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OutRun Online Arcade

Céu azul limpo!

OutRun Online Arcade é um notável espelho de uma década. Um tempo onde as máquinas arcade da Sega ditavam a supremacia encontrando formas e mecanismos que se distinguiam de tudo o que era então produzido. OutRun nasceu na década de oitenta, pela mente de Yu Suzuki e em pouco tempo os jogadores conduziram a cabina da Sega a uma das mais icónicas e representativas do contacto rápido, intenso e estimulante. Mais uma, só mais uma partida. Mas OutRun, neste revivalismo e recondução de memórias para o XBLA e PSN é também o jogo que dispara (com perfeição de imaginário) na imagem do rapaz que impressiona a namorada (ela fica extasiada com a velocidade) por conduzir um Ferrari Testarossa e que a leva junto a si no lugar do passageiro por estradas que cortam paisagens colossais, idílicas, com a natural exorbitância dos pontos de atracção, tão caracterizador do espírito arcade da Sega quando lançou Outrun 2 SP para as máquinas de entretenimento.

O Ferrari descapotável, aberto ao deleite dos céus e percepção do ambiente esmagador ao redor permite a escolha prévia de temas relaxantes a partir do rádio, convidativos a um passeio de escala épica ao fim da tarde na marginal dos locais mais exóticos e derivados do planeta, alinhavados diante de um pôr do sol em pano de fundo enquanto as gaivotas cruzam os céus alegremente (até o dragão de Panzer Dragoon sobrevoa no alto). O gritante e polido vermelho Ferrari (com a licença oficial da marca de Maranello) exala a novo pelos poros. Os cabelos loiros da namorada, o incentivo dela à velocidade estonteante entre as imensas curvas percorridas perto dos 300 km/h, as ultrapassagens irrepreensíveis, são a mais directa herança tendo por base vinte anos de presença no mercado das arcades e mais recentemente nos sistemas caseiros.

Mas o sucesso da fórmula de OutRun não veicula uma projecção ímpar somente na construção de um imaginário espacial. Há mais que permite conjugar imediata satisfação quando se curva a velocidades irrealistas, arrebatando “power slides” na negociação das curvas de forma tão macia, espontânea, acentuada pela borracha queimada sobre a forma de rastos de fumo branco mais parecendo rastos de aviões, enquanto o comum do trânsito cumpre o código da estrada, dando pisca para a mudança da hemi-faixa de rodagem, mas que serve sobretudo como obstáculo para alcançar a meta antes que os últimos tiritantes segundos deixem morrer na praia todo um percurso feito de saídas e entradas.

Na secção Milky Way a secção é mais exigente e com barreiras de metal a ladear a estrada o acidente pode não ficar distante.

De costa a costa

Uma nascente, ponto de partida e um delta à chegada. Assim se baliza o mítico mapa de OutRun, com quinze diferentes localizações plenas de símbolos e individualismo, atravessando geografias tão díspares, mas erguidas com o máximo de rigor e pormenor que OutRun 2 SP dera a conhecer. Como é apanágio da série cada secção cumpre-se entre 45 a 55 segundos e depois da partida há cinco localizações distintas a percorrer até à meta, sendo que as mais fáceis situam-se nas saídas para a esquerda e as mais difíceis, com outro grau de complexidade na abordagem ás curvas, nas saídas para a direita. À medida que se progride mais opções se colocam, podendo ser eleito em cada partida um percurso diferente, não durando cada jogo mais de cinco minutos.

Mas o que providencia desde logo uma sensação profunda de satisfação é todo aquele “eye candy”. As quinze áreas a atravessar são uma exacerbação de pontos de fuga e paisagens realistas. Construções idílicas, cheias de cor e com pormenores que surpreendem pelo grau de imponência ( a cascata, o foguetão na romântica Milky Way sob o céu cintilante e pejado de estrelas cadentes, as árvores floridas, o parque nacional, a secção nocturna a lembrar Las Vegas e os arranha céus à imagem de Nova Iorque). Para cada localização há um nome alusivo escrito nas placas colocadas à saída da auto-estrada.

Power drifts sempre com estilo.

Sendo OutRun Online Arcade uma conversao da versão para a PS2 de OutRun Coast to Coast, a grelha de percursos é alusiva ao território norte-americano, distinguindo-se da versão OutRun 2 lançada para a Xbox. Seja como for a Sumo Digital (estúdio britânico independente sediado em Sheffield) há muito que vem colaborando com a Sega, particularmente com o estúdio AM2, pelo que a empresa japonesa mantém sempre uma espécie de controlo extremo e decisão final para garantir que o produto chega ao mercado com a jogabilidade e restantes características que serviram para cimentar a marca OutRun como uma das referências na condução automóvel arcade.

De fora ficaram também alguns conteúdos adicionais como temas musicais, pistas da versão arcade de Daytona e mais alguns extras, que em última instância visavam propiciar conteúdos de modo a justificar o preço do jogo. OutRun Online Arcade não tem desbloqueáveis e presta-se de imediato em assegurar a experiência em alta definição e para múltiplos jogadores através do serviço online. Faz sempre falta algo mais, mas com uma estrutura coesa e vocacionada para o suplemento vitamínico diário, o jogo está em boas condições.