Natal Nintendo - O que nos espera
Como um ano depois do seu lançamento a Wii U é uma grande opção.
Faz hoje precisamente um ano que a Nintendo apresentou, em Lisboa, a Wii U, a sucessora da plataforma mais bem sucedida da geração passada. As expectativas em torno do novo sistema de entretenimento eram altas. A inclusão do GamePad como elemento capaz de renovar a experiência jogável foi o ponto de partida para uma nova estratégia que assenta na jogabilidade assimétrica, ou seja, pela possibilidade de coexistirem emissões do mesmo jogo através de dois ecrãs. Porém, o primeiro ano de vida da Wii U foi tudo menos um passeio tranquilo. Pese embora o bom acervo de jogos aquando do lançamento, alguns bons originais "third party" como ZombiU e um sistema inovador de comandos, os meses que se seguiram ao virar do ano expuseram as dificuldades da consola em penetrar no mercado. Um dos problemas foi a falta de exclusivos e jogos sonantes que pudessem atrair novos jogadores. Mas também se provou complicado, para a Nintendo, levar os anteriores compradores da Wii a darem o salto para a nova geração da Nintendo pois as dúvidas sobre a natureza do sistema ainda pesaram.
Ainda que um pouco tardiamente, os jogos começam a chegar. Até à E3, os fãs e primeiros compradores da Wii U tiveram dificuldades em ter à sua disposição novos exclusivos, mas após a revelação de um catálogo forte e diversificado, com foco maior para a época natalícia através de jogos como Super Mario 3D World e com jogos exclusivos como Pikmin 3, The Wonderful 101, The Legend of Zelda: Wind Waker HD e Sonic World, a lançar desde o verão até ao Outono, este Natal pode representar para a gigante de Quioto um ponto de viragem.
Com um ano de avanço para as novas consolas da Sony e Microsoft, a Nintendo apresenta uma oferta consolidada, através de títulos que demonstram já um grande aproveitamento das capacidades da consola, mas também pela distribuição dos jogos por diferentes géneros; dos títulos mais tradicionais, aos jogos de família. Por outro lado, o apoio "third party" ainda se mantém, apesar da quebra do laço que unia Nintendo e Electronic Arts ter sido um sinal preocupante que ainda se mantém. Contudo, já se viu noutras gerações, que é a Nintendo que mais consegue abastecer as suas máquinas.
No entanto, outras editoras mantêm a sua aposta na Wii U. Da Warner, Batman Arkham Origins atribui a especialidade dos comandos tácteis à nova aventura do morcego, enquanto que da Ubisoft, Rayman Legends revelou um aproveitamento do ecrã táctil que nenhuma outra versão foi capaz de atingir, o mesmo sucedendo com a nova versão de Deus Ex: Human Revolution. Call of Duty: Ghosts, da Activision, também pode ser jogado na máquina da Nintendo, bem como Skylanders, este título já no campo dos jogos baseados em figuras de plástico, género partilhado pelo novo concorrente: Disney Infinity. O apoio das outras editoras ainda permanece, mas é claro que há uma especial atenção sobre se esta época permite à Wii U recolher sucesso de modo a reconquistar as editoras. Até ao Natal de 2011, também a Nintendo 3DS encontrou dificuldades de penetração no mercado. Os exclusivos lançados no final desse ano contribuíram para um aumento exponencial de consolas vendidas, com os números a consolidarem-se nos meses seguintes e mesmo até hoje.
"Super Mario 3D World é o grande jogo para a Nintendo Wii U neste Natal."
É evidente que a Nintendo espera ter os mesmos resultados com a Wii U. À fornada de jogos actualmente disponíveis, formando um dos catálogos mais ricos e preenchidos, estão a ser retocados e polidos outros jogos que farão parte da oferta para 2014, entre os quais estão os muito apetecíveis Donkey Kong Country: Tropical Freeze e Mario Kart 8, que promete levar a insanidade das corridas à alta definição das pistas à volta do Mushroom Kingdom. E depois ainda há Bayonetta 2, a sequela de um dos jogos mais bem conseguidos de Hideki Kamiya, da excêntrica Platinum Games.
Há duas semanas estivemos em Lisboa a experimentar precisamente demonstrações destes e de outros jogos entretanto disponíveis. Se é verdade que boa parte dos jogos são essencialmente experiências do género acção, aventura e plataformas, a Nintendo aposta forte nos jogos em família e que tanto contribuíram para o sucesso da Nintendo Wii. Este género continua a ser abastecido por títulos que se emolduram no espírito da época, proporcionando condições para que várias pessoas possam competir entre si através de jogos simples, rápidos, acessíveis e bastante divertidos, sem entraves como longas apresentações, curvas de aprendizagem demoradas e processos interactivos para pessoas que têm pouco contacto com os jogos.
Um dos mais importantes títulos de vocação familiar é precisamente Wii Party U, o jogo que reaproveita os comandos da Nintendo Wii, juntando-os ao moderno GamePad, a fim de proporcionar novos mini-jogos e competição para todos os jogadores situados no mesmo espaço. Este é talvez um dos jogos que faltou no lançamento da Wii U, embora se perceba que Nintendo Land fosse mais adequado por revelar o conceito de jogabilidade assimétrica e não confundir os consumidores. Outro jogo, dentro do mesmo género, que a Nintendo colocou à nossa disposição, foi Mario & Sonic at the Sochi 2014 Olympic Winter Games em mais um crossover de dois universos de personagens em luta pelas medalhas no frio da Rússia.
