Passar para o conteúdo principal

NBA 2K17 - Análise

Como um rolo compressor.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
A Visual Concepts volta a melhorar a edição anterior, apresentando um jogo repleto de opções, modos de jogo e uma extensa carreira.

NBA 2K começou por ser uma série exclusiva da Dreamcast, uma produção da Visual Concepts e publicada pela Sega, no final do milénio, para a sua consola 128 bit. Muitos não sabem disto, mas o jogo de basquetebol que conhecemos hoje como um dos mais impressionantes, completos e profundos jogos de desporto foi uma conquista de Peter Moore, então presidente da Sega America. Logo nessa altura NBA 2K despontou como um dos melhores, superando toda a concorrência: visuais bem acima da média, boa jogabilidade e diversos conteúdos. Além disso, tendo em mãos uma licença poderosa como a NBA, a Visual Concepts esmerou-se a cada nova edição.

É de resto o factor surpresa desta série: andar cá há quase vinte anos, sem nunca saturar. Estando hoje muito mais complexa, profunda e capaz de captar uma modalidade (a NBA) como mais nenhum outro jogo consegue, com toda a riqueza das licenças, o detalhe visual dos atletas e narrativas que injectam algo diferente, longe vão as primeiras edições, apesar do fio condutor que as une e da aproximação entre estruturas.

Fosse Portugal um país com a entrega e devoção ao basquetebol como acontece em Espanha (uma das melhores selecções mundiais) e seguramente teríamos o nosso Cristiano Ronaldo do basquete a militar na NBA, quiçá nos LA Lakers, figurando como capa. Por cá o futebol é a modalidade desportiva rainha, como se percebe pela existência de 3 diários desportivos. Mas o basquete também mexe, em nichos e segmentos de jogadores conhecedores desta empreitada, no entanto incomparável à escala esmagadora do território americano. Nos Estados Unidos é Paul George, dos Pacers, a figura de destaque de NBA 2K17.

Visual Concepts investe a fundo na autenticidade.

Embora com novidades e melhoramentos duas coisas persistem em NBA 2K17: a profundidade e toda uma apresentação pomposa em torno da NBA, uma festa como só os americanos sabem e gostam de fazer com qualquer evento, que não foge à regra em mais uma edição. Para um novato não é fácil entrar a ganhar. Mesmo na dificuldade profissional, o jogo assumirá que o utilizador está preparado para desenvolver a miríade de lances possíveis. É um jogo complexo e difícil de lidar se só agora o descobrem. O movimento dos atletas é peculiar, diferente de outros jogos de desporto e as possibilidades, e as próprias regras do basquetebol implicam uma interacção diferente. Leva tempo até se acostumarem aos comandos e se sentirem como um corpo natural. Se optarem por jogar uma partida rápida enquanto transferem o jogo para a consola e descarregam o ficheiro online, terão acesso a uma partida que se desenvolve com comentários e descrição dos movimentos, alguns deles novidade, como se de um treino se tratasse.

NBA 2K17 segue a linha das edições anteriores, embora sejam perceptíveis alguns acertos na jogabilidade, que de facto a tornam melhor, como os lançamentos e as investidas sobre o adversário que segue com a bola, tornando o jogo defensivo mais emocionante. Existe um tempo para atirar a bola ao cesto caso essa seja a intenção e que muitas vezes surge por indicação do computador, como uma oportunidade boa. Lançar a bola implica um tempo para o atleta descrever o movimento e soltar a bola, justamente quando uma barra semi-circular fica preenchida. Mas a eficácia neste tipo de lances não se consegue sem um bom posicionamento dos jogadores. Dar a volta ao adversário, abrir um espaço e trocar rápido a bola é mais de meio caminho andado para sacar os pontos. Com o jogador certo podem até encestar para os três pontos. O ritmo frenético e a fluidez de jogo, sob um ambiente escaldante, típico da NBA, proporcionam momentos espectaculares.

