O que estou a derreter este fim de semana
One Piece: Pirate Warriors marca o início de 2013.
Há já muito tempo que temos vindo a colocar a questão à nossa comunidade sobre o que vão derreter no fim de semana que se avizinha. Queremos saber quais os jogos que não conseguem largar, quais os jogos que vos vão acompanhar e quais os jogos que vos vão marcar nos próximos dias. É também uma forma de colocar a comunidade a partilhar quais os títulos novos que adquiriram, quais os velhos jogos que recuperaram, ou simplesmente quais os jogos que não prescindem seja em que momento for, tenha passado o tempo que for. No entanto, há um questão que nunca foi colocada, e que até pode nem ter interesse para uns mas que acreditamos ter interesse para outros tantos curiosos que é: 'Mas que estamos nós deste lado a derreter no nosso fim de semana'?
Para responder a tal devo primeiro recuar uns anos e armar-me em pseudo-intelectual e em tipo que sabe da coisa. Há cerca de alguns anos e pico atrás, quando ainda era adolescente, estava a arrebentar (que luxo de termo) em Portugal um novo fenómeno relacionado com a animação Japonesa. Se séries como Dragon Ball Z ou Cavaleiros do Zodíaco foram o ponto de partida para muita da ganapada, entre os quais o je, filmes como Ninja Scroll, Akira, Ghost in the Shell ou Wings of Honeamese, foram a linha que separaram o menino do homem. Foi assim que o fascínio pela eclética animação Japonesa nasceu. As suas várias temáticas, os seus designs visuais e artísticos multifacetados e toda uma panóplia de ritmos musicas fez com que mesmo anos depois (já tinham os pelos dos sovacos nascido) ainda continuasse presente em mim.
Rurouni Kenshin e Great Teacher Onizuka foram as minhas séries favoritas, que vi e revi ao longo dos tempos, mas com o passar dos anos o tempo foi-se tornando menor para acompanhar o crescente número de produções e até há poucos anos, Naruto tornou-se a única série que conseguia acompanhar fielmente. Até ao dia em que um caro elemento aqui da nossa comunidade (que combina no seu nome duas séries de animação fantásticas) me perguntou se conhecia One Piece. Orgulhosamente respondi que não tinha tempo para isso mas perante a insistência de que seria do melhor que iria ver resolvi começar a ver. Semanas depois tinha vergonha da minha ignorância e atualmente considero que estou perante a chama fervorosa da paixão pelo incrível e dinâmico, apaixonante mesmo, trabalho de Echiiro Oda.
Com a chegada de One Piece: Pirate Warriors à PlayStation 3 tive a primeira oportunidade para jogar um produto relacionado com este maravilhoso universo mas apesar de lançado em finais de Setembro, a compra teve que ficar adiada até Dezembro. Nessa altura, em jeito de prenda a mim mesmo, adquiri finalmente Kaizoku Musou na sua versão Europeia e a "salivagem" lá terminou. Após algumas semanas de espera para o jogo chegar à caixa do correio, eis que me dou completamente mergulhado neste fascinante produto neste início de 2013.
Pirate Warriors foi desenvolvido em conjunto pela Namco Bandai com o estúdio Omega Force da Tecmo Koei. Isto resultou no combinar da fórmula Dynasty Warriors com o mundo One Piece, e que combinação aqui temos. PW mergulha-nos nos melhores momentos do grupo liderado pelo pirate Monkey D. Luffy e se tem um qualquer encanto por jogos de ação descomprometidos, pela fórmula Dynasty Warriors, e pela série de animação/livro de banda desenhada, então não há que enganar, temos aqui um mata aborrecimentos do melhor que encontrei nos tempos recentes.
Para os tempos atuais, em que o tempo para jogar nem sempre é o desejado, a procura por uma experiência simples e descomprometida mas que ao mesmo tempo seja apelativa e desafiante pode não ser fácil. Mas quando me deparei com o brilhantismo desta interpretação do universo One Piece e com um uso refrescante da fórmula já arcaica da série da Tecmo Koei não deixei de sentir que este jogo é uma carta de amor para os fãs de One Piece e que foi feito por quem percebe da coisa.
