Oxenfree 2 - mistério sobrenatural
A inquietante atmosfera está de volta.
Oxenfree 2: Lost Signals ficará disponível dentro de algumas horas e a convite da Netflix, tivemos a oportunidade de assistir a uma apresentação com gameplay desta aguardada sequela. Em 2016, quando apresentou a sua mistura de jogo de aventura gráfica de terror e mistério sobrenatural, com Oxenfree, a Night School Studios conquistou de imediato e agora está pronta para uma nova dose da mesma fórmula de sucesso.
Tal como Oxenfree e Afterparty demonstraram, este pequeno estúdio é capaz de acertar no estilo gráfico, nos diálogos, nas personagens, sonoridade, e na constante sensação de mistério que te deixa a querer jogar para descobrir mais. O gameplay é simples, mas muito engenhoso. De uma forma dinâmica e natural, as tuas escolhas nos diálogos e decisões nos puzzles ajudam a ramificar a narrativa de uma forma que nem dás por ela pois estás entretido numa experiência point and click.
Nesta apresentação, tivemos a oportunidade de ouvir Sean Krankel, diretor da Night School, Adam Hines, principal escritor, e Bryant Cannon, diretor do jogo, a falar sobre os objetivos para Oxenfree 2: Lost Signals e como trabalharam para ir além do original de formas que o respeitam.
Após a partilha de gameplay, através do qual foi possível ver uma experiência familiar, mas com várias mecânicas melhoradas, Sean falou sobre Oxenfree e explicou como foi criado para se tornar uma experiência desconfortável, mas não muito assustadora, apoiada por um sistema de diálogos que te permite expandir uma narrativa que se sente pessoal e conecta com quem o joga. Na sequela, expandiram essa ideia e o conceito com uma atmosfera similar, mas melhorias no sistema de diálogos.
Qualquer jogador de Oxenfree sabe que o sistema de diálogos é muito dinâmico e faz-te sentir que estás num filme interativo. É um forte foco para contar a narrativa pois é desta forma que conseguem agarrar a atenção dos jogadores. A equipa não tem qualquer problema em reconhecer que a chegada de Stranger Things, com o seu tom e atmosfera, influenciaram imenso Oxenfree e a sequela, e a forma como jogas. As escolhas podem ter um impacto pequeno, mas outras podem mudar por completo a forma como uma personagem se comporta contigo, sendo isto é um dos pilares da experiência Oxenfree.
Nesta experiência, objetivo não foi criar uma sequela só porque sim, após pensarem no enredo decidiram apresentar uma nova protagonista com uma história diferente e de uma perspectiva diferente, mas que mantém o tom sobrenatural. Se no primeiro segues um grupo de adolescentes, aqui acompanhas uma jovem mulher que saiu do exército e dá por si a investigar uma estranha estática, que será o ponto de partida para descobrir um culto local que quer abrir um portal que poderá colocar em risco o mundo inteiro.
O elenco é novo, mais velho do que o anterior, mas existem pontos comuns. Todas estas personagens estão numa fase na qual pensam sobre o que fizeram no passado e começam a sofrer com as consequências de decisões que tomaram em anos anteriores. Enquanto lidam com os seus problemas, dão por si ligados por um mistério sobrenatural. Apesar das suas personalidades e historiais, a equipa permite que definas quem são estas personagens através das escolhas que tomas.
A Night School descreve as mecânicas gerais "como uma espécie de LEGO que são adicionados peça a peça e crescem de jogo para o jogo". Uma das principais novidades é o Walkie-Talkie, que permite falar com personagens que nem estão na cena e acompanhar certos acontecimentos que nem vês, apenas ouves. É uma forma de exemplificar como o gameplay do original foi expandid.
O mapa também é maior e a equipa introduziu mais coisas para descobrir e até és premiado por voltar a locais por onde passaste anteriormente. A sensação que algo está sempre prestes a acontecer e que tens de ser rápido a decidir é algo que funciona muito bem no original e ainda se mantém na sequela.
Se Oxenfree era sobre adolescentes e Afterparty sobre jovens acabados de se formar, Oxenfree 2 é sobre pessoas com mais alguma idade e isto permite tramas ainda mais pessoais e mais formas de criar ligações com cada personagem. Este esforço foi desenvolvido por uma equipa maior, que se focou em "criar um jogo que é maior, melhor, mais polido e capaz de criar ligações mais facilmente com cada jogador".
A Night School também acredita que os maus da fita vão tornar tudo mais interessante, pois não estamos perante criaturas sobrenaturais, mas sim humanos. No primeiro, a comunicação com o elemento sobrenatural e a luta contra estas criaturas era algo quase místico, mas na sequela tens inimigos humanos e tens o Walkie-Talkie que te ajuda a comunicar de formas diferentes.
A protagonista, Riley, também é importante na hora de diferenciar uma experiência tão focada na narrativa e na forma como interferes com cada acontecimento. Ela é uma ex-militar, é mais velha e tem uma experiência que poderá ser inesperadamente útil para estes acontecimentos.
Sobre o local onde decorre Oxenfree 2, Camina é um lugar mencionado diversas vezes no primeiro e agora vais ter a oportunidade de o explorar, com uma personagem mais ágil e forte, com experiência militar. Isto permite uma abordagem totalmente diferente, pois Riley está equipada para lidar fisicamente com as adversidades nestes locais.
A Night School mencionou Stranger Things como referência para a atmosfera, comunicação entre jovens e mistérios sobrenaturais, mas tal como essa obra da Netflix, as principais referências estão nos anos 80. Os livros de Stephen King também são uma das inspirações da Night School, que viajou por localidades nos Estados Unidos para se inspirar e imaginar uma narrativa sobre lendas locais com um toque de mistério à mistura.
A atmosfera em Oxenfree 2 é de tal forma importante que Adam explicou como colocaram a equipa toda a assistir ao filme "O Nevoeiro de John Carpenter, para obter inspiração da atmosfera da aldeia, e desta ideia de um mistério no qual apenas alguns acreditam e do qual ninguém sabe exatamente o que esperar.
Oxenfree 2 é uma nova aposta nos diálogos e a grande sensação de dinamismo para conduzir a narrativa, juntamente com o walkie-talkie para expandir as possibilidades. A equipa também melhorou a qualidade da arte e as suas mecânicas para tornar o gameplay mais fluído, o que esperam resultar numa experiência ainda mais divertida.
Oxenfree 2 é visto como o primeiro grande esforço da Netflix nos videojogos, o primeiro jogo original da companhia, capaz de ser jogado numa consola, PC ou num dispositivo controlado por toque, onde também podes ver os filmes e séries da companhia. Se o que vimos do jogo e o que conhecemos do currículo da Night School servir de algo, então é uma forte mais valia para a Netflix que acabou de chegar.