O Remaster do Final Fantasy 12 na PS4 é um excelente upgrade
Mas o modo de alta resolução da PS4 Pro não nos satisfaz totalmente.
Confessamos que não sabíamos o que esperar ao certo do Final Fantasy 12: The Zodiac Age na Playstation 4 e PS4 Pro. Por um lado, a Virtuos Games fez um bom trabalho com os remasters do Final Fantasy 10 e 12, melhorando vários aspetos do jogo, para além de um artwork melhorado que funciona bem num ecrã HD. Por outro lado, este estúdio também tratou do porte do Batman: Return to Arkham, um porte razoável, mas com poucos upgrades para os utilizadores da PS4 Pro. A boa notícia é que o Zodiac Age proporciona a melhor experiência do Final Fantasy 12, mas a má notícia é que os utilizadores da PS4 Pro continuam a ter poucas vantagens sobre a PS4 standard.
De uma forma geral, a Virtuos Games fez um excelente trabalho: introduziu vários upgrades nos gráficos, que vão desde a resolução extremamente melhorada, até aos efeitos melhorados, texturas modificadas, e algumas mudanças no gameplay, as quais são bem-vindas. A versão original da PS2 funcionava numa resolução anamórfica de 512x448, o que significa que os utilizadores da PS4 presenciaram um aumento de 9x no pixel-count, enquanto que os utilizadores da PS4 Pro conseguiram um impressionante boost de 16x.
Este aumento da resolução foi enorme, mas a verdade é que os utilizadores da Pro apenas podem usufruir de um output de 1440p, e é difícil acreditar que o Zodiac Age não podia alcançar uma resolução nativa de 4K, tendo em conta o excelente trabalho que a Square Enix fez com os remasters do Kingdom Hearts, os quais corriam a uma resolução ultra HD e a 60fps em ambas as consolas da Playstation. No caso do Zodiac Age, este corre a 30fps tanto na PS4 como na PS4 Pro.
Apesar disto, ambas as consolas proporcionam uma experiência muito mais gratificante do que aquela que o jogo original proporciona. Com uma resolução maior, bom uso do anti-aliasing e uso do mip-mapping, o Zodiac Age elimina a enorme quantidade de jaggies presentes no jogo da PS2, enquanto que a precisão dos pixels e a resolução elevada permitem que o jogo mostre os seus gráficos bonitos. O método AA que a Virtuos usou é tão impressionante que correr o Zodiac Age na PS4 standard num ecrã 4K não é um downgrade muito notável quando comparado com a versão upscaled da Pro.
Enquanto que o aumento da resolução é um upgrade importante neste remaster, existem muitos outros upgrades que melhoraram o jogo e permitiram que tivesse uma melhor performance em ecrãs modernos. Para testar a qualidade do remaster, corremos o jogo original a 1080p num PC através de emulação, de forma a podermos comparar os resultados desta emulação com os resultados obtidos numa PS4 standard, ambos a correr no mesmo pixel count. Os resultados foram relevantes: o elemento que se destaca mais é a qualidade das texturas, as quais são mais detalhadas e definidas. Alguns assets sofreram grandes modificações, tais como a areia no Estersand desert, a qual é muito mais detalhada do que no jogo original.
No entanto, o trabalho de remaster é mais notável noutras áreas, pois a maioria da arte parece ter sido processada por um filtro de upscaling, de forma a evitar uma quebra nos detalhes pequenos quando estamos próximos deles. De forma geral, o objetivo foi alcançado, mas pode levar a um exagero de black outlines e de áreas escuras nas texturas, o que por vezes pode levar ao surgimento de situações estranhas. Porém, a Virtuos adicionou outros upgrades visuais: por exemplo, foi usado bump-mapping para moldar os detalhas no remaster, dando às superfícies um aspeto mais 3D. As estratégias aplicadas foram pertinentes, mas o ideal seria uma reestruturação total da arte.
Os visuais também são embelezados noutras áreas, com a iluminação e sombras melhoradas a criar um look mais natural. As zonas escuras têm mais sombras agora, concedendo-lhes uma atmosfera misteriosa, enquanto que a oclusão ambiental e as sombras adicionais proporcionadas pelos objetos adicionam outro nível de profundidade ao jogo.
De volta à performance, os 30 frames por segundo proporcionados pelo Final Fantasy 12 deixaram-nos desapontados, mas já seria algo de esperar, tendo em conta a forma como a Virtuos trabalho os outros Final Fantasy. O design do engine original deve ser a razão pela qual o Zodiac Age foi limitado a 30 fps, tendo em conta que todas as tentativas de correr o remaster do FF10 a 60fps no PC foram falhadas. Isto leva-nos a crer que os sistemas de animação foram programados para correrem com um refresh de 30Hz.
Por outro lado, o Final Fantasy 12 é um RPG vagaroso, o qual se baseia na exploração e num combate em semi tempo-real, por isso trata-se de um jogo que não necessita de controlos com latência baixa de forma a poder ser desfrutado. O que realmente importa neste jogo é manter uma frame-rate estável, de forma a que o jogo se mantenha fluído durante o gameplay e as cutscenes longas. Em relação a isto, tanto a PS4 e a Pro fizeram um bom trabalho, conseguindo entregar 30fps fluídos durante a maior parte das horas iniciais do jogo, tendo ocorrido apenas alguns frame drops, os quais não eram perceptíveis. Em termos de performance, o remaster alcança melhor o seu objetivo do que a versão para a PS2.
Não são apenas os visuais que são melhorados no remaster. Os loading times também são substancialmente mais rápidos quando te moves entre as diversas áreas, e também existem diversas modificações no gameplay que tornam um jogo numa experiência mais agradável à audiência mais moderna. Por exemplo, a forma como os feitiços funcionam também mudou: na PS2, os feitiços eram carregados para gerir o rendering load, de forma a não sobrecarregar o engine com efeitos alfa e luz, enquanto que isto já não acontece no remaster, pois já é possível lançar vários feitiços de forma sequencial.
Também existem outras modificações que vêm da versão internacional do jogo, tais como o novo esquema de controlos, o qual inverte a câmara. Ou seja, quando moves o analógico direito para a esquerda ou para cima, a câmara vai-se mover nessa direção, tal como a maioria dos jogos atuais o fazem. A navegação também é mais fácil, visto que agora podes ativar um mapa semi-transparente, enquanto que o license board simplificado permite que personalizes os teus personagens mais facilmente. A qualidade do som também foi melhorada, pois a música sintetizada gerada pela PS2 foi substituída pela banda sonora de uma orquestra.
Em suma, os vários ajustes no gameplay, o conteúdo extra, o artwork e efeitos melhorados fazem deste jogo a melhor versão do Final Fantasy 12. A Virtuos fez um bom trabalho com o processo de remaster, e apesar de alguns fãs poderem estar reticentes em relação às mudanças gráficas (tal como as texturas modificadas), este jogo corre muito bem num ecrã moderno. De uma forma simplista, o remaster entrega uma versão mais sofisticada do Final Fantasy 12 enquanto que mantém o jogo fiel às suas origens. A nossa única queixa é relativa à má implementação na Pro, pois chegamos ao ponto de preferir jogar o jogo na PS4 standard numa resolução de 1080p, em vez de jogar a versão da Pro numa resolução equivalente a 4K. Tendo isto em conta, esperamos que a Virtuos melhore o suporte do Final Fantasy 12 na PS4 Pro.