Os 10 jogos que definiram esta geração (Parte 1)
Tiros, puzzles e diversão em família.
A nova geração de consolas está quase aí por isso nada como um artigo de retrospectiva para nos lembrarmos das coisas boas que jogamos nos últimos 8 anos.
A sétima geração de consolas foi longa e repleta de grandes jogos mas conto pelos dedos de duas mãos aqueles que, na minha opinião, foram os títulos realmente inovadores.
Não se trata de uma lista dos melhores jogos desta geração(a organização é cronológica) ou sequer dos meus preferidos; são apenas 10 títulos que tiveram um grande impacto e deixaram um legado bem visível. Apesar da influência que outros jogos tiveram, esta lista só diz respeito a impacto positivo e que avançou o design de video jogos. Lamento, Capcom.
Gears of War
Gears of War foi o primeiro jogo realmente next gen. Não foi o primeiro a sair numa das novas consolas mas foi o primeiro que se parecia com algo impossível de alcançar na geração anterior.
Os early adopters já se familiarizaram com este mal: o primeiro ano costuma ser terrível e raros são os títulos que justificam o preço que pagamos pela consola. Vejam o que se está a passar com a Wii U. Apesar de contar com um line-up relativamente acima da média, a Xbox 360 não foi excepção à regra e coube à Epic acabar com a “secura” de quem tinha comprado a nova consola da Microsoft.
A primeira coisa que saltou à vista em Gears of War foram os gráficos: a falta de cores do jogo contrastava com os cenários e personagens altamente detalhados em gloriosos 720p.
O soberbo aspecto de Gears of War fez do Unreal Engine 3 o motor de jogo mais popular desta geração de consolas. Bioshock, Mass Effect ou Lost Odyssey são alguns exemplos da sua flexibilidade.
Contudo, Gears of War não se limitou a definir o aspecto gráfico de toda uma geração. A parte mais importante do seu legado está na jogabilidade, não fosse este o jogo que introduziu o sistema de cover, hoje em dia utilizado em tudo quanto é shooter.
Wii Sports
De todos os jogos nesta lista, Wii Sports é o mais revolucionário. Sozinho, fez mais pela democratização dos video jogos do que décadas de discussões a defender que os jogos não são apenas um passatempo de crianças. A Nintendo mostrou ao mundo como se faz um jogo para todas as idades e Wii Sports foi jogado por “jovens” dos 8 aos 80.
Há décadas que o motion gaming era cobiçado mas nunca ninguém o conseguiu pôr a funcionar correctamente. Da terrível Power Glove da NES(“It's so bad!”) ao horrendo Eye Toy da PlayStation 2, muitos foram os que tentaram sem nunca alcançar sucesso.
Há décadas que a Nintendo tentava aperfeiçoar a tecnologia e foi com Wii Sports que o conseguiu fazer. Tornou-se o jogo mais vendido de todos os tempos e não vale a pena tirar-lhe esse mérito argumentando que vinha incluído com a consola. Na prática, o que acontecia era precisamente o contrário: as pessoas compravam o Wii Sports que, por acaso, vinha acompanhado de uma consola Wii.
O seu legado é inegável: Sony e Microsoft correram para tentar apanhar o comboio do motion gaming e tanto o Move quanto o Kinect vão dar o salto para a nova geração. Ambos usam tecnologia infinitamente superior ao Wii Mote mas têm um grave problema: falta-lhes um jogo do calibre de Wii Sports.
Bioshock
Bioshock foi o melhor jogo de um dos melhores anos de sempre para os video jogos.
É um título que representa a chegada à maioridade deste meio, fazendo com que merecesse ser reconhecido como uma legítima forma de arte e não como um passatempo apreciado apenas por alguns.
É muito difícil explicar o que realmente o torna tão bom porque Bioshock está muito próximo da perfeição. O seu famoso twist é dos mais memoráveis e inesperados de sempre e as suas personagens, dos Big Daddies e Little Sisters a Andrew Ryan, estão entre as mais carismáticas criações que podemos encontrar em qualquer jogo.
No entanto, onde Bioshock mais se destaca é na soberba direcção artística que nos transporta para a cidade de Rapture, uma distopia sub-aquática construída nos anos 40 com motivos art deco e com um dos mais intensos e memoráveis ambientes jamais criados num video jogo.
