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Ms Splosion Man

Unabomber.

Splosion Man é uma das referências dentro da originalidade militante do XBLA. De tal modo que a sequela equacionada nos moldes de uma personagem feminina continua a tributar o que da melhor espécie resultou na obra inaugural. Esse marcador onde foi notório o equilíbrio entre o mais tradicional das plataformas e um grau de inovação assente na substituição de saltos por explosões capaz de manter a personagem suspensa temporariamente, abrindo uma nova interpretação de puzzles onde o grau de precisão é elevado, foi o ponto de partida para mais alguns desenvolvimentos necessários, embora um pouco previsíveis. Por isso a ideia da sequela é tornar as coisas algo mais complexas, difíceis mas também divertidas.

A escolha de uma personagem feminina como elemento polarizador de novas sugestões gravitantes no poder de uma mulher nos primeiros anos de vida adulta é mais um motivo para dilatar a chama humorística e satírica que também provinda da obra original. Tidos por incontestados uma série de lugares-comuns associados aos agrupamentos de jogadores em fóruns da especialidade e de alguns musicais enquanto separadores de intervalos entre níveis, o humor permanece como fundamental e como enriquecedora progressão da concepção Splosion Man, agora em versão mulher. Naquilo que efectivamente chega a alcançar, essas referências esforçadas e meritórias - enquanto vemos a protagonista deslizando por linhas e espaços abertos da esquerda para a direita, unindo o ponto de partida ao ponto de chegada – ciclicamente reproduzidas, não escondem também algum reverso: um certo adormecimento após o prazer da descoberta inicial.

É uma bola de fogo! É uma pantera cor-de-rosa! Não! É Ms Splosion Man!

Não se trata, parece-nos, de aplicar aqui um castigo aos protagonistas pelo seu pendor entusiasta, em como conseguem sempre dominar os acontecimentos, antes de garantir um certo conforto para uma experiência que se prolonga por horas e que acaba por envolver algum sentido de repetição. Mas tanto também pode ser algum exagero. Todavia, arrumado está que Josh Bear, um dos produtores e promotores da sequela, quis erigir uma homenagem a Ms Pac-Man e é nesse grau de admiração que encontramos uma nova protagonista disposta a trocar um beijo por uma carga de libertação de energia tão grande capaz de, num simples gesto de ternura, transformar cientistas e outros passageiros de viagem em nacos de carne, quando não são projectados contra o vidro da câmara que segue a acção. Os poderes são maioritariamente uma herança consolidada, segura e eficaz, sem grande necessidade de revisão da versão masculina. Outros poderes incluem a habilidade para deslizar sobre cabos e paredes eléctricas que mantêm os poderes da em pleno.

Contudo e como os jogadores do original conhecem, sobriedade é tudo o que não existe nos poderes normais desta senhora. Numa jogabilidade meticulosa, rigorosa, o tempo previsto para cada sequência deve ser respeitado e tomado à letra. Só com temporização das explosões (por cada explosão um salto), repartidas por 3 antes de uma pausa para recarregar as baterias será possível alcançar superiores plataformas e zonas que numa primeira vista parecem impossíveis de alcançar.

Muita energia para libertar.

Alguns níveis transcendem a definição mais familiar das plataformas, com engenhosos puzzles do tipo laboratório montados numa área reduzida, e outros permanecem assinalados a vermelho com uma indicação de dificuldade acentuada pondo ênfase em puzzles que obrigam à engrenagem de certos mecanismos e de um jogo de "ping-pong" de uma precisão milimétrica. Por isso, perder constantemente a vida no mesmo sítio não se pode dar por lisonjeiro e num dado momento serão convidados a completar o nível automaticamente, passando ao próximo desafio. Mas como não é boa ideia virar a cara a um bom desafio, só os mais persistentes ou pacientes serão compensados se quiserem conquistar todas as áreas de jogo dentro de um bom tempo.

Os jogos para vários jogadores até quatro personagens em simultâneo compensam pela variedade de novos níveis, embora sobrem dificuldades suplementares das quatro personagens em permanente explosão, sobretudo na conjugação de forças e habilidades entre si, em puzzles ainda mais exigentes que os promovidos na campanha individual. O modo fantasma permite manter debaixo de olho o melhor tempo e serve como ponto de partida para superar mais rapidamente alguns obstáculos e desafios. De resto Ms Splosion Man é um contributo mais aprumado e exigente, disposto a inovar e melhorar algumas estruturas de Splosion Man. Continua com o mesmo nível de adrenalina e isso são boas notícias para os fãs do original.

8 / 10

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