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No reino de Lost in Random a sorte dos dados traça o destino das crianças

Uma aventura sombria escandinava, com o apoio da EA

Toda a gente ligada aos videojogos, profissionalmente ou apenas como entusiasta, conhece a Electronic Arts, uma das editoras gigantes, responsável por séries de grande monta como Madden, FIFA e Apex Legends. Mas esta editora é desde 2017 responsável por um programa chamado EA Originals e que se destina a valorizar, apoiar e publicar jogos oriundos de pequenos estúdios, muitos deles de origens indie. Este programa valoriza o talento e premeia a originalidade. É o que acontece com o novo trabalho dos escandinavos da Zoink Team; Lost in Random.

O que começou por ser um estúdio indie, é hoje uma produtora com aproximadamente 80 pessoas, quase todas localizadas na Suécia. Num evento de apresentação do seu novo jogo, pudemos também conhecer um pouco mais deste estúdio que já nos deu jogos como Stick it to the Man, Fe e Ghost Giant. Em comum há um estilo próprio em design, uma arte mágica em estilo sombrio, quase negro, a que acresce uma narrativa e com ela surgem personagens peculiares, ambientes e temas que pretendem segurar o jogador desde o primeiro instante.

Lost in Random tem 10 de Setembro como data de lançamento. É uma das próximas grandes apostas da EA, via EA Originals, o reconhecimento seguro do talento demonstrado previamente por este peculiar estúdio nórdico que nos deu a conhecer um pouco mais sobre Klaus Lyngeled e Olov Redmalm. O primeiro é por assim dizer o responsável por montar, dirigir a equipa e conduzir passo a passo a produção desde o conceito original até à entrega para publicação. Já Olov Redmalm é um dos criativos do estúdio, o director criativo, como é conhecido, que visa tornar ideias malucas em realidade jogável.

O ambiente sombrio perdura, assim como as personagens peculiares, no universo Lost in Random.

Lost in Random; um conto de fadas sombrio

Olov Redmalm conta-nos que a ideia por detrás de Lost in Random nasceu a partir da criação de um estado de alma, ou de um sentimento, ao invés de um conjunto de mecânicas. Trabalharam com várias ideias a partir do papel, em esboços, pintura digital e plasticina, até que a ideia de uma rapariga com o seu dado antropomórfico começou a ganhar forma. É dessa forma que começam a preparar as mecânicas, em torno da incerteza, do factor aleatório como elemento cénico e núcleo do sonho, num mundo com traços, desenhos e esboços feitos à mão.

Ao mesmo tempo os produtores pretenderam ir um pouco mais adiante do que tinham feito até aí. Lost in Random teria de combinar os diálogos de Flipping Death com o mistério de Fe e a narrativa emocional de Ghost Giant. Numa espécie de reunião de forças, o estúdio contou com o préstimo de Ryan North na elaboração do guião, o canadiano de 40 anos que é responsável por Adventure Time e Squirrel Girl, no âmbito dos comics.

Em resultado desta profusão de contributos e conceitos provenientes de diferentes mentes começou a nascer o belo e sombrio mundo de Lost in Random. Com recortes de grande estilo interno, do próprio estúdio, não deixa no entanto de se fazerem sentir influências exteriores igualmente prestimosas, entre as quais encontramos uma atmosfera capaz de evocar Tim Burton, Shaun Tan e até Alice no País das Maravilhas. Diz-nos Klaus Lingeled que ainda foram necessários 3 anos, quase 4, em desenvolvimento, para chegarem até aqui, com uma versão do jogo já muito avançada que pudemos experimentar, quando nos aproximamos a passos largos do lançamento.

Dicey é a nossa companhia e arma

A transposição de uma mensagem moderna

A narrativa descreve personagens centrais, como a rainha insana, do Reino de Random, as irmãs Even e Odd e um estranho dado que a rainha lança sempre que uma criança daquele misterioso reino atinge os 12 anos, ao ponto de lhe decidir o destino. A cada número corresponde uma ramificação. Se o número 6 parece trazer mais sorte, com direito a uma palete de mordomias no palácio da rainha, na realidade isso acaba por separar definitivamente as duas irmãs. Even, triste e desolada pela separação, lança-se então no sombrio Vale do Dado, por onde lhe chega um sinal da irmã Odd. É nesse vale que vai descobrir Dicey, um peculiar dado antropomórfico que se torna seu auxiliar nesta periclitante e sombria jornada, através dos seis domínios de Random.

Olov Redmalm refere-se a esta história como um épico dos contos de fadas, com os seus momentos de grande intensidade. Lutar contra os minions da rainha em grandes arenas inscreve-se nesses momentos, em que os dados são a nossa companhia e arma. Os tabuleiros são de grande dimensão, há peças gigantes, e pelo meio do combate uma permanente evolução. A colecção de cartas e a construção de um baralho, com as quais podemos aplicar novas técnicas e habilidades é outro segmento peculiar da jogabilidade, que traz consigo uma importante componente estratégica sempre em tempo real.

É a combinação das cartas e dos poderes mágicos que tornam as lutas mais desafiantes, mas nem só de combates em arenas se conta a experiência jogável de Lost in Random. Nos seis domínios de Random há criaturas estranhas e momentos de grande imprevisibilidade. Neste conto distorcido, os produtores querem passar uma mensagem, simultaneamente moderna. Veremos a que desfecho nos leva, numa jornada que poderá ir das 8 a 12 horas que levou a concluir Olov Redmalm, e as 15 horas para Klaus Lyngeled.

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