Existem dezenas de movimentos. Os afundanços conseguem-se com mais alguma facilidade, mas há tanto por explorar e dominar que muitas vezes, só para não falhar pontos certos acabamos por concluir a jogada sem querer dar grande espectáculo, não vá sair ao lado uma oportunidade boa para passar à frente na pontuação. As animações dos jogadores estão melhores, mais fluidas e dinâmicas, especialmente nos ressaltos e na disputa por uma bola perdida. Os movimentos são fantásticos e às vezes, mergulhados que estamos na observação do adversário, deixamos uma área aberta, suficiente para o adversário se abeirar do cesto e fechar a jogada com dois ou três pontos.

Um acesso rápido às mensagens.

O adversário topa muitas vezes as nossas falhas e ganha uma evolução espantosa no marcador se não formos lestos a bloquear as jogadas. Se optarmos por uma marcação cuidadosa, condicionamos o ritmo. É importante impedir as aproximações à linha que separa a obtenção dos 3 pontos. Basta um descuido para o rival atirar de longe para uma soma rápida de pontos e isto pode acontecer em várias jogadas consecutivas, se derem espaço, com bolas que quase furam o cesto.

NBA 2K17 contempla uma grande variedade de modos de jogo, tanto online como a solo. Entre as opções individuais a opção pela carreira regressa mais uma vez. O guião desta feita não foi escrito por Spike Lee mas por Aaron Covington, director do filme Creed. Mais uma vez, para um jogo deste formato, assenta muito bem, com menções para actores como Michael B. Jordan e Hannibal Buress, entre outros. O objectivo mais uma vez passa por competir no mais disputado e apetecível campeonato; a NBA. Desenhando um atleta de raiz, desde o aspecto físico até aos atributos, enquanto universitário, a estrada até ao sucesso máximo é longa, tanto dentro como fora das quatro linhas. O argumento é interessante e compele-nos a seguir em frente, numa escala crescente de desafios.

Entre os modos de jogo adicionais, destaque para o MyGM, My League e My Team. O primeiro oferece uma opção do género gestão da modalidade e respectivo campeonato, uma opção bastante versátil e diferenciada da My League, que nos deixa personalizar mais funcionalidades. Desde o atleta, passando pelos elementos da equipa técnica e criação de uma equipa nova e liga desde a fundação, as opções são incríveis. O My Team, só para terem uma ideia, é bastante similar ao FUT de FIFA e passa por criar uma espécie de equipa imbatível com base nos cromos. Existem inúmeros parâmetros personalizáveis e opções para disputar em rede e fora da rede. Volta a ser um dos grandes modos de NBA 2K17.

Ver no Youtube

Destaque para a opção recentemente adicionada: Start Today. Equivale a um acompanhamento minucioso do actual momento da NBA, com actualização dos plantéis e todos os dados relevantes dos atletas, seu momento de forma, etc. Igualmente popular a opção Blacktop, mais descontraída, para desafios individuais (1 vs 1 ou 5 vs 5), numa espécie de NBA Street. Tanto online como offline são incríveis os modos de jogo mais uma vez presentes, superando qualquer concorrência, mesmo no que respeita a outras modalidades.

Além disso, é um jogo visualmente impecável, com um grafismo delicioso e uma atmosfera da NBA perfeita, repleta de comentadores, coreografias, ambientes nos pavilhões de arrebatar os fãs, como se de uma transmissão televisiva se tratasse. A descrição dos jogadores é uma das principais preocupações da Visual Concepts, que mais uma vez consegue uma modelação como que perfeita e isto não só das equipas da NBA, mas também as grandes da Europa como Barcelona ou Real Madrid. Destaque para a presença do treinador da selecção norte-americana, Mike Krzyzewsky, presente na partida de treino, com informações minuciosas sobre os diversos contextos e movimentos dos jogadores.

A banda sonora é composta por dezenas temas, adaptados ao gosto americano mas bem permeáveis neste tipo de experiência desportiva. NBA 2K17 continua assim como um dos melhores e mais completos jogos de desporto, emulando por completo a NBA. Não há nada mais próximo ou mais assertivo dentro do basquete e até mesmo de outra modalidade desportiva que esta edição. A Visual Concepts não tira o pé do acelerador e enquanto assim for os fãs agradecem. Os jogadores novatos ou mais novos terão que ter atenção à profundidade deste simulador, mas depois de entrarem na onda não querem parar.

Lê também