NBA 2K12 - Análise
Qual Lockout?
A NBA vive como sabem uma fase peculiar, com a competição parada, ou se quiserem, em período de "lockout". É fantástico como as coisas funcionam de forma diferente em culturas distintas. Imaginem um "lockout" do futebol em Portugal, pois parece impensável. Era certamente estranho jogar um simulador de futebol por exemplo, a representar uma temporada que simplesmente não existe. Neste sentido este NBA 2k12 nasce com um handicap logo à partida, e que nem sequer é da sua responsabilidade.
Mas como alturas de crise também são quando surgem as melhores ideias e as situações que exigem mais coragem, os produtores da 2k decidiram apostar forte em recriar os momentos altos da história da NBA, e em fazer uma arrojada restruturação para os modos online do jogo. Se é verdade que conseguiram a primeira de forma sublime, a segunda já acarretou alguns problemas, mas já lá vamos.
Não sou um particular fã de basquetebol, mas sempre gostei da NBA e particularmente de todo o espetáculo que a envolve. Quanto à série 2k propriamente dita, joguei várias versões, principalmente nos tempos da minha adorada Dreamcast e sempre me diverti imenso. Nesta geração cheguei a experimentar vários demos dos títulos anteriores da série 2k, mas esta foi a primeira versão completa a que tive acesso.
Se há coisa que aprecio nos desportos Americanos em geral, é a forma como eles transformam toda a experiência de entretenimento à volta de um jogo, num espetáculo que vai muito para além da competição em campo. Deixem-me dizer que NBA 2k12 faz um excelente trabalho em recriar todo o ambiente de entretenimento que envolve um jogo da NBA, e fá-lo de várias maneiras. Estatísticas em tempo real, cheerleaders, mascotes, público enérgico e a reagir dinamicamente com os acontecimentos no campo, e pequenas cutscenes antes, depois e durante o jogo, mas que em altura nenhuma quebram a imersão, antes pelo contrário, reforçam-na.
É um tema discutível mas na minha opinião, só existem duas razões para incluir uma cutscene num jogo. Para reforçar uma experiência, ou para contextualizar o jogo. NBA 2k12 consegue fazer um reforço da experiência de forma brilhante com repetições dos grandes momentos dos jogos numa breve cutscene logo após um grande afundanço. A qualidade destas cenas está ao nível de uma transmissão televisiva e reforça o momento por acrescentar relevância ao nosso feito. Depois no final do jogo temos um vídeo com as melhores jogadas do melhor jogador em campo, também com uma qualidade fantástica, ao ponto em que dei por mim a repetir alguns dos vídeos várias vezes.
Quanto à contextualização do jogo, os vídeos introdutórios preparam o cenário, e contextualizam todo o panorama visual de um jogo da NBA. Contudo neste campo, são os comentários que surpreendem, julgo que foram os melhores comentários que alguma vez ouvi num jogo de desporto. É verdade que apenas joguei com as grandes equipas, perdoem-me mas o jogo já é suficientemente exigente assim, mas existe uma variedade enorme de referências históricas sobre os jogadores, sobre a época anterior e sobre a história dos clubes em geral. Tudo em comentário durante o jogo.
Os dois comentadores principais Kevin Harlan e Clark Kellogg são acompanhados pelo antigo jogador da NBA Steve Kerr e uma senhora cujo nome continuo sem conseguir decifrar. Além do relato das jogadas e das referências que falei anteriormente, os comentadores por vezes interrompem-se e chegam mesmo a lançar umas piadas aos colegas durante o comentário, tudo com uma autenticidade surpreendente, e que coloca a nossa mente permanentemente entusiasmada com o jogo. Julgo que os simuladores de futebol têm muito a aprender com NBA 2k12 neste campo.
As animações dos jogadores sempre foram excelentes e assim continuam nesta versão, com muita variedade de movimentos, alguns deles específicos de determinados jogadores (signature moves). Neste campo foram as animações faciais que me surpreenderam mais. Como sabem é muito difícil animar as expressões faciais, um dos maiores desafios dos videojogos que optem pela caracterização autêntica da figura humana. Ainda não estão perfeitas, mas revelam um progresso significativo de ano para ano, ainda que com maior ênfase nos jogadores mais conhecidos da modalidade, normal.
O simulador da 2K é conhecido por não ser muito amigável com os novos jogadores, a curva de dificuldade é bastante exigente, e se estivermos a perder por diferenças consideráveis, é fácil perder a cabeça e começar a tentar resolver as coisas com jogadas individuais e lançamentos de três pontos. No entanto, a edição deste ano parece ser mais amigável, principalmente no nível de dificuldade Rookie. O jogo continua a não fazer grande coisa para educar o jogador, não há tutorial, apenas uns modos de treino dentro do My Player, e a interface consegue ser algo confusa por vezes. Os controlos básicos são simples, mas depois temos uma profundidade imensa de comandos que precisamos conseguir dominar para enfrentar os níveis de dificuldade mais elevados, vários tipos de dribles, e até comandos específicos para o comportamento da equipa, ofensiva e defensivamente.