Ninja Blade
Tóquio a ferro e fogo.
O que nos faz ficar ainda mais desagradados é ver como o que de bom Ninja Blade consegue resulta do misturar de elementos base no género com pequenos ajustes e novidades que a From Software decidiu implementar às secções de combate. Secções estas que podiam ser em maior quantidade se bem que os inimigos raramente representam desafio e parecem todos iguais. Ao implementar diferentes tipos de inimigos com características diferentes, a From Software obriga ao uso das três espadas diferentes com frequência sendo preciso alternar entre elas para obter sucesso. Devil May Cry tem o estilo e Ninja Gaiden um sistema de combate gracioso e profundo, Ninja Blade tenta colocar-se num meio termo onde temos estilo mas um combate não tão profundo. Mesmo que divertido, Ninja Blade não tem nem a profundidade nem a personalidade de um título como Ninja Gaiden e aposta na aglomeração de vários elementos sem se conseguir tornar superior num que seja.
A troca de armas em tempo real é um dos pontos mais bem conseguidos, pois permite o encadeamento dos mais diversos combos e destruir os pontos fracos de um inimigo com uma das armas e a meio do combo alternar para outra mudando completamente o estilo e ritmo dos golpes. É um dos elementos que mais agrado oferece. Podemos melhorar as nossas armas para ganhar acesso a novos combos, tornando-as também mais fortes. No entanto tudo parece não ter repercussões de verdade quando jogamos, pois o botão de defesa é algo que quase esquecemos que existe e mesmo que alguns inimigos nos obriguem a usar determinada arma, na maior parte das secções podemos simplesmente passar por eles como se não existissem. Os ataques dos inimigos são poucos e nada variados, mas mesmo assim esta consegue ser a melhor vertente de Ninja Blade, as secções de combate.
Como qualquer ninja que se preze, para além de espadas mágicas, Ken tem a possibilidade de usar as magias ninja, os ninjutsus. Ken usa tais magias com recurso ao enorme shuriken que carrega nas suas costas pois este não é um shuriken normal. Fazendo uso dos elementos naturais como vento e fogo, não só temos que usar estas técnicas mágicas para derrotar alguns inimigos como também temos que as usar para conseguir progredir nas fases de aventura e acção. Algumas secções colocam-nos barreiras que temos que transpor com o recurso a estas técnicas, eliminar chamas com o poder do vento por exemplo. Este tipo de obstáculos surgem por vezes nos níveis e são na verdade a única coisa que frequentemente nos impedem de progredir pelo mesmo sem ignorar completamente os inimigos à volta.
Outra das habilidades de Ken é a sua visão ninja, um elemento essencial na vida de qualquer ninja mas que em Ninja blade por vezes não é tão útil quanto deveria. Ao usar a visão ninja, a cor muda completamente e os pontos de interesse são realçados por uma cor azul, isto ajuda a que o jogador não se perca mas também como tudo fica mais lento enquanto está activa, tornasse numa ferramenta útil durante os combates, especialmente contra os bosses. Ao abrandar o tempo pudemos aplicar mais golpes mas assim que a barra se esgota o ecrã fica completamente distorcido não permitindo que seja possível discernir qualquer coisa e ficamos à mercê dos inimigos.
Tecnicamente estamos perante um título de qualidade razoável se bem que por vezes consegue surpreender pela negativa. Tal como a demo deixou antever, Ninja Blade visualmente não vai surpreender ninguém pois é simples, embora possamos destacar algumas personagens e alguns efeitos relacionados com o uso das técnicas ninja. Ocasionalmente surgem slowdowns e o screen-tearing é abundante, o que não ajuda à experiência. O jogo também não está livre dos ocasionais bugs e por vezes perdemos face a um boss que já não tem vida mas ainda está a executar o movimento pré-definido, especialmente frustrante pois somos forçados a repetir todo o combate. No aspecto sonoro ficamos também perante um resultado misto sem nunca impressionar. Algumas vozes são agradáveis mas outras são para esquecer mas a possibilidade de colocar todas as vozes em Japonês tornam o resultado muito melhor. Algo que se faz notar é o trabalho de Norihiko Hibino que nos dá alguns temas bem agradáveis e bem dentro do ambiente do jogo mas não contem ficar com nenhum na memória.
Como já anteriormente referimos, Ninja Blade é um jogo que frequentemente parece sofrer de problemas de identidade que não o deixam conquistar uma personalidade para si e por entre ambições de filme grandioso, mais parece um filme série B. Podemos, por exemplo, falar no completo exagero a que Ninja Blade leva os mais variados clichés frequentemente associados aos heróis de acção. Ken dispensa pára-quedas, usa os inimigos para amparar as quedas, salta de prédios para cima de monstros sem ter qualquer problema com as explosões à sua volta, desce prédios de mota e realiza acrobacias a meio do ar com a mesma, tudo com um suposto estilo que rivalizaria com os filmes Matrix mas que mais facilmente se tornam motivos de riso. Isto porque Ninja Blade é um jogo aspirante a momentos kick-ass mas que consegue ser completamente desprovido de personalidade e dificilmente consegue elos de ligação entre o jogador. A história não cativa o jogador nem nunca se torna interessante, mesmo que seja apresentada em várias sequências que se esforçam para mostrar que o jogo tem história, mesmo que uma que não valia a pena ter. Certo de que tudo isto não é obrigatório num título se a diversão existe mas mesmo neste aspecto Ninja Blade não é propriamente bem sucedido.
Como se Ninja Blade não tivesse já problemas suficientes, faz ainda pior e oferece pouco interesse em voltar a ser jogado assim que completado. Para completar o jogo numa primeira vez são precisas entre 10 a 12 horas mas depois não existem quaisquer modos adicionais . Se quiserem prolongar a longevidade podem optar por procurar fatos, enfrentar dificuldades superiores ou então tentar obter conquistas de jogador mas no único modo disponível. No entanto poucos motivos nos vão levar a ter vontade de o repetir.
Ninja Blade é um jogo que somente os adeptos mais ferrenhos do género devem ter em conta, caso já tenham passado as experiências superiores no género que existem na consola e algo em vós continue a pedir por mais. A aventura de Ken tem ocasionais bons momentos mas tornasse rapidamente repetitiva e resulta numa experiência que facilmente esquecemos.