Nintendo 3DS XL - O que significa
Será que precisamos desta portátil?
A Nintendo anunciou hoje a nova Nintendo 3DS XL no seu mais recente Nintendo Direct e confirmou de uma vez por todas que estava a trabalhar numa nova versão da sua mais recente portátil. Nova como quem diz, pois este não foi propriamente um modelo redesenhado, mas sim uma versão maior do modelo atual.
Para uma consola que comemorou há poucos meses o seu primeiro aniversário muitos acreditam que um novo modelo redesenhado com novas funcionalidades e melhorias: segundo analógico e maior vida na bateria são os dois maiores pedidos, é o que melhor poderia ser feito pela Nintendo, mas outros acreditam que seria prematuro. No entanto, temos mesmo a confirmação que a 28 de Julho deste ano já vamos receber este novo modelo maior da atual 3DS e a questão que fica é: o que significa isto para quem quer comprar uma e para quem já tem uma?
Aqui na redação as opiniões são na sua maioria consensuais, é a Nintendo a repetir o passado e a cobrir para a 3DS um público que foi atendido na sua anterior geração de portáteis, mas não vem representar o esperado e aguardado salto que muitos aguardavam. Assim sendo debate-se por aqui o segundo analógico que tem sido um dos pontos mais controversos, pois a reforçada bateria é um ponto consensual.
O ecrã maior e a bateria prolongada são os dois grandes destaques, juntamente com a oferta de um cartão SD de 4GB, mas pelo outro lado temos a lamentar a ausência de um adaptador AC, algo que é essencial e que é dado como adquirido na compra de qualquer consola. Aqui vamos ter que o fazer à parte (por volta de 14,99€) ou usar um que já tenhamos da DS, DSi ou até mesmo da 3DS.
Ora vamos lá por partes, abordando cada um dos pontos da portátil. Numa portátil algo que é sempre considerado importante é o seu peso e o seu tamanho, estamos em primeira instância perante um aparelho que vamos transportar no dia a dia e que a sua portabilidade é preponderante. A atual 3DS pesa 235 gramas, enquanto a nova vai pesar 336 gramas, é assim 42% mais pesada, nada de alarmante dado o seu tamanho, que por exemplo tem o ecrã superior 90% maior.
A 3DS atual apresenta umas medidas de 134 mm de largura × 74 mm cumprimento × 21 mm de altura, enquanto a 3DS XL vai envergar 93mm x 156mm x 22mm, ou seja, mais larga e mais cumprida mas com uma altura muito aproximada. Acreditamos que isto é importante pois dá um certo estilo e classe ao modelo impedindo que se torne num "tijolo".
Já sobre o imponente novo ecrã temos 4.88 x 4.18 da nova 3DS XL, contra os 3.53 x 3.02 da atual e aqui vamos mais além do tamanho e questionamos se a 3DS precisa mesmo de um ecrã maior, afinal de contas é o principal ponto de venda deste modelo XL. Um ecrã maior representa a possibilidade de oferecer uma experiência mais imersiva e enquanto uns preferem o atual mais pequeno, outros vão louvar um ecrã maior que permite ver mais e melhor dos seus jogos. Não podemos deixar de referir que a 3DS tem uma resolução de 800×240 pixeis, sendo reduzida para 400×240 para cada olho quando ativado o 3D. O aumento de 90% no ecrã não significa um aumento de resolução, logo a resolução manter-se-à pelos 800x240 pixeis.
"A Nintendo está a repetir o passado e a cobrir para a 3DS um público que foi atendido na sua anterior geração de portáteis, mas não vem representar o esperado e aguardado salto que muitos aguardavam."
A questão que se impõe aqui vai ser como alguns jogos mais tecnicamente limitados se vão dar com um ecrã maior que pode expor mais as suas debilidades. Por outro lado temos a oportunidade para tons mais cinematográficos a fazer real valor de experiências como Kid Icarus ou Snake Eater. Além disso podemos sempre apontar as atenções para outros tipos de media como filmes ou séries de TV que a Nintendo pode começar a destacar. Ver um filme em 3D num ecrã maior vai certamente ser bem interessante e isso a Nintendo já tem disponível para download.
