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Ninja Gaiden 3 - Análise

O regresso do Dragon Ninja.

Quando se fala em hack and slash, Ninja Gaiden é uma referência que não pode ser ignorada. Renascido em 2004 pela Team Ninja, baseando-se no clássico com o mesmo nome para a Nintendo Entertainment System, Ninja Gaiden rapidamente estabeleceu, com todo o mérito, uma base de fãs que procuravam um desafio e uma jogabilidade profunda que exigia dedicação mas recompensava os mais empenhados. O legado foi continuado com Ninja Gaiden 2 que utilizava os mesmos ingredientes do primeiro, mas que pecou pela sua dificuldade exageradamente elevada e estória completamente ridícula. No entanto, se em 2008 procuram um título do género, era uma das melhores propostas que encontraram.

Conclui-se então que, no que toca ao género hack and slash, Ninja Gaiden tem pedigree. Com este historial, e sendo uma sequela, as expectativas para Ninja Gaiden 3 são mais elevadas que o normal. Há, contudo, um fator importante a ter em mente. Tomonobu Itagaki, uma figura importante no desenvolvimento dos anteriores jogos, abandonou a Team Ninja após o lançamento de Ninja Gaiden 2, e o seu toque não está presente no terceiro capítulo. Esta ausência fez-se sentir desde o anúncio de Ninja Gaiden 3, que mostra uma visão diferente e dá mais ênfase ao seu protagonista, Ryu Hayabusa.

Ninja Gaiden 3 tenta apresentar uma estória melhor construída e desenvolvida, e consegue-o, ainda que as melhorias sejam poucas. Continua a haver uma falta de contexto enorme, em que o jogo falha em transmitir porque razão determinadas coisas estão a acontecer. O inimigo em Ninja Gaiden 3 é a organização LOA que quer destruir o mundo, mas os seus motivos não são explicados. Serão apenas um bando de lunáticos? Certos acontecimentos parecem surgir do nada, enfatizando a lacuna que houve no desenvolvimento da estória.

A estória acaba por servir como desculpa para que Ryu Hayabusa viaje para vários locais do planeta para chacinar os soldados da LOA que parecem não ter fim. Um dos problemas que mais se faz sentir em Ninja Gaiden 3 é o seu ritmo. Não sabe quando parar. O que acontece sempre é ficarem presos em determinada área enquanto vagas e mais vagas de soltados continuam a aparecer. A variedade de inimigos não é abundante, o que torna o processo ainda mais repetitivo.

Os bosses que aguardam a vossa chegada no final dos níveis são tudo menos fruto de uma alta inspiração e de grande facilidade. Dinossauros e mechs gigantes não são propriamente novidade, e aquele indivíduo com uma mascara e vestimenta vermelha (o grande vilão) é usado demasiadas vezes. Ao longo do jogo vão enfrentá-lo três vezes e em nenhuma se apresenta mais forte ou com ataques novos.

A dificuldade é muito menor em comparação com os anteriores, se calhar até em demasia. Não só os inimigos estão mais "meigos", como no final de cada luta a barra de vida fica cheia novamente. Parte da identidade da série consistia na sua dificuldade, e em Ninja Gaiden 3 esse elemento é perdido. O que posso elogiar, no entanto, é uso frequente de checkpoints que raramente desperdiçam o progresso feito pelo jogador.

Até a jogabilidade, que era o ponto máximo de Ninja Gaiden, foi simplificada, o que acabou por torná-la inferior. Logo após terminar Ninja Gaiden 3, meti de imediato o disco de Ninja Gaiden 2 na consola para comparação, e as diferenças fizeram-se sentir. A jogabilidade em Ninja Gaiden 2 é mais rápida, fluída e mais variada, em parte devido às várias armas disponíveis para escolha, enquanto que em Ninja Gaiden 3 estamos limitados à espada inicial. A limitação estende-se às armas secundárias onde só poderão usar os shurikens e arco.

O que Ninja Gaiden 3 traz de novo para a jogabilidade é o braço amaldiçoado de Ryu, que quando fica a brilhar, é possível executar um poderoso ataque que elimina cinco inimigos de uma vez só. Este braço amaldiçoado também traz desvantagens, havendo situações em que Ryu perde as forças. Mas são momentos planeados pela Team Ninja (o jogador não os pode controlar ou prever) e os inimigos nada fazem tirar partido da situação Ryu, apenas ficam a olhar à espera da sua morte.