Sendo que por cá o Natal coincide com o Inverno chuvoso, frio e por isso nada convidativo a passeios nocturnos ou ao fim da tarde, e como se ingerem mais calorias de modo a manter o corpo mais quente, sobretudo as doçuras servidas à mesa de Natal, nada melhor que exercitar o corpo dentro de casa, recorrendo ao Wii Fit U, o novo jogo de exercício desenvolvido especificamente para a Wii U. Recorrendo novamente à balança a fim de calcular peso e funcionar como interface para a execução de exercícios e mini-jogos, a novidade deste título é precisamente a inclusão do acessório Fit Meter, um "pedómetro" do tamanho de um Tamagotchi, que marca o número de calorias gastas durante o tempo que passamos a jogar e fora dele.
Com este aparelho podemos cumprir distâncias míticas como a maratona de Chicago, a maratona de Tóquio ou a de Nova Iorque, ou em alternativa subir os degraus da Torre Eifel. Há imensas propostas e desafios desportivos, mas também não foram ignorados os mini-jogos que obrigam o jogador a mexer o corpo e a libertar excessos calóricos. Num jogo mais movimentado, pressionei a balança com o pé libertando um jacto de água, a partir do GamePad, na direcção das que corriam do fundo para o centro do ecrã, atirando bolas de lama. Noutro jogo tinha que transportar pedidos dos clientes, como bolos e sumos, segurando-os na bandeja. Os passos sobre a balança permitem à personagem avançar. Com perícia e esforço físico é possível entregar todos os pedidos sem os deixar cair. Mas o jogo que me "quebrou" os abdominais foi a descida de trenó. Quase deitado sobre as balança e com as pernas levantadas, o exercício transformado em jogo foi especialmente duro. As deslocações do corpo para a esquerda ou direita permitiam-me negociar as curvas, algumas mais apertadas, com algum suor já avolumar-se sobre a testa. Mas na chegada à meta senti bem a dureza da descida. Isto repetido por três vezes equivale a um bom treino. Uma versão gratuita do jogo pode ser descarregada a partir da eShop, o que permite efectuar logo um bom conjunto de exercícios e antecipar a chegada dos doces de Natal.
Wii Sports Club recupera a tradição do clássico Wii Sports, agora com a possibilidade de aquisição individual de certos jogos, inscrição em clubes e entrada para um ranking europeu. A possibilidade de jogar on-line é outra das vantagens deste jogo.
Mario Kart 8 é outro dos jogos mais aguardados para 2014. Compatível com todos os acessórios que ligam à Wii, o detentor do GamePad pode tocar na buzina disponibilizada ao meio do ecrã táctil. Como é óbvio, as surpresas deste jogo não se resumem a isto, mas para ficarmos a saber mais teremos que esperar pela versão completa. Passível de ser jogado em dois jogadores através de ecrã dividido, por enquanto a maior novidade é a inclusão das pistas com sistema anti-gravidade. As motas do jogo anterior para a Wii também regressam nesta edição.
Donkey Kong Country: Tropical Freeze é a sequela do jogo desenvolvido para a Wii. Mais arrebatador em termos gráficos e pejado de secções dentro de um mesmo nível que transitam sistematicamente de perspectivas, entre 2D e 3D, este jogo é um valioso tributo ao género das plataformas. A alta definição e a melhor capacidade da Wii U permitiu à Retro Studios desenvolver os cenários e as animações, resultando numa animação e fluidez de jogo nuns seguros 60 fps.
Super Mario 3D World é o grande jogo para a Nintendo Wii U neste Natal. O nosso veredicto pode ser consultado por aqui. Trata-se de um jogo colossal em interactividade, e indicado para ser jogado por toda a família. A equipa de Yoshiaki Koizumi abriu pela primeira vez um Super Mario em 3D ao multiplayer local, ao mesmo tempo que preparou um conteúdo rico em quantidade e criatividade. A alta definição mostra que o famoso canalizador continua em grande forma. De facto, os anos não passam por Super Mario.
Ao fim de um ano de presença no mercado, a Nintendo Wii U possui um catálogo muito equilibrado, com jogos diferentes e alinhados por vários géneros, e de indiscutível selo de qualidade. Fica mais uma vez a certeza de que é a Nintendo a tomar a dianteira em termos de aproveitamento das capacidades do GamePad e da própria plataforma, sendo a produtora de hardware que mais desenvolve para os seus sistemas. E não é um trabalho nada fácil, conseguir disponibilizar uma oferta segura em termos de qualidade em tão pouco tempo. Mais nenhuma outra editora ou produtora de consolas faz isto. Super Mario 3D World é o jogo cabeça de cartaz para este mês (estará amanhã nas lojas), e até para os próximos tempos, mas The Legend of Zelda: Wind Waker, Pikmin 3, The Wonderful 101, entre outros, são outras propostas de indiscutível qualidade, exclusivas, reveladoras de uma boa adaptação à plataforma e que justificam a passagem para uma nova geração.