Ninja Gaiden Sigma Plus - Análise
Vita do Ninja.
Quando se estreou em 2004 como exclusivo Xbox, Ninja Gaiden da Team Ninja foi um marco dos videojogos e um clássico estrondoso. Pavimentou o futuro e marcou inevitavelmente o género e desde então goza de um estatuto único enquanto referência no género. Fruto de um estúdio liderado pelo conhecido Tomonobu Itagaki, Ninja Gaiden teve em 2005 direito a uma versão atualizada com novos conteúdos chamada de Ninja Gaiden Black e considerada pelo seu criador como a versão definitiva. No entanto, após a sua saída da Tecmo, a Team Ninja liderada por Yosuke Hayashi desenvolveu uma versão atualizada para a atual geração de consolas em alta definição e deu-lhe o nome de Ninja Gaiden Sigma. Agora em 2012 com o lançamento da Vita a Team Ninja decidiu premiar o lançamento da nova portátil com uma versão Plus de Sigma e oferecer assim à plataforma o clássico incontestável do género.
O que isto quer dizer é que temos então o clássico original de 2004 na sua versão melhorada e atualizada para a alta definição mas adaptada para a nova portátil da Sony, embora que o nome Plus possa ser bem enganador. Ninja Gaiden é um furacão autêntico, não perdoa os erros e separa os meninos dos homens. Existem muitos jogos e séries no género com as suas características que o definem, como Devil May Cry e o seu sistema de combate focado no estilo, e Ninja Gaiden marcou pelo foco na dificuldade e numa elevada e graciosa profundidade.
Apesar de contar com vários níveis de dificuldade, Ninja Gaiden é bruto e cru para com o jogador. Diz-lhe mesmo que ou atina e aprende a dominar todas as mecânicas que mergulham o sistema de combate numa enorme profundidade ou então não vai a lado nenhum. Caso o consiga vai longe e vai descobrir algo recompensador, vai ultrapassar a barreira do casual e embrenhar-se num mundo de combos estrondosos espalhados ao longo de várias armas em que cada uma oferece uma experiência de jogo completamente distinta da outra e no qual nos sentimos cada vez melhor consoante vamos aprendendo a dominar o jogo.
Existem até ataques especiais, as ninja arts, para aplicar mas foi mesmo o delicado e intrincado equilíbrio entre a frustração e o rejubilar oferecido pelo domínio dos combos e do sistema de contra-ataque a principal faceta de Ninja Gaiden. Momentos de tensão são esperados ao longo de todo o jogo e os momentos mais calmos servem apenas para nos pressionar que algo está prestes a chegar para nos desafiar. Pelo meio partilha o seu tom maduro com personagens e situações mais caricatas mas o certo é que temos aqui um jogo de ação, inserido no género hack'n'slash, que provavelmente está para os videojogos como o cinema de ação de Hong Kong dos anos 80 está para o cinema.
Mas nem tudo era doce em Ninja Gaiden. O jogo chegou com alguns problemas no sistema de câmara com impacto na gameplay e com Black muito foi suavizado mas nunca corrigido. Com Sigma chegaram imensas novidades, uns visuais espantosos e algumas melhorias, fazendo desta a versão definitiva em termos de conteúdos mas por outro lado uma versão passável para os fãs mais dedicados que acreditam que Sigma ia contra a filosofia, diga-se mais agressiva, de Itagaki. A intriga estava então em descobrir se a Vita poderia com sucesso oferecer no seu lançamento o melhor jogo do género no seu lançamento, e um dos melhores de todos os tempos, com que nível de qualidade o faria e se resolveria quaisquer problemas que ficaram em Sigma na PlayStation 3.
"Ninja Gaiden é um furacão autêntico, não perdoa os erros e separa os meninos dos homens."
Quando Sigma se estreou na PlayStation 3 apresentou a possibilidade de jogar com Rachel, uma dificuldade geral mais suave devido à presença de mais save points, novas áreas, novas mecânicas de jogo e combate, um par de katanas chamadas Dragon's Claw e Tiger's Fang, um novo modo Missões, e ainda uns visuais bem melhorados e mais vistosos. Logo, de imediato isto é o que procuramos na versão portátil pois são os pontos que nos permitem estabelecer uma comparação direta.
Como tal podemos dizer que Plus oferece praticamente tudo o que podem encontrar em Sigma, à exceção do modo Survival. Excepto essa ausência temos aqui o jogo que Itagaki considera não exemplificar em pleno a essência de Ninja Gaiden devido à sua dificuldade e violência suavizadas, com secções nas quais jogamos com Rachel, e o modo Missões que oferece a única alternativa ao modo principal. São mais de 60 repletas de desafios que facilmente se tornam irritantes mas lá está, deliciosos ao mesmo tempo para deixarmos passar ao lado.
Tirando isto do caminho posso então passar para o jogo propriamente dito e temos então o hack'n'slash em toda a sua imponência, repleto de seriedade e sem qualquer sensação de tolice ou referências a rock'n'roll. Tudo o que aqui virem fora do normal é pura extravagancia Itagaki que está de tal forma embutida na essência e filosofia da então nova face de Ninja Gaiden que por mais que a Team Ninja quisesse nunca poderia remover do jogo.
Ninja Gaiden segue a história de Ryu Hayabusa e este abusa mesmo. Depois de ver a sua aldeia queimada e o seu clã chacinado ele parte em busca de uma espada roubada e do vilão responsável por tais atos. Tudo aqui é sério, Ryu não se ri e os momentos de ingenuidade que ocasionalmente vai mostrando servem para nos mostrar que apesar de toda a sua arte e da carnificina que deixa pelo caminho é um ser humano. Com várias armas ao nosso dispor, vamos recolhendo várias pelo caminho, temos um sistema de combate do mais profundo que existe, muitos, eu incluído, consideram mesmo o mais profundo e exigente.