A presença de um cartão de 4GB é desde logo um ponto a seu favor e com a Nintendo a colocar maior foco na distribuição digital de conteúdos, quem comprar o novo modelo XL pode identificar-se com esta filosofia e aderir de cabeça ao eShop visto ter mais espaço. Caso a Nintendo invista na distribuição de filmes completos em 3D e conteúdos do género, o cartão maior sai ainda mais reforçado.
A bateria da atual ronda entre as 3.5/4 horas de vida e a Nintendo soube ouvir os seus fãs e prolongou a sua vida para sensivelmente o dobro neste novo modelo e isto é algo que só podemos louvar. É mais tempo que o jogador pode passar com a sua portátil fora de casa sem se preocupar com a vida da bateria e mais facilmente faz a gestão do seu passatempo. É mais conforto e mais à vontade, é sempre bom.
Abordadas de uma forma rápida os aspetos mais básicos, mas importantes, que separam o modelo que está nas lojas e o que está na fábrica, temos então a tal questão vai continuar a dar que falar tanto na imprensa como entre as comunidades: porque é que a Nintendo não aproveitou esta oportunidade para ir mais longe e mais do que aumentar o tamanho físico e da bateria não acrescentou um segundo analógico?
"Colocar um segundo analógico seria ir contra a sua base de consumidores que já compraram a portátil."
O Jorge Loureiro tem passado bastante tempo com ela na mão (salvo seja) e para ele é bastante simples, a 3DS não precisa obrigatoriamente do segundo analógico. "O único jogo que faz real uso do segundo analógico é o Snake Eater, pois Revelations joga-se bem com o esquema tradicional. Snake Eater veio das consolas e como tal sente-se natural quando o jogamos com o esquema mais clássico, já Resident Evil foi pensado para a portátil como ela está."
"Colocar um segundo analógico seria ir contra a sua base de consumidores que já compraram a portátil. A 3DS XL não é uma nova consola, é um novo modelo que visa um público especifico, como por exemplo aquele que poderá usar para ver conteúdos em vídeo, partilha de experiências sociais" diz Jorge Soares e certamente este é o ponto fulcral de todo o debate. A grande maioria das pessoas que compraram a 3DS fizeram-no sabendo que só tinha um analógico e a grande maioria das experiências que têm recebido foram feitas com esse ponto em mente. Algumas oferecem essa alternativa mas não a forçam e assim sendo a Nintendo continua a manter o respeito pelos seus seguidores fieis que aderiram desde logo.
Pessoalmente ainda não encontrei nenhum jogo na 3DS que me tenha feito desejar um segundo analógico, o que atesta o cuidado e atenção que a Nintendo e os estúdios que trabalham na 3DS têm tido com este pormenor. Na concorrente direta, a PlayStation Vita, não a conseguiria imaginar sem o segundo analógico, mas por acreditar que ambas ostentam filosofias diferentes, o que se reflete nos jogos que oferecem.
A questão então é: o que significa esta nova Nintendo 3DS XL? É provavelmente algo similar ao que representou a DSi XL sobre a original, é um modelo maior, mais vistoso via ecrã maior, mas que se mantém bem fiel ao produto do qual deriva sem introduzir filosofias de maior na sua essência. Isto significa que quem tem uma não se sente de forma alguma defraudado e quem quer comprar uma tem a possibilidade de o fazer em versão maior. Pelo menos tem escolha. Pode perder alguma facilidade de transporte, a 3DS é fantástica nesse ponto, mas ganha mais bateria e um ecrã maior.
No final do dia temos a Nintendo a expandir o alcance e apelo da sua portátil, simulando o que fez na anterior geração, sem a momento algum ir contra o seu atual público. É prática recorrente na indústria apesar de na maioria ir no sentido oposto, mais pequenas. Ainda falta ser revelado o preço para a Europa, mas de acordo com o valor avançado para os EUA, de 199 dólares, poderemos certamente esperar uma passagem quase direta para o Euro. Por enquanto estamos especialmente curiosos para ver como os jogos se vão dar num ecrã maior e se as suas maiores dimensões apenas os vão beneficiar, especialmente com o efeito 3D, ou se vai criar alguns problemas.