Overlord II
O senhor das travessuras.
Depois de espalhar travessuras e diabruras por tudo quanto é consola, Overlord está de regresso à Xbox 360, PC e PlayStation 3. A série da Codemasters desenvolvida pela Triumph Studios transporta os jogadores para um mundo de fantasia e agradáveis criaturas que no entanto não são vistas pela perspectiva com a que a maioria de nós pode olhar para eles. Aqui nós somos o mais mau dos maus, o mais mau que pode haver. Somos o rei supremo do mal onde todos aqueles conceitos e formas de bem agir são mantidas mas com um pequeno ajuste, para o inverso. Overlord II leva-nos completamente para o lado mau da coisa mas ao invés de apostar num tom real, a obra da Codemasters prefere encaixar os jogadores num mundo repleto de humor sombrio que é inteligente e altamente oportuno.
Rhianna Pratchet volta a assumir o cargo como escritora do argumento e neste regresso ao mundo de Overlord vamos seguir os eventos vistos no primeiro jogo. O filho raptado do primeiro Overlord vai agora descobrir como é bom ser mau e todas as criaturas estúpidas que precisam urgentemente de alguém que as lidere na prática das travessuras vão ganhar um líder. Nos confins das terras geladas, o império Romano conquista todas as aldeias e procura todos os que tem capacidade de usar magia para os eliminar. Algo que nos coloca em confronto directo com algumas figuras cómicas e vários momentos muito bem dispostos.
Tal como seria de adivinhar, entrámos num mundo onde o humor negro governa e onde o tom bem humorado do jogo é o perfeito disfarce para um sistema com um bom nível de profundidade e onde as possibilidades aumentaram. Recorrendo ao esquema de controlos simples e muito bem implementado que nos conquistou no original, vamos de novo controlar o nosso personagem como se de um jogo de acção se tratasse e vamos controlar os nossos servos com o analógico que tradicionalmente é atribuído ao controlo da câmara, o direito. Este esquema que tão bem resultou no primeiro volta a ser merecedor de boa nota pois disfarça o elemento de estratégia na jogabilidade e assenta-o dentro de um meio termo muito agradável de ver. Com o número suficiente e adequado de atalhos, fáceis de usar, controlamos as tropas à nossa disposição e usamos os feitiços que aprendemos. Invocando os elementos de estratégia, podemos enviar as criaturas à nossa disposição para enfrentar os inimigos ou usá-los para nos proteger.
Os servos à nossa disposição aumentaram e a sua interactividade com os cenários também, nomeadamente na forma como agora os ambientes exigem que sejam usados para nos ajudar. Nalguns momentos vamos entrar no corpo de um deles e dessa perspectiva chegar a lugares de outra forma impossíveis de alcançar. Apesar de termos mais locais para visitar, a progressão continua altamente linear e esse poderá eventualmente ser o único ponto contra. Mesmo com alguns cenários e locais bastante grandes, sabemos inevitavelmente que não é assim tanto a explorar pois são percursos muito directos.
Overlord II dá verdadeiro significado à palavra sequela: maior e melhor. Exemplo disso é a nossa torre que se no primeiro era um ponto intermédio entre missões que podíamos melhorar e renovar ao avançar no jogo, na sequela está muito maior e oferece muito mais. Para além da tradicional construção, com itens obtidos no jogo ou dinheiro, podemos agora decorar certos quartos para melhor agradar as nossas amantes. Esta é uma torre muito maior e com locais específicos para as tropas, no qual podemos fundir servos para criar melhores, e para a criação de itens e armas. Espaços que vamos melhorar com o dinheiro que recolhemos.
Tecnicamente a sequela é em comparação com o primeiro mais variada e rica. Para além de visitar-mos locais variados e altamente diferentes entre si, desde terras repletas de neve a selvas e mundos mágicos, vamos também encontrar mais criaturas e alguma delas bem peculiares. Uma palete de cores mais recheada e novos tipos de servos são alguns dos principais elementos de um motor de jogo que apenas permite o que pode ser considerado como uma evolução com refinamentos e ajustes. No entanto mantém-se o elevado aliasing e algumas secções são afectadas por fracas texturas que trazem o aspecto geral para um patamar inferior ao que se poderia esperar. Mais uma vez a direcção artística é o elemento chave que consegue cativar o jogador ao recriar locais que facilmente correspondem ao que frequentemente vemos nas imagens de mundos de fantasia. O que não tem qualquer problema em juntar-se a todo o tom do jogo e a contribuir para o melhorar são as vozes e a banda sonora. Com um trabalho muito bom a nível de vozes, é no entanto a banda sonora do jogo que consegue aquele toque especial para nos levar para um mundo diferente que ganha carisma e encanto.
Humor, boa disposição e sátira são de novo elementos que tornam Overlord II diferente de tudo o que podemos encontrar no mercado. É um título que cresce em nós com a progressão que tras novas possibilidades de gestão e novo momentos hilariantes mas por outro lado tem o esquema linear dos níveis que pode tornar tudo demasiado simplificado para alguns.
Se adoraram o primeiro Overlord então vão adorar ainda mais esta sequela. É um trabalho superior, mais vasto com mais para oferecer. Algo que também o torna mais atractivo para todos os que procuram algo diferente e não testaram o primeiro. Divertido, repleto de humor e gratificante, Overlord II é em tudo superior ao original.