Outsider: Depois da Vida review - Puzzle narrativo
Um jogo português de sci-fi.
Os jogos de puzzles sempre estiverem agarrados desde a sua concepção ao arcade. Basta olhar para casos de sucesso como Tetris, Puzzle Bobble, Minesweeper ou Bejeweled para constatar que os jogos de puzzles podem ser muito satisfatórios, acessíveis e desafiantes, mas raramente é um género predilecto para contar uma história. Claro que existem excepões. Provavelmente o caso mais sonante é Portal da Valve, mas existem mais exemplos (ainda que não muitos) como The Witness e The Room.
Outsider: Depois da Vida (ou Outsider: After Life na versão inglesa) é uma destas excepções. Desenvolvido pela produtora portuguesa Once a Bird, foi lançado em 2020 para dispositivos iOS e Android e somou uma quantidade impressionante de críticas positivas dos utilizadores. Hoje, a 13 de Julho, chegará ao PC. Esta nova versão foi a desculpa perfeita para conhecer este título e não podia estar mais contente por ter tomado esta decisão. Outsider não é apenas um jogo de puzzles altamente criativo, consegue combinar isso com uma narrativa sci-fi emocionante.
Um robô que acorda depois da humanidade desparecer
A história segue o percurso de HUD-ini, um robô que desperta séculos depois da humanidade desaparecer. A Terra transformou-se num deserto encarnado, sem sinais de vida, sobrando apenas ruínas de edifícios. Cada secção de Outsider é um novo puzzle para resolver. O jogador vai ajudar este pequeno robô a despertar, a explorar o que a humanidade deixou para trás, e a descobrir o que gerou a extinção da humanidade. É uma história de sci-fi bastante simples, mas com muito encanto.
"Cada secção de Outsider é um novo puzzle para resolver."
Os puzzles de lógica são o melhor que Outsider: Depois da Vida tem para oferecer. No menu de definições podes activar dicas textuais para os puzzles, mas francamente, não achei que fossem necessárias. O funcionamento de cada puzzle é intuitivo, já a sua resolução requer poder de observação e algum pensamento. Nenhum puzzle é terrivelmente difícil, vais sentir-te moderadamente desafiado. O método de interacção é o rato (clicando e arrastando), aliás, nem me recordo de recorrer ao teclado. O jogo funciona como um point-and-click e tudo responde muito bem (menos o último puzzle, que foi ligeiramente irritante).
~Sendo um jogo de sci-fi, quase todos os puzzles estão relacionados com tecnologia. Logo no início do jogo é feito um plano aproximado da cabeça de HUD-ini e tens que o ajudar a ligar diferentes circuitos para recuperar todas as suas funções. Apesar do robô ser desprovido de sentimentos humanos, não consegues deixar de sentir uma afecção e existe uma genuína vontade de acompanhar a sua aventura para encontrar respostas. O jogo deixa-te pensativo e cria uma sensação de isolamento. Será que realmente um dia a humanidade vai deixar de existir? Se sim, o que vamos deixar para trás? São perguntas que surgem naturalmente à medida que vais jogando.
Muita variedade de puzzles
Não há nenhum puzzle repetido em Outsider: Depois da Vida. O jogo surpreende pela forma como consegue apresentar puzzles adequados a cada situação. Houve muita imaginação dos produtores para criar estes puzzles, que são diferentes de tudo o que já vimos noutros jogos. Os tipos de puzzles vão exigindo diferentes capacidades. Uns requerem mais capacidade de observação, em que tens de fazer correspondências. Outros puzzles requerem mais lógica. Há casos de puzzles em que podes mesmo ficar "preso", sem resolução possível devido à movimentação de certas peças, mas nestes casos o jogo oferece a opção de voltar ao início ou regredir passos.
"Houve muita imaginação dos produtores para criar estes puzzles"
O jogo não é longo, demorámos menos de quatro horas a chegar ao fim, mas temos de levar em conta que custa apenas 7,37€. Sou acérrimo defensor que a qualidade do entretenimento não se mede pela sua duração e este é o caso de um jogo curto, mas muito agradável e satisfatório. Visualmente é um jogo simples, mas expressivo. De realçar que esta versão para PC tem suporte para monitores de resolução ultra-wide, o que amplifica ainda mais o efeito da arte desenhada à mão. O que mais gostamos foram as transições do plano geral para os puzzles - do princípio ao fim não existem cortes, o que ajuda a criar uma verdadeira sensação de jornada.
Prós: | Contras: |
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