MySims Kingdom
Um reino aborrecido.
Coloquemos o óbvio de parte. MySims Kingdom é, sem margem para dúvida, uma tentativa da Electronic Arts de imitar a fórmula de Animal Crossing. Apesar de se tentar encostar à volumosa franquia “Sims”, pouco lhe é relacionada. MySims Kingdom trata da gestão de uma vila e das interacções entre os seus habitantes. No seguimento da história do jogo, a cidade onde habitamos é “destruída”, recaindo sobre nós a responsabilidade de a reorganizar.
É complicado não traçar o paralelo pela negativa, pois a oferta da Nintendo simplesmente funciona melhor, seja pelo charme dos personagens, seja por oferecer muito mais actividades. Graficamente o jogo parece apostar também num estilo similar, bastante simples e limpo. Tendo em conta as limitadas capacidades da Nintendo DS para processar gráficos 3D, a Electronic Arts conseguiu um saudável equilíbrio entre a "direcção artística" e gráficos suficientemente complexos. Mas mesmo neste campo as influências de Animal Crossing - nomeadamente, nas paisagens - é notória.
A componente sonora mantém-se fiel ao espírito de todo o jogo, com muitos barulhos agudos e músicas simples e calmas. Nada de original, é certo, mas acompanha a acção (ou falta dela) a todo o momento, e é daí que nasce o grande problema, a falta de variedade da banda sonora.
Ainda assim, não existem verdadeiros defeitos a apontar a MySims Kingdom. Tudo passa por repovoar a cidade com várias lojas e locais, que atraem outros participantes e turistas, num crescendo populacional. Isto consegue-se falando com os vários locais e atendendo às suas necessidades (algo que muitas vezes resulta em mini-jogos). Existe um ciclo dia/noite, e a cidade mantém-se sempre activa.
Interagir com os locais baseia-se num sistema de ícones que estão associados a emoções. Na prática isto resume-se a carregar muitas vezes no ícone apropriado para o personagem com que estamos a falar de forma a mantê-lo satisfeito, mais um conceito interessante que se resume a uma implementação preguiçosa. Ainda assim, existem elementos a elogiar, como o mapa que aparece no ecrã de topo e que mostra toda a cidade de forma compreensiva, ou o relógio que nos indica quanto tempo falta para as diferentes actividades.
Apesar de o jogo se apoiar muito neles, os mini-jogos não impressionam (e jogá-los uma segunda ou terceira vez é um suplício). As recompensas em dinheiro são (felizmente) generosas, o que significa que quase todos os objectos estão ao nosso alcance (financeiro) a curto prazo.
Este é o síndrome de todo o jogo. Nada funciona intrinsecamente mal, mas o desafio é quase inexistente e os personagens com que interagimos são banais, o que torna toda a experiência muito leve. A reduzida longevidade do jogo vem apenas intensificar este sentimento.
Claro que para um jogador mais novo - para os quais se dirige este título - esta simplicidade pode até ser encarada como uma vantagem, sendo também de apontar que o jogo está totalmente traduzido para o nosso português (existem algumas traduções menos bem-conseguidas mas nada que prejudique o todo), uma atitude a elogiar da Eletronic Arts.