os fãs e adeptos de experiências um pouco arcade estejam à espera de mais. Num segmento onde a competição é escassa, Ride trouxe alguma frescura, mas também não é um contendor directo, e no âmbito dos jogos de automóveis, Project Cars é o mais recente exemplo de um bom trabalho, vocacionado para a simulação.

Num pelotão compacto as quedas são inevitáveis. Todas as imagens que ilustram o artigo foram extraídas directamente do jogo, através da opção share da PS4.

"o jogador pode criar a sua equipa, escolhendo o nome, a mota e o logo, tudo a partir de um editor que embora não sendo muito extenso concede uma margem de alterações"

O problema de MotoGP 15 acaba por ser ausência de grandes mudanças perante a edição anterior. Boa parte dos modos de jogo são recuperados, não receberam grandes alterações, excepto no tocante à progressão na carreira, pelo que em termos gerais o salto não é muito grande, tornando quase irrelevante a escolha entre o jogo da temporada passada e a presente edição. No fundo estamos perante um jogo que melhora alguns parâmetros, como a criação e escolha das equipas privadas, os patrocinadores, modelos passíveis de personalização, mas a um nível quase superficial.

O modo carreira recebeu as maiores alterações, mas ainda mantém a estrutura típica. Criar um perfil de piloto e começar pela categoria Moto3, subindo de patamar até ao MotoGP, a categoria rainha. Obtendo bons resultados em pista e acedendo aos convites das equipas melhor cotadas, o piloto virtual não carece de muito tempo até chegar aos lugares da frente. A novidade é que desta vez e como opcional dos convites, o jogador pode criar a sua equipa, escolhendo o nome, a mota e o logo, tudo a partir de um editor que embora não sendo muito extenso concede uma margem de alterações.

O apoio dos patrocinadores oficiais não é menos importante e tenderá a ser maior se forem rápidos a cortar a meta, o que significa a possibilidade de obter uma mota com um outro nível de performance. Ao longo do campeonato, a personalização da equipa tende a ser um dos elementos merecedores de atenção, corrida após corrida. O sistema de créditos através de pontos de experiência permite a aquisição de novas motas, de um total de 44 modelos.

As lendas e as suas motam continuam a marcar o périplo mundial.

Outra novidade, sob a forma de um "time attack", contempla um desafio através do qual os jogadores são convidados a superar o tempo atingido pelos pilotos verdadeiros numa pista, com a mesma mota e as mesmas condições. Tem algum interesse, mas ao fim de algumas tentativas torna-se mais útil por melhorar as habilidades de condução do que propriamente pelos feitos (os completistas não rejeitarão fazer o pleno). Depois temos as opções já habituais como a participação num grande prémio instantâneo, numa pista e com mota seleccionados pelo computador, participação num "time attack", grande prémio (todo o fim de semana), com treinos livres, qualificação e corrida ou então fazer toda a temporada nalguma das categorias, incluindo o regresso das lendas dos anos noventa como Kevin Schwantz, Wayne Rainey, entre muitos outros.

Relativamente à temporada 2014, juntamente com a inclusão das motas e pilotos, os produtores acrescentaram uma série de desafios baseados em eventos reais que marcaram a temporada transacta. Duelos, condições apertadas e recuperações. Todos os desafios principiam com uma breve sequência em vídeo do momento, seguindo-se a passagem para dentro do jogo, numa transição suave e que rapidamente nos põe em andamento.

Em termos de opções multiplayer, a estrutura é a mesma do ano passado, com opções que envolvem a progressão ao longo de diferentes categorias, desta feita com pilotos humanos do outro lado, o que conduz a corridas mais emocionantes, seja em ecrã dividido ou através da ligação online (neste caso até 12 pilotos). Uma das apostas para Moto GP 2015 é a melhoria da inteligência artificial. As quedas são um pouco mais realistas, com os corpos a deslizar pelo asfalto ao mesmo tempo que a mota segue um trajecto enrolado até parar junto da gravilha ou barreiras de pneus. Num pelotão compacto é possível sentir a pressão dos adversários, podendo um ou outro toque ocasionar o nosso despiste, algo passível de recuperação através do botão que nos deixa retroceder durante alguns segundos.

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Ao nível da condução, a experiência pode ganhar contornos próximos da simulação desde que para isso tenhamos interesse em mexer nos parâmetros que condicionam o comportamento da mota. Optando pela ausência das ajudas, parâmetros como as travagens, acelerações e passagens em curva adquirem uma dificuldade maior. É interessante sentir bem a mota em curva ou numa marcha frenética, quase indomável. Contudo, ainda estamos perante um modelo de condução que não foge à regra das anteriores edições, a pender para o cariz arcade.

Ao nível do grafismo, destaca-se a boa luminosidade e a produção de diferentes condições meteorológicas, que não sendo novidade, são sempre agradáveis à vista. O detalhe das motas e pilotos é bastante consistente e convincente, o mesmo não se podendo dizer das bancadas e da parte envolvente, reduzidas por vezes a um nível mínimo de caracterização. Com a perspectiva apontada à mota há algum efeito de "blur" durante as acelerações e a frame continua nuns estáveis 30 fotogramas. Sendo um jogo agradável em termos visuais, está ainda um pouco distante das novas propostas motorizadas (especialmente no tocante aos carros) para as plataformas da nova geração.

Sendo sobretudo uma experiência arcade e acessível ao grande público adepto do mundial de MotoGP, é sobretudo a pensar nos fãs desta modalidade e no grande mercado que gravita à volta do campeonato, que nos chega uma nova edição, com poucas melhorias e novidades, embora com uma concretização estável. Muito pode ser melhorado, mas sendo desejo da produtora em manter o ritmo de produção anual, falta o tempo necessário para conseguir uma experiência inovadora e em sintonia com as melhores expectativas dos fãs.

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