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Nexuiz - Análise

Regresso pouco auspicioso aos shooters de arena.

Unreal Tournament e Quake III Arena ainda perduram como jogos nucleares na área dos shooters de arena. Um género pautado pelo ritmo rápido dos combates opondo normalmente duas equipas através de referenciais modos de jogo. A dimensão do género popularizou-se especialmente na esfera do PC; entradas rápidas em combate, sem grandes perdas de tempo de carregamento ou espera nos lobies, Unreal Tournament e Quake Arena tomam-se por especiais e é aqui que Nexuiz colhe inspiração e partilha conceitos quanto à sua estrutura.

Nexuiz chega numa altura de algum arrefecimento do género. Apesar de não se manifestar tão claramente como noutros tempos, as comunidades continuam atentas aos novos jogos que chegam ao mercado. Exclusivamente dedicado ao multiplayer, este é um daqueles jogos cujo prazer só pode ser realmente assacado se possuírem uma subscrição dourada do Xbox Live. Terão sempre uma opção que permite jogar contra adversários controlados pelo computador, mas trata-se de um modo que visa uma adaptação às regras de combate e às especificidades de progressão.

Porém, o seu real aproveitamento só poderá ser obtido quando se ligarem à rede e começarem por criar equipas com jogadores espalhados pelo mundo. Em certa medida Nexuiz é um jogo que pretende apelar aos membros do PC que tenham enveredado pelas consolas ou tenham abandonado outras propostas recentemente. A ideia é clara; injetar mais alguma adrenalina e despertar o interesse pelos combates em arena na esfera das consolas. É certo que outros fps do mercado contemplam nos seus modos muliplayer modos de jogo que se aproximam sobremaneira ao conteúdo de Nexuiz. O que vale aqui é que temos um jogo dedicado e apontado a uma única finalidade; ganhar à equipa adversária antes do tempo de combate chegar ao fim.

A narrativa aqui presente fornece uma composição meramente cosmética, habilitada a conceder os argumentos necessários para se perceber o que levou duas fações combaterem entre si e sobre as quais o jogador irá escolher uma para sua equipa. Na prática temos que o planeta entrou em guerra num futuro distante e os dois grupos presentes fazem do combate uma espécie de passatempo.

Posto isto somos diretamente enviados para os preliminares do combate. O conteúdo de Nexuis não é particularmente diversificado. Entre mapas, modos de jogo, lutadores em arena e armamento não há muito que nos deixe convencidos e muito menos maravilhados perante o mesmo quadro que nos era mostrado há 5 ou 10 anos por outros jogos do mesmo género. Existem nove mapas bem estendidos de forma horizontal e vertical. Quanto aos modos de jogo, poderão optar pelo deathmatch ou capture-the-flag. Ambos podem ser utilizados em cada um dos mapas, mas estão sempre limitados a 8 jogadores, quatro de cada lado para 10 minutos de intensa acção.

Existe em cada mapa um traço peculiar em termos de design. As suas estruturas são convidativas ao confronto e escondem zonas de maior ou menor segurança que podem ser aproveitadas para surpreender o adversário. Contudo, não esperem algo de transcendente ou capaz de marcar uma revolução face ao que vimos dantes.

O ponto capaz de oferecer mais entusiasmo e habilitado a definir uma fronteira para outros jogos do filão são os "dynamic mutators". Estes "mutators" influenciam a jogabilidade e funcionam como uma espécie de "power ups" que atribuem temporariamente diferentes poderes. Estes podem ser encontrados ao longo dos mapas ou obtidos através de uma sucessão de morte do adversário. Cada "mutator" permite selecionar uma de três opções com uma simples pressão através do "d-pad". Assim, os efeitos são variados, desde recarregar energia mais depressa, conferir um particular boost à arma, acrescentar um "jet pack" para "double jump"; há um quase sem número (mais de 100) mutators à escolha. Opções mais hilariantes permitem mudar os sons do campo de batalha, embora isto seja mais fútil que útil.

Relevante neste domínio dos "dynamic mutators" é a progressão que lhe está associada, ainda que de uma forma algo limitada. Isto porque os pontos adquiridos no final de cada combate são destinados aos "mutators" por que tenham preferência. O "core" da jogabilidade reside num equilíbrio entre mapas e armas, mas disso nunca nos apercebemos de um afastamento que seria tão necessário quanto desejável de outras propostas como Quake e Unreal Tournament. Funcionando satisfatoriamente em espaços curtos, a longo termo é uma experiência que acaba por ficar à deriva dos jogos que lhe serviram de inspiração.

Nexuiz terá dificuldades na formação e desenvolvimento de uma comunidade. A seleção das equipas a partir dos lobies pode ser demorada e secante, a menos que tenham amigos da lista em número suficiente para participar. Ocasionalmente ocorre algum lag e nem sempre a experiência se pauta pelo desejável equilíbrio, fatores que conjugados podem desagradar aos jogadores acostumados a outras experiências e que tenham aqui dado uma oportunidade. Para aqueles que nunca experimentaram Quake III ou Unreal Tournament, Nexuis é uma opção a considerar, muito embora acabem por compreender ao fim de algum tempo as limitações deste produto.

Nexuiz não conseguiu transformar ou melhorar experiências anteriores de um género que conta com grandes referências, num resultado revelador de uma aposta em ficar à sobra das referências do que propriamente jogar ao ataque. O sistema dos "dynamic mutators" será porventura o seu ponto mais interessante e apelativo, mas a seu tempo revela-se uma experiência que não acrescenta muito que seja novo. Aqueles que considerarem dar uma hipótese ao jogo podem sempre experimentar a demonstração, mas se quiserem apostar no jogo é melhor que o façam já. Mas certifiquem-se que outros amigos vão adquirir o jogo. Só assim terão ânimo para se aguentarem nos servidores.

5 / 10

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