Oxenfree 2 - coisas estranhas
Suspense e terror noturno.
Oxenfree 2 chega 7 anos após o original e para a Night School Studio, as coisas mudaram um pouco. Este é o primeiro projeto após terem sido comprados pela Netflix e representa o primeiro esforço interno de alto perfil para a companhia convencer os subscritores que agora fornece experiências interativas além do entretenimento não interativo.
Após Oxenfree e After Party, a produtora indie apresentou Oxenfree 2 no passado mês de julho e devido à nossa paixão por este tipo de experiências que os indie tornam tão cativantes, não o podíamos deixar passar ao lado, mesmo com um mês de atraso. Oxenfree 2 é uma sequela muito próxima do original, quase pode ser confundido com uma expansão, o que por um lado significa uma experiência muito idêntica, mas também significa que os seus melhores valores estão aqui presentes.
Este é um jogo de aventura sobre temas sobrenaturais, com mistério e constante suspense. É uma espécie de point and click da era moderna no qual o sistema de diálogos tão dinâmico o coloca algures no meio entre videojogo e série interativa, especialmente se o jogares num ecrã tátil. As influências de Stranger Things são mais do que óbvias e se queres cerca de 6 horas bem passadas numa noite repleta de mistérios sobrenaturais, Oxenfree 2 é ideal para ti.
A sequela coloca-te no papel de Riley, uma mulher que após anos na Força Área e uma fase menos boa na vida, decide regressar a Camena, a sua terra natal. Se jogaste o primeiro, sabes que este local fica perto da ilha Edwards onde decorre o original. Riley aceita um trabalho noturno para colocar transmissores ao redor da localidade, sem imaginar que viverá uma aventura sobrenatural na qual tenta salvar toda a humanidade.
Isto envolve mitos urbanos, fantasmas, viagens pelo tempo, adolescentes em angústia e as constantes dúvidas existenciais que assolam a mente de qualquer adulto que pensa nas escolhas feitas até ao momento da vida onde se encontram.
Oxenfree 2 mostra melhorias na qualidade dos visuais, controlo de personagens, sistema dinâmico de diálogos, conta com um elenco de atores cujas vozes conquistam, e agora até tens um walkie-talkie para falar com mais pessoas, mesmo quando nem estão na cena com Riley. Apesar destas melhorias ou novidades, Oxenfree 2 é muito similar ao anterior e é por isso que consegue tornar-se divertido.
Dito isto, não é o elemento interativo de Oxenfree 2 que mantém o jogador a perseguir os eventos até ao final, é a narrativa e as personagens, sem esquecer toda a componente sonora, que realmente fazem deste point and click uma aventura sobrenatural com o potencial para agarrar o jogador. É o desejo de descobrir se as decisões tem impacto, as ramificações de determinados momentos e descobrir mais sobre todas as pessoas envolvidas nesta noite, na qual os acontecimentos têm um propósito e nada acontece ao acaso, que se tornam nos seus principais valores.
Ser tão idêntico ao primeiro permite manter a atmosfera e identidade, o que lhe até confere melhor tom pois sentirás que estás a testemunhar eventos que, de alguma forma, estão relacionados com o que se passou com o primeiro grupo de protagonistas. Aqui, as personagens já são adultas e lidam com dramas diferentes, o que significa um apelo próprio que partilha a mesma identidade procurada pela Night School Studio.
O único problema de Oxenfree 2 poderá ser mesmo o back-tracking em algumas fases. É um jogo relativamente pequeno e sentir que tens de fazer o caminho de volta, após colocar o transmissor no ponto elevado, é uma forma de o prolongar artificialmente e isso não se sente tanto no primeiro.
Oxenfree 2 não é propriamente o melhor representante do termo sequela, mas é uma aventura point and click sobrenatural que valoriza os pontos que conquistam no primeiro. Com personagens adultas e dramas à altura, o walkie-talkie expande o drama, com mais decisões que te fazem sentir a pressão causada pelo escasso tempo permitido pelo sistema dinâmico de diálogos, para maior imersão na aventura. Junta a isto ligeiros puzzles ocasionais e Oxenfree 2 poderá até ser melhor do que o primeiro, mas não é uma sequela que se eleva muito acima do original.
Prós: | Contras: |
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