Nier
Por amor de pai.
Referente aos poderes, eles são atribuídos pelo nosso amigo livro, de nome Grimoire Weiss. Esta personagem é certamente uma das mais interessantes no guião do jogo, estando quase ao par da brutal e frenética Kainé. O dialogo entre estas duas personagens é delicioso, com piadas e deixas que nos despertam um sorrido. Grimoire Weiss é uma das melhores ajudas que temos. Sem ele nenhum poder é possível. Os poderes concedidos por ele, são uma das coisas mais brilhantes no jogo. Estranhos, surreais, mas altamente épicos.
Em Nier, as palavras e livros têm um papel extremamente importante. Não só para podermos usar os poderes, mas em todo o jogo. Tudo tem um fim, e esse fim é sempre ligado a uma expressão ou palavra. Por isso podem esperar em certas ocasiões longas conversas, onde simplesmente nada mais vêem do que palavras à vossa frente.
O jogo mistura elementos RPG muito virados para os JRPG como essência, mas com grande dose de acção. Julgo poder dizer que Nier poderia bem ser um jogo de acção e aventura, com uma jogabilidade hack n' slash. Os elementos RPG parecem ser apenas um pretexto para agradar de certa forma o público japonês, mas que não é nada equilibrado com o jogo como um todo. Poderíamos passar sem eles e o jogo seria exactamente igual. A busca por upgrades, ou as side quests são extremamente monótonas, e muitas das vezes simplesmente não compreendes como fazer. Quando reparares que ao cumprires com algumas dessas missões, e nada te é recompensado, irás pensar duas vezes em se irás cumprir com as restantes.
O mundo de Nier não é muito extenso, mas teremos que percorrer muitos quilómetros a pé. Existem formas de podermos percorrer algumas partes montados em animais, mas a distância é extremamente curta, pois chegando a mais um carregamento de cenário teremos que deixar o animal. Nier vive muito da sua história, aliás tudo o resto é relegado para segundo plano, o que realmente me atraiu foi a sua história, as suas personagens. Os textos estão muito bem conseguidos, e as personagens têm personagens bem vincadas.
Graficamente o jogo peca por ser demasiado simples, não havendo um atractivo visual, quer nas personagens, bem como nos diversos cenários. As batalhas estão bem conseguidas, principalmente contra os enormes Shades, onde por vezes nos parece que entramos num jogo Munster Hunter. O jogo também varia em termos de visão, sendo que diversas vezes apenas jogamos em 2D, e outras numa perspectiva vista isométrica, num bom estilo de masmorras. É interessante e dá uma boa variedade ao jogo. Também podemos contar com inúmeros puzzles, uns mais complicados que outros.
Nier é um jogo que no início poderá afastar alguns. Se procuram um RPG clássico, então não é para vocês. Mas se lhe derem tempo e quanto mais entrarmos no enredo mais queremos jogar. Provavelmente sentirão o mesmo efeito, iremos desculpar todos os erros e a forma estranha que os estúdios Cavia estruturaram o jogo, pois centraremos a nossa mente na história. A sensação é que existia uma história interessante para contar, mas a dificuldade foi como estruturar todas as passagens entre os acontecimentos importantes.