Bioshock elevou a exigência e atenção ao detalhe que se espera de um jogo. Ainda não é o Citizen Kane dos video jogos, mas é o mais próximo que temos disso.
Portal
É muito difícil não se gostar de Portal, um dos melhores e mais criativos jogos de sempre.
À primeira vista, Portal parece não passar de um simples e original jogo de puzzles na primeira pessoa com uma mecânica original. Temos várias salas com desafios para resolver, cortesia da Aperture Science, e é GLaDOS, o nosso “guia” quem nos vai dando dicas e tecendo críticas.
O humor de GLaDOS vai-se tornando cada vez mais negro e corrosivo à medida que progredimos no jogo e nos começamos a aperceber que Portal é mais do que aquilo que aparenta. É um raro caso de como narrativa e mecânicas podem coexistir sem que um comprometa a qualidade do outro. A história é-nos relatada de forma tão natural e “inocente” que só muito longe no jogo nos apercebemos que ela existe e que não estamos apenas a resolver puzzles.
Apesar de curto, é um jogo que nos fica para sempre na memória.
Longe de ser mais do mesmo, Portal 2 introduziu novas mecânicas na resolução de puzzles e um modo co-op. Apesar de o factor surpresa já não se encontrar lá, merece igualmente a vossa atenção.
Call of Duty 4: Modern Warfare
Antes de Modern Warfare, era raro o FPS “realista” que não tivesse como pano de fundo a segunda guerra mundial, uma campanha raramente memorável e um modo multi jogador tão secundário que muitas vezes era construído durante o tempo livre dos programadores(o do popular GoldenEye não passou disso mesmo).
Progressivo, enérgico e altamente viciante, Modern Warfare mudou completamente o género ao adicionar elementos de RPG, tais como desbloquear armas e perks, ganhar experiência ou subir de nível, aos modos multi jogador dos FPSs. Depois de Modern Warfare, praticamente todos os jogos de todos os géneros passaram a ser híbridos de RPG, levando-nos mesmo a questionar o que não é um RPG nos dias que correm.
Além da experiência multi player de sonho, a campanha de Modern Warfare conta com 7 das mais intensas horas que algum dia agraciaram um FPS, repletas de alguns dos momentos mais icónicos desta geração. Poucos foram os jogos que me deixaram com o coração como aconteceu no nível em que rastejamos por entre ervas altas, lado a lado com dezenas de soldados e tanques inimigos. Intenso.
Por si só, é realmente muito bom mas o seu legado estende-se muito além do próprio jogo. Por norma, são exclusivos de peso que vendem hardware(Super Mario World, Sonic, Gran Turismo, Halo, Super Mario 64, etc.) mas nesta geração ninguém vendeu tantas consolas quanto a série Call of Duty. Modern Warfare foi o grande responsável por fazer mudar de ideias aqueles que ainda se encontravam ligados à sua PlayStation 2.
Foi o jogo que verdadeiramente iniciou esta geração, vendendo quase tanto quanto o título mais vendido da geração passada, Grand Theft Auto: San Andreas. A grande diferença é que o fez no segundo ano de vida da Xbox 360(primeiro da PlayStation 3) enquanto que o jogo da Rockstar contou com uma base instalada de mais de 140 milhões de consolas.
Os históricos resultados de Call of Duty moldaram para sempre a indústria mas nem sempre de uma forma positiva. O síndrome do “Halo killer” que vimos na geração anterior voltou-se a repetir e todos tentaram à força ser o próximo Call of Duty. Shooters modernos passaram de excepção a regra mas muito poucos alcançaram sucesso.
Volumes de vendas enormes rotulados de desapontantes(casos da Capcom e Square Enix) e modos multi jogador que nada acrescentam à experiência single player(Arkham Origins, Bioshock 2, Tomb Raider, Max Payne, etc.) são também demonstrativos do profundo impacto de Modern Warfare.
Modern Warfare foi uma revolução, não só para os FPSs mas para toda a indústria dos video jogos e, provavelmente, o jogo mais importante desta geração.
Como sempre, esta é sempre a minha opinião mas também gosto de ouvir a vossa. A segunda parte da lista chega amanhã mas podem ir já defendendo o porquê do vosso jogo favorito desta geração merecer fazer parte dela.