Ninja Gaiden 2
Desculpa, isso era o teu braço?
Seria de esperar que, após mais de quatro anos em desenvolvimento, a Team Ninja tivesse em atenção as falhas de Ninja Gaiden e as tentasse corrigir para esta sequela. Em grande parte, esse não foi o caso. Mas a verdade é que falhas que deveriam ser críticas acabam por revelar-se apenas incómodas face ao que o jogo nos oferece.
Somos desde logo obrigados a desenvolver um reflexo. Ao entrar numa sala, se a câmara não segue devidamente Ryu Hayabusa, bloquear. A inerente agressividade dos inimigos, que à primeira oportunidade atacam o ninja, assim o obriga. E é por aqui que lentamente se esquece o quão intrusiva é a câmara. A sádica satisfação que se retira dos desafios com que somos confrontados apenas aumenta quando somos obrigados a combater inimigos que repetidamente (e quase que propositadamente) se colocam fora do alcance da nossa visão.
Controlar a câmara à mão torna-se quase que uma obrigação, utilizando um misto do stick analógico direito (que permite rodar a câmara) com o trigger direito que centra a câmara nas costas de Ryu, e mesmo assim isto não impede que ela por vezes se prenda nas paredes. Mesmo que a câmara, por não muito comum alinhamento das estrelas, esteja a cumprir a sua função por vontade própria, os adversários tentam sempre ao máximo rodear e atacar fora do ângulo de visão, residindo o segredo deste jogo em manter, a todos os momentos, Ryu em movimento. Essa é uma das grandes diferenças no combate entre Ninja Gaiden II e o jogo de que é sequela. Ataques capazes de quebrar a guarda do ninja são muito mais frequentes e sempre que isso acontece as consequências são desastrosas.
Além disso, as diferenças são subtis; observando-se uma refinação de um sistema de combate extremamente rápido e estimulante. Essencialmente, apenas existem dois elementos realmente novos; as “obliterações”, que consistem em utilizar um ataque pesado num inimigo já enfraquecido. Eliminando-o de forma “automática”, cinemática e, essencialmente, violenta. Cada uma das muitas armas têm algumas obliterações, que variam conforme o inimigo. Um verdadeiro mimo para os olhos, mas estruturalmente não oferece nada de novo ao combate. Por outro lado, as mutilações, o segundo elemento apenas introduzido neste jogo, trazem alguma variação à luta. Durante as lutas é comum ocorrerem mutilações, nomeadamente de braços ou pernas. Estas ocorrem com maior frequência com algumas armas do que com outras, e alteram – como seria de esperar – a atitude dos inimigos por completo. Mas não assumam que eles se escondem ou que tentam evitar continuar a luta, simplesmente assumem uma postura mais cautelosa ou optam por tentar um ataque suicida.
Implacáveis, os inimigos providenciam sempre combates emocionantes, aproveitando qualquer falha da nossa parte; mostrando-se vantajoso alternar entre as diferentes armas à disposição do jogador. Muitas das armas deste título estavam originalmente presentes no primeiro jogo, disponibilizando praticamente os mesmos golpes. A essas juntam-se algumas novidades que aparentam ter sido incluídas com o especial intuito de potenciar mutilações. E não há nada de errado nisso.
Tal como o seu predecessor, Ninja Gaiden é um jogo perfeitamente linear, com os únicos caminhos “opcionais” a levarem o jogador até mais itens. Está dividido por capítulos, que culminam com uma das muitas lutas contra bosses, que, com algumas excepções, oferecem desafios muito interessantes, quer pelo seu tamanho, quer pela sua velocidade.