Se One Piece nos marca pelo brilhantismo dos seus personagens, que nos cativam e emocionam com as suas histórias e personalidades, também nos marca e cativa pelas suas estrondosas sequências de luta (quem não se irritou um pouco com aquele Foxy the Silver Fox ou se sentiu incrédulo perante o poder de Enel?) então que melhor do que um jogo no qual temos Luffy e restante tripulação a desencadear porrada livremente e sem complexos? É isto que temos aqui, uma jornada por alguns dos mais aclamados arcos de história da série envolto num esquema Dynasty Warriors
É tudo muito simples, tal como desejava, e divertido, como deveria. Por entre uma tonelada de QTEs, que até podiam não exagerar tanto, vamos martelando sucessivamente os botões do comando e por mais estranho que pareça, tal não parece tão entediante quanto nos outros milhentos jogos. Talvez seja o fã One Piece a ver para além dos defeitos, talvez sejam os espantosos e coloridos visuais que me deixam arrebatado, mas sinto como se esta fosse a melhor versão da fórmula Dynasty Warriors até à data. Se em Fist of the North Star a jogabilidade se sentia lenta e presa com visuais horríveis, e se em Saint Seiya a sensação de repetição parecia não ter sido devidamente abordada, Pirate Warriors parece assumir-se como a melhor prestação com que tive contacto nesta série.
O ênfase nos variados combos parece recompensar como nunca, a jogabilidade ritmada ganha vigor e até as lutas contra os bosses são espantosas e chegam mesmo a incutir momentos de ansiedade e suspense. A forma como a obra de Oda foi adaptada para videojogo enquanto respeita os moldes de um produto já estabelecido surpreende e tudo parece funcionar com uma sintonia recomendável. Pena mesmo aquelas sequências em jeito de plataformas nas quais temos que pressionar o botão apresentado no momento certo para progredir por partes de outra forma inacessíveis. Luffy estica os braços e lá vai ele a voar pelo cenário e dentro do próprio nível temos o que parecem ser mini-jogos sem interrupções mas quebram a ação que tanto gosto estava a dar.
Não fiquei fã mas se nalguns níveis parecem irritar, como no confronto às portas do restaurante Baratie, noutros (como em Drum Island) já forçam um tom diferente na jogabilidade (aquela corrida contra o tempo com a Nami às costas até que é divertida). Martelar botões para recriar movimentos icónicos de Luffy e camaradas é um must e as várias mecânicas de jogo como o sistema de link para continuar combos com outro parceiro ou as moedas que ganhamos para melhorar atributos, revelam uma forma ativa de abordar a série.
Por outro lado, a forma como cada capítulo oferece uma nova abordagem à jogabilidade em si, com progressão dividida em segmentos nuns, a mais tradicional conquista de pontos noutros, e algo completamente novo inspirado na série que o origina, faz com que a vontade de conhecer mais e mais seja constante. Algo que não tem acontecido com a série Dynasty Warriors nos tempos recentes. Assim sendo, Pirate Warriors parece ser o mais bem sucedido jogo a usar essa estrutura e ao mesmo tempo parece sentir-se evoluído e natural.
Tendo o jogo chegado à pouco tempo, este fim de semana vai servir para explorar mais e mais, ver até que ponto a conquista de Troféus é apelativa, na relação dificuldade com o tempo disponível, e espero poder enveredar pelo modo Another Log e conhecer mais personagens (corro o risco de não largar Luffy mas depois de enfrentar Mihawke com Zoro quero mais luta de espadas), e a força deste Gum Gum Pirate é tanta que acredito que este seja um jogo que me possa marcar.
Com One Piece: Pirate Warriors 2 prometido para o próximo Verão na Europa, agora também a caminho da PlayStation Vita, a vontade de jogar o original ficou reforçada pois não só temos a indicação que é uma série com perspetivas para crescer e florescer, como podemos presenciar a desejada evolução. Ainda tenho muito a explorar neste jogo, que por aqui cheira a novo, e portanto por aqui devo passar as próximas semanas, meses quem sabe, portanto se quiserem partilhar a vossa aventura no fascinante e imenso mar azul, então partilhem a vossa PSN ID e em conjunto vamos admirar as fantásticas sobrancelhas do talentoso e apaixonado cozinheiro Sanji.