Nova análise concluiu que videojogos não conduzem a comportamentos violentos
A relação entre os dois é quase nula.
O debate acerca do efeito dos videojogos nos jovens, particularmente se há ou não ligação com comportamentos violentos, perdura há imenso tempo e, tentando alcançar algum tipo de conclusão, já foram conduzidos vários estudos.
Um novo estudo, publicado no The Royal Society, faz uma reanálise dos resultados obtidos por 28 estudos anteriores, incluindo aproximadamente cerca de 21 mil indivíduos. A conclusão do estudo é que a relação entre videojogos e comportamentos violentos nos jovens é praticamente zero.
Esta reanálise não levou apenas em conta os resultados obtidos, analisou também a metodologia para obter os resultados e a tendência do estudo. Foi determinado que, quanto melhor for a metodologia usada para medir os resultados (usando as melhores práticas), e quanto menor foi a tendência, mais a relação entre videojogos e comportamentos violentos se aproxima do zero nos estudos analisados.
"Isto sugere que alguns alguns efeitos podem ser conduzidos por práticas de menor qualidade que podem inflacionar os tamanhos dos efeitos. Vale também a pena reparar que problemas como o uso das melhoras práticas com resultados normalizados e validados tendem a corresponder com menor tendência nas citações," é dito na meta-análise de Aaron Drummond, James D. Sauer e Christopher J. Ferguson.
"Alguns efeitos podem ser conduzidos por práticas de menor qualidade que podem inflacionar os tamanhos dos efeitos"
Uma hipótese colocada por estudos anteriores é que os pequenos efeitos registos entre videojogos e comportamentos violentos poderiam ser acumulativos a longo prazo, tornado o jovem cada vez mais agressivo. Contudo, o novo estudo encontrou evidências do contrário e que, na realidade, os efeitos são ainda mais diluídos a longo prazo.
"Não encontrámos evidências para a asserção de que estes pequenos efeitos podem acumular com o tempo. A associação negativa entre o comprimento do período longitudinal e o tamanho do efeito fala directamente contra as teorias de efeitos acumulados. De facto, descobrimos que períodos longitudinais mais longos estão associados com efeitos menores, e não maiores, contradizendo directamente a narrativa da acumulação."
A meta-análise conclui, portanto, que "o impacto a longo termo de videojogos violentos na agressividade dos jovens é praticamente zero, com efeitos maiores tipicamente associados a problemas na qualidade da metodologia". Os autores do estudo pedem agora mais transparência entre os profissionais, como American Psychological Association, na "extremamente pequena" relação observada entre videojogos violentos e a agressividade dos jovens.