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Oceanhorn 2 mostra novamente como a Nintendo inspira a indústria

Do Japão para a Finlândia.

Após quase um ano como exclusivo Apple Arcade, Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm chegou no final de Outubro à Nintendo Switch e após passar algumas semanas a jogar, não conseguia deixar de escrever algumas palavras sobre ele. Isto porque o novo trabalho da finlandesa Cornfox & Brothers é precisamente um dos tipos de projetos que considero vital para a alma de quem sonha com a indústria dos videojogos e um papel maior nela. É um jogo que, à semelhança do primeiro, foi inspirado por clássicos da Nintendo e mostra os fãs a seguir as pisadas dos mestres.

Ao longo dos últimos 10 anos, esta indústria vibrou com entusiasmantes propostas indie que foram inspiradas pelos grandes criativos que te deixaram apaixonado e rendido aos videojogos. Vimos jogos inspirados em grandes obras a conquistar o seu próprio espaço e até a revolucionar géneros, levando-os mais além. É importante para a indústria ver sangue fresco iluminado por jogos memoráveis que são recordados passadas décadas. O primeiro Oceanhorn foi uma carta de amor à série The Legend of Zelda, especialmente a Wind Waker e 6 anos depois, a sequela segue uma proposta similar, mas de uma escala superior.

Oceanhorn 2 é um RPG que parece combinar The Legend of Zelda com Xenoblade Chronicles, demonstrando o quanto a Cornfox se inspira na Nintendo para os seus projetos e isto resulta num título indie de inesperada escala. Por um lado, tens as habituais cidades e masmorras ao estilo clássico de Zelda, mas com mapas mundo de grande escala, que percorres com aliados que te ajudam em combates em tempo real.

A sequela é realmente mais ambiciosa do que o original e sem problemas em evidenciar que se posiciona sobre os ombros de jogos bem conhecidos, aliás, faz questão que o seu apelo seja mesmo esse. Desde os primeiros instantes, é percetível a inspiração em The Legend of Zelda, até a vestimenta azul do protagonista parece uma referência direta à túnica de Link em Breath of the Wild, enquanto as masmorras são uma espécie de homenagem ao que essa série da Nintendo apresentou ao longo dos anos.

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Quando não estás numa masmorra a tentar solucionar quebra-cabeças para chegar ao seu final e seguir na história, estás a explorar locais de escala média com inimigos visíveis para enfrentar. Acompanhado por 2 colegas de viagem, exploras Arcadia para tentar impedir que o Dark Army de Mesmeroth leve a sua avante. Pelo meio, desfrutarás de momentos banais, outros de grande inspiração e sentirás que existem algumas ideias próprias no jogo e que nem tudo é uma cópia direta do que a Nintendo faz nos seus jogos.

No entanto, jogar Oceanhorn 2 é um misto de sensações pois por um lado tens um indie de grande ambição, inspirado em grandes nomes do género RPG e repleto de momentos que te vão entreter. No entanto, apesar de adorar desfrutar de experiências independentes como esta, é fácil perceber que existem diversos elementos de menor qualidade que afetam a experiência.

Os visuais oscilam entre belos momentos e outros menos apelativos, especialmente em algumas masmorras básicas que chocam com os locais mais épicos, o design de algumas dessas mesmas masmorras é básico e a navegação poderá exigir alguma paciência. Existem imensos puzzles interessantes capazes de oferecer aquela boa sensação de alcançar algo, mas nem todos conseguem isso. Pelo outro lado, o limitado número de inimigos banaliza a imersão e a performance tem alguns problemas. As animações também oscilam de qualidade e o mapa mundo aberto é um bom exemplo da maior fragilidade deste Oceanhorn 2, o equilíbrio.

Como referi, é apaixonante jogar experiências indie inspiradas por clássicos, especialmente quando rivalizam com esses jogos que alcançaram estatuto, mas Oceanhorn 2 apenas consegue alcançar uma parte dessa proposta. É uma experiência com momentos divertidos e um belo Action RPG mais ligeiro para jogar na Switch, enquanto descansas entre jogos de maior porte, mas fica a sensação que podia ser ainda mais, que a Cornfox deu mais um passo em direção ao potencial máximo, mas que ainda não está lá.

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O gameplay é divertido e são notáveis os esforços para tornar Oceanhorn 2 num jogo capaz de conquistar diferentes adeptos do género RPG, sendo capaz de proporcionar muitos momentos divertidos. As boss fights não resultam tão bem quanto desejado e por vezes o jogo poderá revelar-se um pouco clunky, seja pela câmara ou pelo comportamento dos teus aliados, mostrando um lado nada bom dos projetos indie. Talvez sejam aspetos que mostrem que a equipa independente ambicionou ir longe de mais.

No entanto, o que fica é um jogo que poderá divertir os adeptos dos Action RPGs e que revela como os estúdios mais pequenos começam a perder o medo de arriscar com propostas mais ambiciosas. É certo que Oceanhorn 2 nem sempre acertou, mas enquanto exercício para explorar o encanto dos indies e escapar aos grandes blockbusters, desfrutei de momento bem interessantes.

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